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Será que a Apple perdeu a sua alma?

Será que Steve Jobs era maior do que a Apple?

Apple: corte na recomendação
Apple: corte na recomendação
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Relacionamento antes do Marketing

Publicado em 14 de setembro de 2015 às, 12h30.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 07h55.

A Apple fez no último dia 9 mais um de seus esperados eventos de lançamentos e atualizações de produtos. Os novos iPhones, iPad e Apple TV foram os maiores destaques deste ano.

Já fui um entusiasta dos produtos da Apple, principalmente depois que resolvi, há quase 5 anos, criar coragem e trocar meu antigo PC por um MacBook Air. Não me arrependi nem um pouco, até porque o meu MacBook continua funcionando hoje tão bem como quando comprei. Muitos me disseram que este era um caminho sem volta.

Depois vieram o iPod, iPhone, iPad e também a Apple TV. Sim, fui um defensor da marca e dos produtos, mesmo sendo mais caros, não por modismo, mas porque realmente tive excelentes experiências com cada um deles.

Eu me identificava com a marca. Eu sentia nela o chamado Fator UAU, tema que abordei no artigo anterior.

A Apple ditava regras e criava categorias de mercados. Fez isso com o iPod, com o iPhone e com o iPad. Ela tinha também um propósito claro e uma figura forte que encarnava este propósito em Steve Jobs.

Eu não concordava com a forma de gestão do Steve Jobs, mas não podia negar que ele era um visionário e conseguia criar uma empresa de sucesso contrariando, inclusive, um conceito que acredito e defendo ainda hoje, que é ouvir e conhecer o cliente antes de pensar em seus produtos e serviços. Mas, pensando bem, talvez este conceito não sirva mesmo para a parcela mínima de empresas visionárias que ainda existem ou serão criadas...ainda bem.

A Apple é uma marca muito forte e com valor de mercado na casa das centenas de bilhões de dólares. A empresa chegou a valer neste ano, mais do que a soma dos valores de todas as empresas brasileiras listadas na Bovespa e, além disso, possui em caixa mais dinheiro do que muitos países. Difícil não achar que é um sucesso absoluto, certo?

Mas volto ao título deste artigo – Será que a Apple perdeu a sua alma?

A cada evento que realiza, a sensação que tenho é de que ela está perdendo a sua alma aos poucos. Ela parou de criar, de inovar, de surpreender. Nem o Apple Watch conseguiu fazer isso e hoje patina nas vendas nos EUA. Atualmente muitas vezes acontece o contrário, com a Apple correndo atrás de inovações dos outros. Ok, mesmo quando ela copia uma idéia, o resultado no produto acaba melhor do que quem criou primeiro, mas será que isso bastará para o seu futuro?

Sim, creio que ela ainda está um degrau acima das demais. A marca é muito forte, é desejada, tem um público cativo por enquanto e os produtos ainda são bons, mas, vendo os novos produtos, desde o iPhone 5C, de menor custo e qualidade (de plástico!) ao novo iPad Pro com a caneta iPencil, uma cópia da caneta stylus, da Microsoft, tão criticada por Steve Jobs no passado, a pergunta que faço é: Se Jobs estivesse vivo, todos estes produtos seriam lançados da mesma forma?

A Apple d.J. (depois de Jobs) não é mais a mesma e isso é evidente. Arrisco a dizer que não ser mais a mesma parece ter sido uma escolha consciente dos seus executivos atuais.

Junto com a sua alma, vejo o propósito da empresa sumindo também. Talvez, se a minha sensação estiver correta, em alguns anos, todo diferencial sobre o qual ela foi imaginada e construída já terá se perdido, juntamente com o charme e o desejo que a marca causa em muitas pessoas, e ela será uma empresa igual às demais, buscando “diferenciais” simplesmente querendo fazer melhor o que os concorrentes fizeram primeiro. Talvez ela continue também uma empresa com um valor de mercado muito alto, mas ela não será mais a mesma. Espero estar errado.

Quanto a mim, continuo usando os produtos, mas sem o mesmo entusiasmo. Até quando? Não sei.