O que explica a derrocada de Marina Silva nas pesquisas eleitorais
A candidata da Rede Sustentabilidade tem duas fraquezas que a fazem perder votos e aumentar a rejeição
Publicado em 17 de setembro de 2018 às, 16h04.
Última atualização em 17 de setembro de 2018 às, 19h22.
Segundo a pesquisa FSB/BTG Pactual divulgada nesta segunda-feira, Marina Silva (Rede) tem 2% da intenção de voto espontânea e 5% na estimulada. É a quinta colocada, atrás de Jair Bolsonaro (PSL, 33%), Fernando Haddad (PT, 16%), Ciro Gomes (PDT, 14%) e Geraldo Alckmin (PSDB, 6%). Está apenas um ponto percentual à frente de João Amoêdo (Novo, 4%).
Marina é, de longe, a candidata mais rejeitada: 58% dos eleitores não votariam nela de jeito nenhum. Em segundo lugar nesse quesito está Alckmin com 53%. Mas o tucano carrega o peso de pertencer a um partido corrupto e ter feito um governo apenas mediano em São Paulo. Por que, então, Marina Silva tem tanta dificuldade nesta eleição?
Essa é a terceira eleição consecutiva na qual Marina se candidata à presidência. Em 2014, teve 22,1 milhões de votos (21%), contra 43,2 milhões (41%) para Dilma Rousseff (PT) e 34,8 milhões (33,5%) para Aécio Neves (PSDB). Quatro anos antes, candidata pelo PV, Marina conseguiu 19,6 milhões de votos, 19% do total no primeiro turno.
A ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente teve sua melhor chance em 2014. Candidata a vice de Eduardo Campos (PSB), Marina virou a cabeça de chapa quando o ex-ministro morreu cerca de seis semanas antes da eleição. De acordo com os cientistas políticos Brendan Apfeld e J. Alexander Branham, Marina obteve 11 pontos percentuais a mais em sua votação do que teria tido caso tivesse se lançado solo. (O artigo é “Campaign shocks and party support: evidence from Brazil’s 2014 presidential election”, publicado em 2016 no Journal of Elections, Public Opinion and Parties.)
Não é a mesma situação de hoje. Marina Silva está mais dispersa do que nunca e sem o apoio de pessoas como Neca Setúbal, do Itaú, e Luiz Eduardo Soares, antropólogo carioca que saiu da Rede logo após a derrota de 2014.
Duas fraquezas da candidata ficaram mais evidentes neste ano. A primeira é a imensa dificuldade que tem não para “formar coalizões”, mas para ter ao seu lado políticos leais ao projeto da Rede. Perdeu o deputado federal Alessandro Molon para o PSB após voltar atrás em seu entendimento sobre o impeachment de Dilma. Havia dito ser contra, depois ficou a favor.
E é esta sua segunda fraqueza: mudar de ideia à toa, sem consultar ninguém. Já fez isso, também, sobre a independência do Banco Central. Poucos sabem se ela é, na economia, de esquerda ou direita. O que faria com o teto dos gastos? Privatizaria a Petrobras? Acha o Fies bom ou ruim? Qualquer coisa que Marina diga sobre assuntos como esses terá pouca credibilidade. Ela pode alterar sua posição a qualquer momento. E, pelo visto, seus eleitores também.