Modelo de acesso X Modelo de propriedade
Como você define seu modelo de negócios? E o de sua vida? De acesso ou de propriedade? E o que isso tem a ver com relacionamento com clientes?
Marcio Oliveira
Publicado em 22 de janeiro de 2018 às 12h11.
Última atualização em 23 de janeiro de 2018 às 10h27.
É inegável que os modelos de negócios evoluíram muito nas últimas décadas e principalmente depois da Internet. E a cada ano, parece que a coisa anda cada vez mais rápido. Muitos modelos de negócios acabam, inclusive, morrendo antes mesmo de se consolidarem, simplesmente porque a avidez e a rapidez que o mercado exige atualmente, muitas vezes não dá nem tempo para um amadurecimento ou uma evolução natural de uma ideia. Sim, tenho minhas restrições com a alta velocidade de algumas coisas no mercado, pois sinto que é quase como se quiséssemos que um bebê já nascesse sabendo ler e escrever antes mesmo de saber falar.
Mas reconheço também que muitas mudanças já se consolidaram e estão começando a mudar alguns hábitos e culturas, mesmo que, eventualmente, ainda questionemos algumas das empresas que encabeçam estas mudanças
E comecei a refletir sobre isso em uma conversa rápida com a minha esposa, no nosso penúltimo dia de férias, sobre as vantagens de se alugar um imóvel no Airbnb. Não foi a nossa primeira vez, muito pelo contrário, já utilizamos o serviço diversas vezes e em várias cidades diferentes. E esta conversa surgiu porque há algum tempo, começamos a pensar na possibilidade de investir em um imóvel no litoral para usufruir quando quisermos e também, eventualmente, disponibilizá-lo em uma destas plataformas de aluguel, como o Airbnb ou o HomeAway. Mas, no fundo, o que gostamos mesmo é de usufruir um local, sem necessariamente ficar preso a ele sempre. Assim, rapidamente concluímos que não valia a pena para a nossa realidade adquirir um imóvel no litoral.
E no mesmo momento lembramos de um TEDx de 2013 do Murilo Gun, onde ele apresenta o conceito Life as a Service, que basicamente define que o que as pessoas querem é acesso ao benefício do produto e não necessariamente à propriedade do produto. E isso realmente pode fazer sentido para muitas pessoas e para muitos mercados. Gaste depois 17 minutos e assista ao vídeo da palestra no link no final deste artigo.
Se formos parar para pensar em alguns dos modelos de negócios que mais chamaram a atenção nos últimos anos, todos eles se baseiam no formato de acesso e não de propriedade, como o próprio Airbnb, Netflix, Uber e mesmo em alguns aqui no Brasil como o Porto Seguro Carro Fácil (carro por assinatura!) e o serviço de filtros de água da Brastemp, citado pelo Murilo na palestra.
Mas claro que não considero que este conceito substituirá totalmente o conceito de propriedade. O próprio Murilo mostra isso de alguma forma quando define uma matriz com 4 grupos de produtos: 1 - Baixo custo e baixa utilização, 2 – Baixo custo e alta utilização, 3 – Alto custo e baixa utilização e 4 – Alto custo e alta utilização.
Considero que o modelo de propriedade ainda será necessário até por uma questão de equilíbrio de preço (demanda e oferta) ou mesmo para justificar investimentos para a própria evolução dos produtos. Por exemplo, para o Airbnb funcionar segundo o seu propósito, é necessário ter os proprietários dos imóveis (mesmo que eu não seja um deles) e não apenas quem busca o benefício do produto. Ele não será sustentável se não for neste modelo, aliás.
O Uber ou o que virar isso no futuro, poderá realmente afetar o volume de carros vendidos, mas confesso que tenho minhas dúvidas se realmente as futuras gerações não irão querer ser donos de carros (ou o que eles virarem) como vêm sendo pregado.
Acredito que o desejo de propriedade é natural do ser humano, por isso, em alguns sistemas políticos ela é proibida (não precisaria proibir se assim não fosse, certo?). Eu não quero um imóvel na praia simplesmente porque não quero me sentir obrigado a ir sempre para o mesmo lugar porque investi dinheiro ali, mas não significa que nunca vou querer um imóvel como investimento em outro lugar.
Ou seja, na minha opinião o conceito de Life as a Service é muito bom e ele vai funcionar para alguns segmentos de mercado, como já está funcionando, aliás, mas exatamente porque existé também o conceito de Propriedade, e um alimentará o outro.
E o que isso tem a ver com relacionamento com clientes? Simplesmente tudo, porque em qualquer modelo existirá uma relação entre fornecedor e cliente. E no modelo Life as a Service, mais do que nunca, o cuidado com o relacionamento e com a experiência do cliente em cada detalhe é o que manterá o negócio vivo, como a que tivemos com a proprietária do imóvel que alugamos, mesmo que ela não tenha ainda a clara consciência disso.
