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Os desafios da agenda de crescimento de Temer

Após surpreender com a guinada na gestão macroeconômica, agora o governo Temer mostra uma enorme dificuldade para estruturar a segunda fase, que deveria indicar com a mesma clareza as bases de retomada do crescimento da economia. Nesse quesito, entretanto, o governo parece estar patinando e tanto o mercado quanto os consumidores perceberam isso. Pior, sua […]

PETRÓLEO: o timing das empresas não é o mesmo do que necessita o governo / Germano Luders / Exame (Germano Luders/Exame)
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Da Redação

Publicado em 15 de dezembro de 2016 às 17h40.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 17h52.

Após surpreender com a guinada na gestão macroeconômica, agora o governo Temer mostra uma enorme dificuldade para estruturar a segunda fase, que deveria indicar com a mesma clareza as bases de retomada do crescimento da economia. Nesse quesito, entretanto, o governo parece estar patinando e tanto o mercado quanto os consumidores perceberam isso. Pior, sua base política traduziu essa demora nos seus respectivos planos eleitorais.

O segundo trimestre do ano mostrou vários índices de melhora da atividade econômica. Os índices de confiança dos empresários industriais deram saltos positivos, além dos consumidores e de alguns setores da economia como máquinas e equipamentos, e papelão ondulado (associado a embalagens). Também houve uma melhora nas exportações e no saldo comercial. A perda de forças ao longo do quarto trimestre, todavia, indica que empresários e empregados seguem cautelosos e desconfiados sobre a capacidade do governo de conduzir uma retomada econômica expressiva.

Do ponto de vista político, o ideal teria sido engrenar esta segunda fase de sua estratégia no suporte que recebeu na primeira. A demora em fazer esse movimento está prejudicando a capacidade do governo de controlar a base política.

Inicialmente, Temer havia indicado que Henrique Meirelles seria responsável pelos ajustes macroeconômicos e Moreira Franco, pelo plano de investimentos no campo da infraestrutura, logística e energia. Paralelamente, uma agenda agressiva no campo de comércio exterior seria lançada e as mudanças no campo de Óleo & Gás atrairiam novos investimentos. Mas, por diferentes razões, essas várias frentes não produziram os resultados esperados. A taxa de investimento na economia segue raquítica, assim como a confiança dos decisores.

O PPI lançado pelo governo não conseguiu equacionar problemas básicos de regulação, confiança e rentabilidade dos projetos greenfield em infraestrutura. Assim, os investimentos que passaram a ocorrer se concentraram em fusões e aquisições, assim como projetos brownfield. Embora importantes, são investimentos apenas marginais. Os grandes investidores devem esgotar as boas oportunidades de menor risco – estimados em torno de 250 bilhões de reais -, para só então serem mais agressivos nos demais investimentos.

As novidades esperadas em relação ao comércio exterior também não devem ocorrer facilmente. Além das dificuldades internas do governo para de fato embarcar em uma agenda de comércio externa agressiva – começando pelo perfil do ministro Serra, que não é exatamente um entusiasta da integração com base na abertura comercial –, o cenário internacional não favorece. A eleição de Trump, o Brexit e o baixo crescimento econômico pós-2008 tornaram o cenário pouquíssimo propenso a novos acordos. Portanto, não será nesse campo que o dinamismo econômico brasileiro se apoiará.

Boas novas começam a surgir em O&G. Os ajustes na Petrobras seguem vigorosos, ainda que precisem de tempo para recompor os investimentos robustos. O setor deve responder no médio prazo e tem recebido incentivos extras com a perspectiva de aumento dos preços internacionais do petróleo. O ano de 2017 poderá trazer novidades, em particular no segmento do gás natural. Entretanto, o timing das empresas não é o mesmo do que necessita o governo. Isso porque o auge desse ciclo será em dois ou três anos, quando o novo presidente já terá sido eleito.

Assim, são poucas as alternativas para Temer e sua equipe alavancarem uma rápida retomada econômica. Resta a possibilidade de uma redução drástica na taxa de juros básica da economia já no início de 2017 – aproveitando o espaço aberto entre as taxas atuais e a inflação em patamares de 4,5%. Embora excessivamente conservadora, as avaliações da última ata do Copom dão sinais de que se inicia um ciclo de baixa da Selic. Ainda que não está claro o ritmo que será adotado, talvez essa seja a única chance de Temer conseguir uma resposta econômica compatível com sua necessidade política e dar um novo fôlego ao seu governo para além da agenda de ajuste fiscal.

