A escalada autoritária da polícia de João Doria
O espírito do governador e policiais está, cada vez mais, do lado errado
Da Redação
Publicado em 7 de agosto de 2019 às 19h12.
Última atualização em 7 de agosto de 2019 às 20h47.
Passou um pouco desapercebida, em meio a tantas bobagens de Brasília, uma das mais graves notícias dos últimos tempos. A Polícia Militar de São Paulo, que responde ao governador João Doria (PSDB), achou por bem comparecer ao Encontro Estadual de Mulheres do PSOL. Lá pediram a carteira de identidade das organizadoras do evento, que não aquiesceram.
Estranhíssima a ação dos policiais respaldada pelo governador. Em uma democracia, qual é o sentido de saber os nomes de quem se opõe a qualquer governo? Mais ainda: o PSOL é um partido político devidamente registrado que participa de eleições desde 2006. Por que é necessário, para Doria, intimidar seus opositores? Pedir a identidade é um ato de intimidação. Qualquer brasileiro tem o direito de se organizar como bem entende para atividades lícitas. Seria bom o governador esclarecer, publicamente, que opor-se a seu governo é algo não apenas indesejável mas também motivo para ter registro na polícia.
Sua sinceridade o deixaria sujeito à crítica da imprensa (nacional e internacional), à mobilização de organizações não-governamentais e à caracterização do governo como “semi-autoritário” ou algo assim. Quem sofre com isso é Vladimir Putin, o presidente russo que está no poder há quase vinte anos e mandou prender 1,300 pessoas semana passada em Moscou. O motivo: estavam reclamando que o governo deixasse candidatos de oposição participarem do processo eleitoral.
A coisa não chegou a esse ponto no Brasil. Mas estamos no caminho errado. Outra da Secretaria de Segurança Pública sob o comando de Doria foi a detenção de um torcedor (corintiano) em um jogo contra o Palmeiras. O sujeito havia gritado “Ei, Bolsonaro, vai tomar no…”. Segundo a secretaria, os policiais levaram-no para “preservar sua integridade física”, pois suas palavras “causaram animosidade com outros torcedores, com potencial de gerar tumulto e violência generalizada”.
É razoável dar à polícia, nesse caso, o benefício da dúvida. (Talvez tenham errado em ignorar a poesia de “violência generalizada” em assentos instalados pela Odebrecht.) Mas o espírito do governador e policiais está, cada vez mais, do lado errado.
Passou um pouco desapercebida, em meio a tantas bobagens de Brasília, uma das mais graves notícias dos últimos tempos. A Polícia Militar de São Paulo, que responde ao governador João Doria (PSDB), achou por bem comparecer ao Encontro Estadual de Mulheres do PSOL. Lá pediram a carteira de identidade das organizadoras do evento, que não aquiesceram.
Estranhíssima a ação dos policiais respaldada pelo governador. Em uma democracia, qual é o sentido de saber os nomes de quem se opõe a qualquer governo? Mais ainda: o PSOL é um partido político devidamente registrado que participa de eleições desde 2006. Por que é necessário, para Doria, intimidar seus opositores? Pedir a identidade é um ato de intimidação. Qualquer brasileiro tem o direito de se organizar como bem entende para atividades lícitas. Seria bom o governador esclarecer, publicamente, que opor-se a seu governo é algo não apenas indesejável mas também motivo para ter registro na polícia.
Sua sinceridade o deixaria sujeito à crítica da imprensa (nacional e internacional), à mobilização de organizações não-governamentais e à caracterização do governo como “semi-autoritário” ou algo assim. Quem sofre com isso é Vladimir Putin, o presidente russo que está no poder há quase vinte anos e mandou prender 1,300 pessoas semana passada em Moscou. O motivo: estavam reclamando que o governo deixasse candidatos de oposição participarem do processo eleitoral.
A coisa não chegou a esse ponto no Brasil. Mas estamos no caminho errado. Outra da Secretaria de Segurança Pública sob o comando de Doria foi a detenção de um torcedor (corintiano) em um jogo contra o Palmeiras. O sujeito havia gritado “Ei, Bolsonaro, vai tomar no…”. Segundo a secretaria, os policiais levaram-no para “preservar sua integridade física”, pois suas palavras “causaram animosidade com outros torcedores, com potencial de gerar tumulto e violência generalizada”.
É razoável dar à polícia, nesse caso, o benefício da dúvida. (Talvez tenham errado em ignorar a poesia de “violência generalizada” em assentos instalados pela Odebrecht.) Mas o espírito do governador e policiais está, cada vez mais, do lado errado.