É inegável que os modelos de negócios evoluíram muito nas últimas décadas e principalmente depois da Internet. E a cada ano, parece que a coisa anda cada vez mais rápido. Muitos modelos de negócios acabam, inclusive, morrendo antes mesmo de se consolidarem, simplesmente porque a avidez e a rapidez que o mercado exige atualmente, muitas vezes não dá nem tempo para um amadurecimento ou uma evolução natural de uma ideia. Sim, tenho minhas restrições com a alta velocidade de algumas coisas no mercado, pois sinto que é quase como se quiséssemos que um bebê já nascesse sabendo ler e escrever antes mesmo de saber falar.
Mas reconheço também que muitas mudanças já se consolidaram e estão começando a mudar alguns hábitos e culturas, mesmo que, eventualmente, ainda questionemos algumas das empresas que encabeçam estas mudanças
E comecei a refletir sobre isso em uma conversa rápida com a minha esposa, no nosso penúltimo dia de férias, sobre as vantagens de se alugar um imóvel no Airbnb. Não foi a nossa primeira vez, muito pelo contrário, já utilizamos o serviço diversas vezes e em várias cidades diferentes. E esta conversa surgiu porque há algum tempo, começamos a pensar na possibilidade de investir em um imóvel no litoral para usufruir quando quisermos e também, eventualmente, disponibilizá-lo em uma destas plataformas de aluguel, como o Airbnb ou o HomeAway. Mas, no fundo, o que gostamos mesmo é de usufruir um local, sem necessariamente ficar preso a ele sempre. Assim, rapidamente concluímos que não valia a pena para a nossa realidade adquirir um imóvel no litoral.
E no mesmo momento lembramos de um TEDx de 2013 do Murilo Gun, onde ele apresenta o conceito Life as a Service, que basicamente define que o que as pessoas querem é acesso ao benefício do produto e não necessariamente à propriedade do produto. E isso realmente pode fazer sentido para muitas pessoas e para muitos mercados. Gaste depois 17 minutos e assista ao vídeo da palestra no link no final deste artigo.
Se formos parar para pensar em alguns dos modelos de negócios que mais chamaram a atenção nos últimos anos, todos eles se baseiam no formato de acesso e não de propriedade, como o próprio Airbnb, Netflix, Uber e mesmo em alguns aqui no Brasil como o Porto Seguro Carro Fácil (carro por assinatura!) e o serviço de filtros de água da Brastemp, citado pelo Murilo na palestra.
Mas claro que não considero que este conceito substituirá totalmente o conceito de propriedade. O próprio Murilo mostra isso de alguma forma quando define uma matriz com 4 grupos de produtos: 1 - Baixo custo e baixa utilização, 2 – Baixo custo e alta utilização, 3 – Alto custo e baixa utilização e 4 – Alto custo e alta utilização.
Considero que o modelo de propriedade ainda será necessário até por uma questão de equilíbrio de preço (demanda e oferta) ou mesmo para justificar investimentos para a própria evolução dos produtos. Por exemplo, para o Airbnb funcionar segundo o seu propósito, é necessário ter os proprietários dos imóveis (mesmo que eu não seja um deles) e não apenas quem busca o benefício do produto. Ele não será sustentável se não for neste modelo, aliás.
O Uber ou o que virar isso no futuro, poderá realmente afetar o volume de carros vendidos, mas confesso que tenho minhas dúvidas se realmente as futuras gerações não irão querer ser donos de carros (ou o que eles virarem) como vêm sendo pregado.
Acredito que o desejo de propriedade é natural do ser humano, por isso, em alguns sistemas políticos ela é proibida (não precisaria proibir se assim não fosse, certo?). Eu não quero um imóvel na praia simplesmente porque não quero me sentir obrigado a ir sempre para o mesmo lugar porque investi dinheiro ali, mas não significa que nunca vou querer um imóvel como investimento em outro lugar.
Ou seja, na minha opinião o conceito de Life as a Service é muito bom e ele vai funcionar para alguns segmentos de mercado, como já está funcionando, aliás, mas exatamente porque existé também o conceito de Propriedade, e um alimentará o outro.
E o que isso tem a ver com relacionamento com clientes? Simplesmente tudo, porque em qualquer modelo existirá uma relação entre fornecedor e cliente. E no modelo Life as a Service, mais do que nunca, o cuidado com o relacionamento e com a experiência do cliente em cada detalhe é o que manterá o negócio vivo, como a que tivemos com a proprietária do imóvel que alugamos, mesmo que ela não tenha ainda a clara consciência disso.