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Se as empresas fossem pessoas…

Empresas tem personalidade? Se sua empresa tivesse um corpo, um rosto e emoções, como seriam?

20151005 - Leonardo Barci - Se as empresas fossem pessoas
20151005 - Leonardo Barci - Se as empresas fossem pessoas
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Relacionamento antes do Marketing

Publicado em 5 de outubro de 2015 às, 11h00.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 07h53.

Sempre que olho para empresas no Brasil e no mundo, algo me chama a atenção: o tamanho a que chegaram algumas delas. A maior empresa do mundo – se fosse um país – estaria em 25º lugar no ranking do FMI. Talvez algo para prestarmos atenção.

Tenho a referência de que quanto maior a empresa, naturalmente, maior o desafio a qualquer tipo de mudança e também maior o impacto que ela gera na sociedade.

Na semana passada, o Márcio escreveu aqui no blog sobre o caso dos problemas ambientais envolvendo a Volkswagen. Se você ainda não leu, vale conferir.

Antes de irmos adiante, vou lhe dar alguma referência sobre o impacto do qual estou falando, somente olhando para o Brasil.

Grosso modo, a cada 1000 empresas brasileiras 976 se enquadram como ‘Eu’presas, micro ou de pequeno porte (com faturamento anual de até R$ 50 milhões e até 100 funcionários), 20 são consideradas médias (faturamento anual entre R$ 50 milhões e R$ 100 milhões) e apenas 4 são consideradas como grandes empresas –  isto é, com mais de 250 funcionários e faturamento/ano superior a R$ 100 milhões. Das aproximadamente 5,5 milhões de empresas ativas, segundo o IBGE, apenas 0,4% se enquadrariam como grande porte ou, mais precisamente, 22 mil. A maior empresa do Brasil faturou uma quantia abissal se comparada a tudo isto. Bem, você já sabe de quem estamos falando

A grande, ou melhor, a enorme vantagem que uma grande empresa tem é a capacidade de transcender seus próprios fundadores, isto é, se uma única pessoa consegue produzir um único carro por ano, uma empresa de automóveis pode produzir milhares ou eventualmente milhões de automóveis com ‘menos de uma pessoa’ por carro por ano.

Não há dúvida de que algumas grandes empresas fazem a diferença para melhor na sociedade. Pensando bem, quem teria condições de inventar e colocar no mercado tantas coisas como fez e faz até hoje empresas como a 3M? É bem possível que alguém como você e eu tivesse inventado um tipo de papel com um adesivo colado no verso, mas daí a transformá-lo em um sucesso mundial…. Afinal, metodologias de trabalho como o Scrum e o Business Model Generation não existiriam hoje sem os tão famosos Post-it®’s!

O problema que começo a observar é o ‘apetite’ que grandes empresas acabam por desenvolver.

Um amigo da área de TI costuma dizer que a tecnologia tem a capacidade de acelerar tudo, sem julgamento. Grandes empresas são, em síntese, fórmulas tecnológicas que deram certo. Uma forma de extrair (direta ou indiretamente), uma fórmula de produzir, uma fórmula para comunicar e outra para distribuir seus produtos e serviços. Enfim, fórmulas que funcionam.

O que está começando a acontecer, principalmente com o advento da internet e do celular, é que as pessoas estão tendo cada vez mais acesso à informação e consciência sobre o ambiente que as cerca e o impacto que cada ação, atitude ou empresa gera.

O grande problema com as empresas é, em síntese, o mesmo que acontece com as pessoas. Quanto maior a concentração de fatias do bolo em um número reduzido de empresas (ou de pessoas), maiores os desequilíbrios sociais. Em seu recente livro (Confronting Capitalism – Real Solutions for a Troubled Economic System – ainda sem edição em português), Philip Kotler sinaliza esta e outras discrepâncias que nosso modelo econômico e a concentração de renda estão gerando.

Se empresas fossem pessoas, diria que hoje boa parte delas sofre de obesidade, eventualmente esquizofrenia – o que gera uma natural cisão interna. A grande maioria tem uma missão definida, mas o dia-a-dia arrasta para a sustentação do faturamento.Se as Empresas fossem Pessoas

Tenho a leve impressão de que enquanto o medo de qualquer espécie prevalecer na tomada de decisão das empresas, teremos problemas. Seja o medo de perder o faturamento, o medo de diminuir, o medo do não reconhecimento, o medo de chegar ao fim da própria empresa.

Tenho sugerido que as empresas olhem para suas missões e passem a trabalhar com o que gosto de chamar de propósito nobre. Um propósito coloca naturalmente a empresa ’a serviço de’. Isto é, enquanto houver serviço, ‘estamos aí’.

Tenho percebido que prestar verdadeiramente atenção ao cliente e servi-lo da melhor forma tem se mostrado a melhor referência de trabalho. Faça – como empresa – aquilo que você gostaria de receber como cliente! Talvez a pergunta: “O que crescer melhorará a qualidade do nosso produto ou serviço e o quanto vai tornar a nossa relação com nosso cliente melhor? ”, ajude com alguma referência.