Marielle e o enfraquecimento – ou impeachment – de Bolsonaro
Pedir destituição do presidente poderá ser estratégia viável para opositores
Da Redação
Publicado em 30 de outubro de 2019 às 15h20.
Última atualização em 7 de novembro de 2019 às 14h55.
A revelação de que Élcio Queiroz, um dos suspeitos de pertencer ao complô que assassinou Marielle Franco (PSOL), usou o nome de Jair Bolsonaro para entrar no condomínio onde moram Ronnie Lessa (outro suspeito de estar envolvido no crime) e Carlos, um dos filhos do presidente, é estarrecedora.
Na melhor das hipóteses, o presidente é vítima de engano ou má-fé. Na pior, o acontecimento deixa mais claro que Jair Bolsonaro e sua família são amigos dos mais perigosos criminosos do país. Não são criminosos de colarinho branco, que “apenas” roubam. São assassinos políticos. Devemos à Polícia Civil do Rio de Janeiro e à Rede Globo a apuração e divulgação dos fatos.
Bolsonaro não precisa se preocupar, ao menos por enquanto, do ponto de vista jurídico. Responsável por encaminhar denúncias contra o presidente ao Supremo Tribunal Federal, o procurador-geral da República, Augusto Aras, disse que a menção a Bolsonaro é um “factóide” e foi arquivada. O presidente está bem protegido. A apuração não revela ligação entre Jair Bolsonaro e o assassinato de Marielle.
Mas a lógica política prescinde, às vezes, da lógica jurídica. Se comprovada, a amizade com assassinos pode ser tratada politicamente como escândalo. Assim será possível ter uma das quatro condições que juntas, segundo o cientista político Aníbal Pérez-Liñán, levam a um processo de impeachment: crise econômica, escândalo (especialmente de corrupção), mobilização popular e um Legislativo hostil ao presidente.
Desconfio que a economia irá melhorar nos próximos meses. E o povo brasileiro está cansado de protestar contra políticos nas ruas. Os parlamentares não são exatamente hostis ao presidente. Tratam-no como um bobo desinformado e histérico. Mas o escândalo está aí.
Parece mais provável que as revelações de ontem não desaguem em um processo de impeachment, mas colocam uma pá de cal na possibilidade de o presidente liderar, pessoalmente, reformas estruturais. Que Rodrigo Maia (DEM) esteja à altura dessa responsabilidade.
A revelação de que Élcio Queiroz, um dos suspeitos de pertencer ao complô que assassinou Marielle Franco (PSOL), usou o nome de Jair Bolsonaro para entrar no condomínio onde moram Ronnie Lessa (outro suspeito de estar envolvido no crime) e Carlos, um dos filhos do presidente, é estarrecedora.
Na melhor das hipóteses, o presidente é vítima de engano ou má-fé. Na pior, o acontecimento deixa mais claro que Jair Bolsonaro e sua família são amigos dos mais perigosos criminosos do país. Não são criminosos de colarinho branco, que “apenas” roubam. São assassinos políticos. Devemos à Polícia Civil do Rio de Janeiro e à Rede Globo a apuração e divulgação dos fatos.
Bolsonaro não precisa se preocupar, ao menos por enquanto, do ponto de vista jurídico. Responsável por encaminhar denúncias contra o presidente ao Supremo Tribunal Federal, o procurador-geral da República, Augusto Aras, disse que a menção a Bolsonaro é um “factóide” e foi arquivada. O presidente está bem protegido. A apuração não revela ligação entre Jair Bolsonaro e o assassinato de Marielle.
Mas a lógica política prescinde, às vezes, da lógica jurídica. Se comprovada, a amizade com assassinos pode ser tratada politicamente como escândalo. Assim será possível ter uma das quatro condições que juntas, segundo o cientista político Aníbal Pérez-Liñán, levam a um processo de impeachment: crise econômica, escândalo (especialmente de corrupção), mobilização popular e um Legislativo hostil ao presidente.
Desconfio que a economia irá melhorar nos próximos meses. E o povo brasileiro está cansado de protestar contra políticos nas ruas. Os parlamentares não são exatamente hostis ao presidente. Tratam-no como um bobo desinformado e histérico. Mas o escândalo está aí.
Parece mais provável que as revelações de ontem não desaguem em um processo de impeachment, mas colocam uma pá de cal na possibilidade de o presidente liderar, pessoalmente, reformas estruturais. Que Rodrigo Maia (DEM) esteja à altura dessa responsabilidade.