Ninguém mexe com a Polícia Federal
Movimentação política na Polícia Federal pode levar Segóvia ao partido do presidente?
Da Redação
Publicado em 21 de fevereiro de 2018 às 10h07.
Há mais de dez anos ouço falar que o Porto de Santos é “domínio” de Michel Temer (MDB), o atual presidente da República. A partir de seu histórico e de suas conversas com empresários do quilate de Joesley Batista, suponho que o interesse do ex-deputado em controlar uma parte da burocracia federal não seja condizente com o interesse público. Mas posso apenas supor. O delegado Cleyber Malta Lopes pode fazer mais do que isso. Enviou uma lista de 50 perguntas ao presidente sobre o Decreto 9.048, editado em maio de 2017. A investigação visa esclarecer se a empresa Rodrimar foi beneficiada com a mudança na legislação a partir de influência do presidente ou seus assessores.
As respostas de Michel Temer foram vagas e irritadas. Bem, o delegado cumpriu seu papel com tranquilidade até seu superior hierárquico, o diretor da Polícia Federal, Fernando Segóvia, dar uma entrevista à Reuters em 9 de fevereiro. Sobre as perguntas do delegado ao presidente, Segóvia disse o seguinte: “Tudo tem um limite, lógico, até do razoável. (…) O presidente só externo da maneira (sic) que foram feitas as perguntas. . Mas não houve nenhum tipo de formalização sobre a verificação da conduta do delegado. A gente poderia, ou pode, em tese, a gente verifica toda a conduta do policial federal porque ele tem um código de conduta (…). Eu prefiro me abster nesse momento de qualquer tipo de julgamento porque se houver a intenção da Presidência da República em questionar a conduta do delegado, isso vai passar por um processo interno administrativo [em] que vai ser verificado se a conduta dele condiz realmente com o trabalho que deve ser feito por um delegado. E ele pode ser repreendido, pode até ser suspenso dependendo da conduta que ele tomou em relação ao presidente”.
A longa citação é estarrecedora. Há muito tempo não se via uma movimentação política tão clara na Polícia Federal a ponto de o diretor da instituição ameaçar, de modo pouco discreto, a autonomia de um delegado. A resposta dos profissionais da PF foi imediata: repudiaram a interferência de Segóvia em qualquer investigação. Por enquanto, o diretor recuou e, ao ser perguntando sobre o assunto em uma coletiva, Michel Temer vestiu um sorriso amarelo e quase saiu correndo.
É uma volta aos velhos tempos da Polícia Federal sob comando tucano. Em 1999, quando Renan Calheiros (MDB) era ministro da Justiça, o diretor da Polícia Federal era Vicente Chelotti. Tinha o nada carinhoso apelido de “grampeador” e gabou-se de estar “colado à cadeira” de diretor da PF por ter o presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) “nas mãos”. Após essa revelação, Chelotti saiu do cargo. Iniciou-se então um processo de escolha para substitui-lo que envolveu vários partidos da coalizão tucana. O escolhido foi Agílio Monteiro Filho. Tudo que precisamos saber sobre ele é que em 2002 candidatou-se à Câmara dos Deputados pelo PSDB e não foi eleito.
Será que Fernando Segóvia se tornará um emedebista em breve?
Há mais de dez anos ouço falar que o Porto de Santos é “domínio” de Michel Temer (MDB), o atual presidente da República. A partir de seu histórico e de suas conversas com empresários do quilate de Joesley Batista, suponho que o interesse do ex-deputado em controlar uma parte da burocracia federal não seja condizente com o interesse público. Mas posso apenas supor. O delegado Cleyber Malta Lopes pode fazer mais do que isso. Enviou uma lista de 50 perguntas ao presidente sobre o Decreto 9.048, editado em maio de 2017. A investigação visa esclarecer se a empresa Rodrimar foi beneficiada com a mudança na legislação a partir de influência do presidente ou seus assessores.
As respostas de Michel Temer foram vagas e irritadas. Bem, o delegado cumpriu seu papel com tranquilidade até seu superior hierárquico, o diretor da Polícia Federal, Fernando Segóvia, dar uma entrevista à Reuters em 9 de fevereiro. Sobre as perguntas do delegado ao presidente, Segóvia disse o seguinte: “Tudo tem um limite, lógico, até do razoável. (…) O presidente só externo da maneira (sic) que foram feitas as perguntas. . Mas não houve nenhum tipo de formalização sobre a verificação da conduta do delegado. A gente poderia, ou pode, em tese, a gente verifica toda a conduta do policial federal porque ele tem um código de conduta (…). Eu prefiro me abster nesse momento de qualquer tipo de julgamento porque se houver a intenção da Presidência da República em questionar a conduta do delegado, isso vai passar por um processo interno administrativo [em] que vai ser verificado se a conduta dele condiz realmente com o trabalho que deve ser feito por um delegado. E ele pode ser repreendido, pode até ser suspenso dependendo da conduta que ele tomou em relação ao presidente”.
A longa citação é estarrecedora. Há muito tempo não se via uma movimentação política tão clara na Polícia Federal a ponto de o diretor da instituição ameaçar, de modo pouco discreto, a autonomia de um delegado. A resposta dos profissionais da PF foi imediata: repudiaram a interferência de Segóvia em qualquer investigação. Por enquanto, o diretor recuou e, ao ser perguntando sobre o assunto em uma coletiva, Michel Temer vestiu um sorriso amarelo e quase saiu correndo.
É uma volta aos velhos tempos da Polícia Federal sob comando tucano. Em 1999, quando Renan Calheiros (MDB) era ministro da Justiça, o diretor da Polícia Federal era Vicente Chelotti. Tinha o nada carinhoso apelido de “grampeador” e gabou-se de estar “colado à cadeira” de diretor da PF por ter o presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) “nas mãos”. Após essa revelação, Chelotti saiu do cargo. Iniciou-se então um processo de escolha para substitui-lo que envolveu vários partidos da coalizão tucana. O escolhido foi Agílio Monteiro Filho. Tudo que precisamos saber sobre ele é que em 2002 candidatou-se à Câmara dos Deputados pelo PSDB e não foi eleito.
Será que Fernando Segóvia se tornará um emedebista em breve?