O funcionário que criou um climão (global) na P&G
Estouro de gastos, demissão de diretores e e-mail anônimo na fabricante de produtos de beleza
Publicado em 30 de novembro de 2017 às, 05h54.
Última atualização em 30 de novembro de 2017 às, 05h54.
Discreta em seus processos e decisões internas, a fabricante de produtos de higiene pessoal e de limpeza Procter&Gamble (P&G) teve de enfrentar um clima tenso entre os funcionários no início de novembro. Um funcionário da operação brasileira enviou um e-mail para David Taylor, presidente global, e Juan Fernando Posada, presidente para a América Latina da empresa, criticando decisões sobre a operação brasileira.
De acordo com o e-mail, a empresa teve um estouro de gastos de 100 milhões de dólares no período de julho a setembro, mas, apesar do prejuízo, manteve o comando no Brasil. Ficou um climão, porque o funcionário, além de mandar o e-mail para os chefões internacionais, incluiu em cópia outras dezenas de pessoas da empresa. A P&G já tinha tomado providências sobre o tema: com o estouro no orçamento comercial, que foi menos de um terço do citado no e-mail, seis executivos foram demitidos, sendo dois diretores.
O presidente da operação brasileira, Alberto Carvalho, fez uma maratona de reuniões durante dois dias com as equipes para orientações sobre políticas comerciais e gestão orçamentária. O e-mail anônimo foi deletado da rede corporativa. Procurada, a P&G diz que identificou gastos acima do previsto numa área em uma revisão interna de rotina.
“A liderança local da empresa solicitou uma revisão dos processos e identificou que esses gastos não seguiram as políticas da empresa. Com isso, a P&G tomou medidas imediatas para garantir adesão às políticas existentes e para evitar que situações similares aconteçam no futuro. A questão identificada não teve impacto significativo nos resultados financeiros da companhia”, afirmou em nota.