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Vendo vermelho (e azul) nos dados do governo

Um em cada quatro americanos “desconfia completamente” dos dados econômicos divulgados pelo governo federal, segundo uma nova pesquisa. Mas essa desconfiança depende largamente da preferência política. Cerca de metade dos defensores de Donald Trump, candidato republicano a presidente, disseram que não consideram confiáveis os relatórios do governo federal, de acordo com um levantamento feito pelo […]

DONALD TRUMP: com o passar do tempo, o governo Trump não irá beneficiar o dólar porque também não beneficiará a economia americana / Getty Images
DR

Da Redação

Publicado em 26 de outubro de 2016 às 16h52.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 17h59.

Um em cada quatro americanos “desconfia completamente” dos dados econômicos divulgados pelo governo federal, segundo uma nova pesquisa. Mas essa desconfiança depende largamente da preferência política.

Cerca de metade dos defensores de Donald Trump, candidato republicano a presidente, disseram que não consideram confiáveis os relatórios do governo federal, de acordo com um levantamento feito pelo programa Marketplace, da National Public Radio, e pela Edison Research. Cinco por cento das pessoas que apoiam Hillary Clinton, candidata presidencial democrata, disseram achar a mesma coisa.

Questionar a legitimidade das estatísticas tem sido uma tática conservadora há anos, escreveu Ryan Teague Beckwith, editor sênior da revista Time, em um artigo recente. “Muitos políticos republicanos têm questionado as pesquisas sobre mudanças climáticas”, escreveu ele, “e alguns eleitores do candidato republicano Mitt Romney argumentaram que os números do Escritório de Estatísticas Trabalhistas foram de algum modo manipulados em 2012”. O sr. Beckwith acrescentou que, em 2011, Rick Perry, governador do Texas na época, sugeriu que o Federal Reserve estava brincando de fazer política com suas políticas monetárias.

“Mas”, escreveu o sr. Beckwith, “Trump é o único que conseguiu amarrar todas essas críticas em algo que resulta em uma visão de mundo coerente. É um mundo em que tudo é político e as instituições não são algo em que se possa confiar.”

O sr. Beckwith também destacou que o sr. Trump tem chamado a taxa de desemprego nos Estados Unidos de “uma das maiores farsas da política americana moderna”. O sr. Trump também disse que o índice, que foi de 5% em setembro, é “apenas um número fajuto que faz os políticos parecer bons”. Alguns analistas têm sugerido que essa mensagem faz eco entre muitos dos eleitores de Trump porque eles enfrentam condições econômicas mais difíceis em regiões desproporcionalmente prejudicadas pela globalização.

Independentemente da política, contudo, a ansiedade econômica nos Estados Unidos está piorando. A pesquisa diz que ela está 20% mais alta que no ano passado. Três em cada dez pessoas temem perder o emprego nos próximos seis meses, o que é três vezes mais que o número de pessoas que pensavam assim há um ano, e 39% disseram que perdem o sono por causa de suas contas.

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Um em cada quatro americanos “desconfia completamente” dos dados econômicos divulgados pelo governo federal, segundo uma nova pesquisa. Mas essa desconfiança depende largamente da preferência política.

Cerca de metade dos defensores de Donald Trump, candidato republicano a presidente, disseram que não consideram confiáveis os relatórios do governo federal, de acordo com um levantamento feito pelo programa Marketplace, da National Public Radio, e pela Edison Research. Cinco por cento das pessoas que apoiam Hillary Clinton, candidata presidencial democrata, disseram achar a mesma coisa.

Questionar a legitimidade das estatísticas tem sido uma tática conservadora há anos, escreveu Ryan Teague Beckwith, editor sênior da revista Time, em um artigo recente. “Muitos políticos republicanos têm questionado as pesquisas sobre mudanças climáticas”, escreveu ele, “e alguns eleitores do candidato republicano Mitt Romney argumentaram que os números do Escritório de Estatísticas Trabalhistas foram de algum modo manipulados em 2012”. O sr. Beckwith acrescentou que, em 2011, Rick Perry, governador do Texas na época, sugeriu que o Federal Reserve estava brincando de fazer política com suas políticas monetárias.

“Mas”, escreveu o sr. Beckwith, “Trump é o único que conseguiu amarrar todas essas críticas em algo que resulta em uma visão de mundo coerente. É um mundo em que tudo é político e as instituições não são algo em que se possa confiar.”

O sr. Beckwith também destacou que o sr. Trump tem chamado a taxa de desemprego nos Estados Unidos de “uma das maiores farsas da política americana moderna”. O sr. Trump também disse que o índice, que foi de 5% em setembro, é “apenas um número fajuto que faz os políticos parecer bons”. Alguns analistas têm sugerido que essa mensagem faz eco entre muitos dos eleitores de Trump porque eles enfrentam condições econômicas mais difíceis em regiões desproporcionalmente prejudicadas pela globalização.

Independentemente da política, contudo, a ansiedade econômica nos Estados Unidos está piorando. A pesquisa diz que ela está 20% mais alta que no ano passado. Três em cada dez pessoas temem perder o emprego nos próximos seis meses, o que é três vezes mais que o número de pessoas que pensavam assim há um ano, e 39% disseram que perdem o sono por causa de suas contas.

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