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Após surpreender com a guinada na gestão macroeconômica, agora o governo Temer mostra uma enorme dificuldade para estruturar a segunda fase, que deveria indicar com a mesma clareza as bases de retomada do crescimento da economia. Nesse quesito, entretanto, o governo parece estar patinando e tanto o mercado quanto os consumidores perceberam isso. Pior, sua base política traduziu essa demora nos seus respectivos planos eleitorais.

O segundo trimestre do ano mostrou vários índices de melhora da atividade econômica. Os índices de confiança dos empresários industriais deram saltos positivos, além dos consumidores e de alguns setores da economia como máquinas e equipamentos, e papelão ondulado (associado a embalagens). Também houve uma melhora nas exportações e no saldo comercial. A perda de forças ao longo do quarto trimestre, todavia, indica que empresários e empregados seguem cautelosos e desconfiados sobre a capacidade do governo de conduzir uma retomada econômica expressiva.

Do ponto de vista político, o ideal teria sido engrenar esta segunda fase de sua estratégia no suporte que recebeu na primeira. A demora em fazer esse movimento está prejudicando a capacidade do governo de controlar a base política.

Inicialmente, Temer havia indicado que Henrique Meirelles seria responsável pelos ajustes macroeconômicos e Moreira Franco, pelo plano de investimentos no campo da infraestrutura, logística e energia. Paralelamente, uma agenda agressiva no campo de comércio exterior seria lançada e as mudanças no campo de Óleo & Gás atrairiam novos investimentos. Mas, por diferentes razões, essas várias frentes não produziram os resultados esperados. A taxa de investimento na economia segue raquítica, assim como a confiança dos decisores.

O PPI lançado pelo governo não conseguiu equacionar problemas básicos de regulação, confiança e rentabilidade dos projetos greenfield em infraestrutura. Assim, os investimentos que passaram a ocorrer se concentraram em fusões e aquisições, assim como projetos brownfield. Embora importantes, são investimentos apenas marginais. Os grandes investidores devem esgotar as boas oportunidades de menor risco – estimados em torno de 250 bilhões de reais -, para só então serem mais agressivos nos demais investimentos.

As novidades esperadas em relação ao comércio exterior também não devem ocorrer facilmente. Além das dificuldades internas do governo para de fato embarcar em uma agenda de comércio externa agressiva – começando pelo perfil do ministro Serra, que não é exatamente um entusiasta da integração com base na abertura comercial –, o cenário internacional não favorece. A eleição de Trump, o Brexit e o baixo crescimento econômico pós-2008 tornaram o cenário pouquíssimo propenso a novos acordos. Portanto, não será nesse campo que o dinamismo econômico brasileiro se apoiará.

Boas novas começam a surgir em O&G. Os ajustes na Petrobras seguem vigorosos, ainda que precisem de tempo para recompor os investimentos robustos. O setor deve responder no médio prazo e tem recebido incentivos extras com a perspectiva de aumento dos preços internacionais do petróleo. O ano de 2017 poderá trazer novidades, em particular no segmento do gás natural. Entretanto, o timing das empresas não é o mesmo do que necessita o governo. Isso porque o auge desse ciclo será em dois ou três anos, quando o novo presidente já terá sido eleito.

Assim, são poucas as alternativas para Temer e sua equipe alavancarem uma rápida retomada econômica. Resta a possibilidade de uma redução drástica na taxa de juros básica da economia já no início de 2017 – aproveitando o espaço aberto entre as taxas atuais e a inflação em patamares de 4,5%. Embora excessivamente conservadora, as avaliações da última ata do Copom dão sinais de que se inicia um ciclo de baixa da Selic. Ainda que não está claro o ritmo que será adotado, talvez essa seja a única chance de Temer conseguir uma resposta econômica compatível com sua necessidade política e dar um novo fôlego ao seu governo para além da agenda de ajuste fiscal.

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