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Governo poderá utilizar golden share para barrar Boeing-Embraer

Negócio de 4,2 bilhões de dólares entre a fabricante de aeronaves brasileira Embraer e a americana Boeing corre o risco de não acontecer

Fábrica da Embraer: o governo ainda está receoso com a venda para a Boeing (Germano Luders/Exame)
Fábrica da Embraer: o governo ainda está receoso com a venda para a Boeing (Germano Luders/Exame)
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Primeiro Lugar

Publicado em 14 de março de 2019 às, 05h00.

Última atualização em 14 de março de 2019 às, 13h44.

Mesmo com a aprovação obtida em assembleia dos acionistas no último mês, o negócio de 4,2 bilhões de dólares entre a fabricante de aeronaves brasileira Embraer e a americana Boeing corre o risco de não acontecer. Essa é a opinião do vice-presidente Hamilton Mourão, que tem se reunido com acionistas minoritários contrários ao negócio para discutir o tema da fusão.

“Essa questão tem de ficar bem esclarecida. O governo pode utilizar a golden share para parar o negócio e fazer uma melhor avaliação”, afirma Mourão em entrevista a EXAME, se referindo às ações especiais que dão direito ao governo federal de barrar decisões estratégicas da antiga estatal, privatizada em 1994.

Sem dar mais detalhes sobre o tema, Mourão diz que o assunto está sendo discutido com o presidente Jair Bolsonaro.

Segundo apurou EXAME, o governo ainda vê com desconfiança alguns pontos da operação que deve criar duas empresas: uma focada na aviação comercial, que teria 80% do capital da Boeing e 20% da Embraer, e outra voltada para a promoção dos negócios do cargueiro militar KC-390, com 51% de capital da Embraer.

Uma das questões que preocupam o governo é a previsão de instalação de uma fábrica para a montagem do KC-390 nos Estados Unidos. Atualmente, a aeronave é produzida na fábrica da Embraer em Gavião Peixoto, município no interior de São Paulo.

Os acionistas minoritários da Embraer contrários à venda ainda devem utilizar o acidente com o avião Boeing 737 MAX 8, da companhia aérea Ethiopian Airlines, que matou 157 pessoas no dia 11 de março, como argumento para pressionar o governo a cancelar o negócio entre as empresas. O acidente gerou desconfiança sobre a segurança da aeronave da Boeing e fez as ações da companhia cair.