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Finalmente a era do consumidor?

Pouco a pouco, pessoas e empresas começam a retornar ao convívio social presencial. Mas para o relacionamento com clientes, o que isso significa?

(Imagem de Mircea Ploscar por Pixabay.com/Creative Commons)
LB

Leonardo Barci

Publicado em 3 de agosto de 2020 às 04h00.

Estes quase 5 meses de isolamento social têm sido um desafio para todos nós, em especial no aspecto que liga empresas e clientes.

Entre o final de março, início de abril, recebi um número ímpar de prognósticos e previsões do que e como seria a crise. Quais empresas/mercados iriam quebrar, quais iriam prosperar, qual o passo-a-passo para sair da crise, enfim, a famosa fórmula mágica. Boa parte destes reports provenientes de grandes consultorias ou áreas de análise de mercado de grandes empresas. Todas estas avaliações possivelmente certas e, ao mesmo tempo, provavelmente incompletas.

Antes de seguir com o texto gostaria de fazer uma rápida pausa para destacar alguns aspectos que, embora notórios, podem nos ajudar a compreender ‘por onde estamos caminhando’:

Talvez o que eu escreva a partir de agora seja óbvio, mas eventualmente olhar para a realidade de maneira desprendida às vezes nos ajuda a tomar decisões e caminhos mais simples, embora não necessariamente fáceis.

Olhando para as empresas, nesta crise aquelas que tem se saído melhor são as que fornecem produtos e serviços essenciais, e aquelas que tem uma melhor relação com seus clientes.

De forma geral o tema relacionamento com clientes vem sendo falado muito nestes últimos dez anos, mas sinceramente vi muito pouco daquilo que realmente impacta a relação em uma via de mão dupla. Nestes últimos meses vi crescer exponencialmente o número de empresas que tem despertado para este tema. Boa parte delas por uma simples questão de sobrevivência. Raros casos ainda de empresas que viram nesta crise a oportunidade de colocar em prática seu propósito empresarial em sua melhor forma.

Não tenho números neste momento, mas arrisco dizer que as empresas que têm se saído melhor neste momento são aquelas que tem - pelo menos - buscado melhorar a relação com a clientela.

A razão é relativamente óbvia, novamente, mas cuidar de uma relação apenas quando ela mostra sinal de desgaste nos sinaliza que ela pende mais para um lado.

Nosso desenho empresarial de que empresas obrigatoriamente tem de distribuir lucro ao final do período leva a uma consequente miopia onde a relação acaba pendendo naturalmente para o lado corporativo. Não é algo bom ou ruim intrinsicamente, mas gera um resultado de natural exploração.

Isso não significa que empresas devam ser organismos filantrópicos? Entendo a filantropia como a cura para feridas sociais. Talvez seja até razoável perguntar: “qual é a doença que estamos sofrendo mesmo?”

Quando se pergunta quando iremos voltar “ao normal” tenho a clara sensação de que, mesmo ruim, preferimos o mundo do jeito que estava até 2019. Talvez aqui resida a gigante oportunidade de criar um futuro melhor do que nossa experiência até o presente momento.

As ações e visão social das pessoas e das empresas têm se tornado mais sensível, mas quando olhamos muito rapidamente para um “retorno a normalidade” esta relativa melhora em nossas relações tem pouca expectativa de manutenção a longo prazo.

Então qual seria a saída?

Se o lucro e o retorno financeiro têm prioridade, (note não falo de sustentabilidade de toda espécie, mas sim de qual é a prioridade das empresas) então o cliente que, em sua realidade final, costuma ser um uma pessoa, ficará relegado a segunda plano.

Em minha visão a compaixão e o altruísmo são as melhores ferramentas que podem nos levar desta crise para um lugar muito melhor do que podemos sequer sonhar.

Para as empresas, um propósito nobre relevante, bem ancorado e trabalhado diariamente, permanecem como a melhor bússola a nos guiar nesta trajetória.

E no final, o cliente agradece!

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Estes quase 5 meses de isolamento social têm sido um desafio para todos nós, em especial no aspecto que liga empresas e clientes.

Entre o final de março, início de abril, recebi um número ímpar de prognósticos e previsões do que e como seria a crise. Quais empresas/mercados iriam quebrar, quais iriam prosperar, qual o passo-a-passo para sair da crise, enfim, a famosa fórmula mágica. Boa parte destes reports provenientes de grandes consultorias ou áreas de análise de mercado de grandes empresas. Todas estas avaliações possivelmente certas e, ao mesmo tempo, provavelmente incompletas.

Antes de seguir com o texto gostaria de fazer uma rápida pausa para destacar alguns aspectos que, embora notórios, podem nos ajudar a compreender ‘por onde estamos caminhando’:

Talvez o que eu escreva a partir de agora seja óbvio, mas eventualmente olhar para a realidade de maneira desprendida às vezes nos ajuda a tomar decisões e caminhos mais simples, embora não necessariamente fáceis.

Olhando para as empresas, nesta crise aquelas que tem se saído melhor são as que fornecem produtos e serviços essenciais, e aquelas que tem uma melhor relação com seus clientes.

De forma geral o tema relacionamento com clientes vem sendo falado muito nestes últimos dez anos, mas sinceramente vi muito pouco daquilo que realmente impacta a relação em uma via de mão dupla. Nestes últimos meses vi crescer exponencialmente o número de empresas que tem despertado para este tema. Boa parte delas por uma simples questão de sobrevivência. Raros casos ainda de empresas que viram nesta crise a oportunidade de colocar em prática seu propósito empresarial em sua melhor forma.

Não tenho números neste momento, mas arrisco dizer que as empresas que têm se saído melhor neste momento são aquelas que tem - pelo menos - buscado melhorar a relação com a clientela.

A razão é relativamente óbvia, novamente, mas cuidar de uma relação apenas quando ela mostra sinal de desgaste nos sinaliza que ela pende mais para um lado.

Nosso desenho empresarial de que empresas obrigatoriamente tem de distribuir lucro ao final do período leva a uma consequente miopia onde a relação acaba pendendo naturalmente para o lado corporativo. Não é algo bom ou ruim intrinsicamente, mas gera um resultado de natural exploração.

Isso não significa que empresas devam ser organismos filantrópicos? Entendo a filantropia como a cura para feridas sociais. Talvez seja até razoável perguntar: “qual é a doença que estamos sofrendo mesmo?”

Quando se pergunta quando iremos voltar “ao normal” tenho a clara sensação de que, mesmo ruim, preferimos o mundo do jeito que estava até 2019. Talvez aqui resida a gigante oportunidade de criar um futuro melhor do que nossa experiência até o presente momento.

As ações e visão social das pessoas e das empresas têm se tornado mais sensível, mas quando olhamos muito rapidamente para um “retorno a normalidade” esta relativa melhora em nossas relações tem pouca expectativa de manutenção a longo prazo.

Então qual seria a saída?

Se o lucro e o retorno financeiro têm prioridade, (note não falo de sustentabilidade de toda espécie, mas sim de qual é a prioridade das empresas) então o cliente que, em sua realidade final, costuma ser um uma pessoa, ficará relegado a segunda plano.

Em minha visão a compaixão e o altruísmo são as melhores ferramentas que podem nos levar desta crise para um lugar muito melhor do que podemos sequer sonhar.

Para as empresas, um propósito nobre relevante, bem ancorado e trabalhado diariamente, permanecem como a melhor bússola a nos guiar nesta trajetória.

E no final, o cliente agradece!

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