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O lucro e o papel social das empresas

Os impactos negativos de uma empresa na sociedade começam quando o lucro deixa de ser um meio e passa a ser o único fim dela

Os impactos negativos de uma empresa na sociedade começam quando o lucro deixa de ser um meio e passa a ser o único fim dela.  (andreswd/Getty Images)
Os impactos negativos de uma empresa na sociedade começam quando o lucro deixa de ser um meio e passa a ser o único fim dela. (andreswd/Getty Images)

Toda empresa precisa vender e lucrar. Isso é natural e desejável, pois o lucro remunera pessoas, faz a economia rodar e gera desenvolvimento social em diversas áreas. Falando assim, pode parecer justificável vender sempre mais, certo? Mas isso não é tão simples. 

Muitas vezes, é na busca incessante por lucros cada vez maiores que muitos discursos bonitos das empresas começam a cair. E quanto maior a empresa, maior este gap entre o discurso bonito e a prática de vendas. Mas não se enganem, as pequenas empresas também podem ter um comportamento parecido. 

E é neste momento que vemos o quanto o lucro e o aspecto financeiro realmente podem direcionar totalmente o comportamento e as estratégias de uma empresa. 

Em outras palavras, os impactos negativos de uma empresa para a sociedade começam principalmente quando o lucro, que deve ser um meio, passa a ser o único fim dela. E para conseguir lucrar sempre cada vez mais, tudo passa a valer. Até mesmo vender para alguém que não poderia comprar naquele momento. 

O papel social das empresas 

E, quando as empresas querem vender para todas as pessoas e em todos os momentos, usando todas as técnicas possíveis de convencimento psicológico, de comunicação e de marketing, os resultados na maioria das vezes são atingidos com lucros altos de um lado, mas com pessoas endividadas do outro. 

Uma pesquisa da CNC (Confederação Nacional do Comércio) de 2023 mostrou que 78,5% das famílias estão endividadas de alguma forma. Dois fatores são os principais para estes números tão altos, um deles é o desemprego e o outro a educação financeira. 

E a consequência disso é também o alto índice de inadimplência no país. Outro estudo agora da CNDL (Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas) e do SPC Brasil, mostrou quem fechamos 2023 com 4 em cada 10 brasileiros estão com dívidas em atraso. 

Basta então fazer um olhar um pouco mais distante deste cenário, para entender que é uma equação difícil de fechar. De um lado as empresas fazendo de tudo para convencer as pessoas que já estão endividadas a comprarem mais, para depois gastarem parte do lucro fazendo cobranças excessivas por conta das inadimplências. 

Buscando a sustentabilidade 

Falar de sustentabilidade é um discurso comum hoje em dia, mas o que seria sustentabilidade em um cenário como este? 

Muitos falam que o problema está no capitalismo, mas não concordo. O problema está na ganância e se isso for compreendido, é possível sim fazer um capitalismo mais consciente e sustentável. É o que defende o movimento Capitalismo Consciente e recomendo a todos conhecer e apoiar.  

Porque sustentabilidade nada mais é do que buscar caminhos mais duradouros e equilibrados e, considerando o momento em que vivemos onde se fala muito de ESG (Environmental, Social and Governance), nada mais lógico então do que as empresas se atentarem o S desta sigla, o Social, para terem clareza do seu Propósito, do seu real papel na sociedade e para fazerem grandes transformações nos modelos de negócios vigentes se for necessário, buscando este equilíbrio não apenas no fluxo de caixa das empresas, mas também nos bolsos dos clientes.