Sentença de morte social
"O medo é um poderoso instrumento de controle. O uso das sentenças de morte social é um dispositivo ainda mais poderoso pois limita a capacidade de pensar"
Da Redação
Publicado em 25 de janeiro de 2022 às 14h56.
Por Sérgio Cavalcanti
Inúmeras atrocidades já foram cometidas em nome de Deus, do amor, da liberdade, dos pobres e dos oprimidos. Basta uma olhadinha rápida em um livro de história qualquer; lá estarão os defensores das virtudes a compor pelotões de fuzilamento, juizados da inquisição ou operadores de guilhotina.
Os temas mudam com os tempos, mas o modus operandi continua o mesmo: um pequeno grupo, em um suposto planalto moral, decide que regras devem ser impostas à maioria - sejam elas racionais ou não - e cria um verdadeiro aparato de controle policialesco que constrange e obriga o indivíduo a estar em conformidade com as doutrinas socialmente aceitas. Ai de quem questione ou se rebele!
As redes sociais são um paradoxo: a liberdade de expressão foi potencializada a níveis impensáveis há meio século, pois nunca foi tão fácil produzir conteúdo e fazê-lo chegar a um número imenso de pessoas. Por outro lado, a ubiquidade das redes criou um gigantesco Big Brother que tudo vê, tudo ouve, tudo pode distorcer e censurar. Isso mesmo: censura que constrangeria os censores do Estado Novo de Vargas.
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Não importa o assunto: machismo, gênero, sexualidade, raça, religião, política, ativismo corporativo, ESG. Basta uma frase mal colocada - e mal interpretada - e os censores usam a força das redes para cancelar, diminuir, negar o contraditório, destruir e, no final, decretar a sentença de morte social.
Uma espada de Dâmocles se mantém bem posicionada sobre a cabeça de quem lê, pensa, reflete e pode se opor ao suposto senso comum e à doutrina da moda.
O resultado é a autocensura que empobrece a sociedade como um todo, abre espaço para mais sectarismo e um pensamento uniforme, raso e idiota.
O medo é um poderoso instrumento de controle social. O uso das sentenças de morte social é um dispositivo ainda mais poderoso pois limita a capacidade de pensar.
O que estamos dispostos a perder para defender nossas convicções, dá real a dimensão do quão importante são esses princípios.
A morte social é um preço pequeno diante do cenário que nos espera: abdicar da capacidade de pensar e do direito de discordar do que é convencional no momento.
Por Sérgio Cavalcanti
Inúmeras atrocidades já foram cometidas em nome de Deus, do amor, da liberdade, dos pobres e dos oprimidos. Basta uma olhadinha rápida em um livro de história qualquer; lá estarão os defensores das virtudes a compor pelotões de fuzilamento, juizados da inquisição ou operadores de guilhotina.
Os temas mudam com os tempos, mas o modus operandi continua o mesmo: um pequeno grupo, em um suposto planalto moral, decide que regras devem ser impostas à maioria - sejam elas racionais ou não - e cria um verdadeiro aparato de controle policialesco que constrange e obriga o indivíduo a estar em conformidade com as doutrinas socialmente aceitas. Ai de quem questione ou se rebele!
As redes sociais são um paradoxo: a liberdade de expressão foi potencializada a níveis impensáveis há meio século, pois nunca foi tão fácil produzir conteúdo e fazê-lo chegar a um número imenso de pessoas. Por outro lado, a ubiquidade das redes criou um gigantesco Big Brother que tudo vê, tudo ouve, tudo pode distorcer e censurar. Isso mesmo: censura que constrangeria os censores do Estado Novo de Vargas.
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Não importa o assunto: machismo, gênero, sexualidade, raça, religião, política, ativismo corporativo, ESG. Basta uma frase mal colocada - e mal interpretada - e os censores usam a força das redes para cancelar, diminuir, negar o contraditório, destruir e, no final, decretar a sentença de morte social.
Uma espada de Dâmocles se mantém bem posicionada sobre a cabeça de quem lê, pensa, reflete e pode se opor ao suposto senso comum e à doutrina da moda.
O resultado é a autocensura que empobrece a sociedade como um todo, abre espaço para mais sectarismo e um pensamento uniforme, raso e idiota.
O medo é um poderoso instrumento de controle social. O uso das sentenças de morte social é um dispositivo ainda mais poderoso pois limita a capacidade de pensar.
O que estamos dispostos a perder para defender nossas convicções, dá real a dimensão do quão importante são esses princípios.
A morte social é um preço pequeno diante do cenário que nos espera: abdicar da capacidade de pensar e do direito de discordar do que é convencional no momento.