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Propósito de uma empresa não é só uma frase bonita

O propósito da empresa deve atrair e conectar pessoas e será seu diferencial competitivo que nunca será copiado e, quase nunca, resumido em uma única frase

A cultura de uma empresa deve ser o seu propósito sendo colocado em prática (Olena Yakobchuk / AdobeStock/Reprodução)
A cultura de uma empresa deve ser o seu propósito sendo colocado em prática (Olena Yakobchuk / AdobeStock/Reprodução)
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Relacionamento antes do Marketing

Publicado em 16 de fevereiro de 2023 às, 15h51.

Última atualização em 16 de fevereiro de 2023 às, 15h52.

De tempos em tempos vivemos algumas ondas temáticas no mercado, o que acaba nos dando a sensação de que todos estão olhando para aquele tema. E nos últimos anos, parece que falar de Propósito tem ganhado espaço nas agendas de muitas pessoas e empresas. Creio que a pandemia foi um alavancador deste tema, como de muitos outros.

Apesar de eu mesmo falar deste tema a muito mais tempo, parece que ele nunca teve muita compreensão dos executivos em relação à sua importância para uma empresa e, mesmo agora, vejo que ele tem sido encarado com muita superficialidade, infelizmente.

Isso acontece, porque muitas empresas e seus executivos, quando se deparam com um assunto que vai ganhando força, parece que abraçam o tema mais por questões de estratégia de marketing e para aparecer “bem na foto”, do que por acreditar ou compreender de verdade o assunto. Que é exatamente o que entendo que acontece com a agenda ESG, por exemplo.

O propósito da empresa precisa ser reconhecido pelos seus públicos

Gosto muito do conceito Golden Circle, do Simon Sinek – Why, How e What – e já falei sobre ele algumas vezes por aqui antes. Ele explica de maneira muita clara como a empresa precisa reconhecer o “Por Quê” (o Why), de sua existência. E eu chamo isso de propósito nobre, ou aquele propósito que vai além do lucro apenas.

Mas não adianta ter um propósito nobre, se ele não é entendido (e sentido) pelos seus clientes. Lembrando o que que o Simon Sinek fala, as pessoas não compram o que a sua empresa faz, mas o “por que” a sua empresa faz.

Mas também não adianta também ter um propósito nobre se os colaboradores não acreditam nisso. Costumo falar que internamente, a cultura de uma empresa deve ser o seu propósito sendo colocado em prática. Ou seja, os colaboradores entendem, acreditam e, naturalmente, acabam agindo para cumprir o propósito a empresa. Muitos devem conhecer e não vou detalhar aqui, mas a Disney é a grande referência e escola para isso e se você não conhece o case, sugiro ler o livro “O jeito Disney de encantar os clientes”. E eles fazem isso através dos seus colaboradores e da sua cultura e todos sabemos que colaboradores felizes fazem clientes felizes.

Mas acredito que só reconhecer um propósito não basta, por isso olho também com muita atenção para o How, ou o “Como” da empresa.

Além da frase de efeito

Um dos principais erros que as empresas cometem é acreditar que para colocar o propósito em prática, basta alguém criar uma frase bonita, cheia de emoção e fazer alguma ação de comunicação com isso. Mas normalmente, esta frase acaba ficando desconectada de tudo que acontece na empresa e na sua relação com seus públicos, das grandes coisas aos pequenos detalhes que às vezes ninguém presta atenção.

Aliás, quando vejo isso, costumo pedir para o executivo da empresa escrever em um papel esta frase e colocar o nome da empresa abaixo. Depois, peço para escrever novamente e colocar o nome de um concorrente ou de qualquer outra empresa e pergunto se esta frase poderia também ser adotada por aquela empresa. Normalmente a reposta, meio constrangida, costuma ser que sim. Aproveite e faça o teste com a sua empresa agora.

E para fugir da tentação do caminho fácil da frase de efeito, que provoca as empresas para olharem para o seu “How” significa basicamente como a forma com a qual ela colocará em prática o seu propósito.  Chamo este “How” de Diretrizes de Relacionamento. Diretrizes que podem até ser expressas em palavras e processos de fácil entendimento e fácil cumprimento. Diretrizes que viram a cultura da empresa e que atraem os clientes mesmo sem eles terem uma clareza tão grande do porquê isso acontece.

E essa é a grande conquista de uma empresa com um propósito. Atrair não todos os clientes, mas aqueles que se conectam com ela porque acreditam e gostam dela e porque existe uma conexão entre o propósito deles com o dela.

Esta conexão é o maior e melhor diferencial competitivo que uma empresa pode ter no mercado. Algo que não será possível ser copiado por nenhum concorrente nunca e que, talvez, não possa ser nunca expressado em apenas uma única frase bonita.