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Republicanos são os verdadeiros extremistas

Ainda que o Partido Republicano atual não consiga fazer políticas econômicas, ele comanda uma poderosa máquina de propaganda.

TRUMP: O ataque aos democratas em larga escala tem se baseado em demonizar duas novas integrantes do Congresso / REUTERS/Jim Young/File Photo
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Da Redação

Publicado em 25 de abril de 2019 às 12h53.

Todas as principais políticas econômicas de Donald Trump vêm falhando significativamente, politicamente ou as duas coisas. Seu maior feito legislativo, o corte de impostos de 2017, permanece impopular. Os ataques dele ao Obamacare só fizeram o apoio público ao programa aumentar. Sua campanha de medo cimentou a oposição da maioria ao muro proposto por ele na fronteira dos EUA com o México.

Mesmo assim, ainda que o Partido Republicano atual não consiga fazer políticas econômicas, ele comanda uma poderosa máquina de propaganda. E essa máquina hoje está dedicada a uma estratégia de pintar os democratas como extremistas. Pode funcionar, mas não deveria, porque os extremistas não são os democratas, mas sim os republicanos.

O ataque aos democratas em larga escala tem se baseado em demonizar duas novas integrantes do Congresso, as deputadas Ilhan Omar e Alexandria Ocasio-Cortez.  Omar é muçulmana, e os suspeitos de sempre vêm se aproveitando disso, usando uma fala dela fora de contexto para retratá-la, de um modo completamente falso, como simpática aos terroristas. A.O.C., que se define como uma democrata socialista – na verdade ela é apenas uma social-democrata – tem sido alvo de uma cobertura obcecada por parte da direita. Durante seis semanas, a Fox New e a Fox Business a mencionaram mais de 3 mil vezes, invariavelmente retratando-a como ignorante, radical ou as duas coisas.

Certamente não é coincidência que os dois principais alvos sejam mulheres negras; em certo sentido, supostas preocupações sobre “extremismo” são só um disfarce para sexismo e nacionalismo branco. Ainda assim, vale destacar que, embora tanto Omar quanto A.O.C. estejam à esquerda do Partido Democrata, nenhuma delas está abrindo caminho para posições políticas que sejam extremas quando comparadas às visões de especialistas ou mesmo da opinião pública.

Considerem a célebre defesa de A.O.C. de uma taxação de 70% sobre as rendas muito altas. Economistas que conhecem alguma coisa de finanças públicas reconheceram na hora o percentual como algo saído de um artigo amplamente citado de Peter Diamond e Emmanuel Saez, duas das principais lideranças deste campo. Você não precisa concordar com a análise deles para admitir que, muito diferente de demonstrar ignorância, A.O.C. estava na verdade se baseando em pesquisas sólidas.

Nem mesmo o público considera a ideia ultrajante. Uma esmagadora maioria acredita que a população de alta renda paga muito poucos impostos, e as pesquisas mostram apoio amplo à proposta de A.O.C..

Virou extremismo ecoar os principais especialistas e refletir a opinião popular? Na verdade, o que a posição de A.O.C. na ala esquerda dos democratas nos diz é que o partido como um todo está, para dizer o mínimo, à direita do público geral nos principais temas de política econômica.

Os republicanos, por outro lado, é que realmente são extremistas. Como os pesquisadores do Congresso Thomas Mann e Norman Ornstein disseram em 2012, muito antes da ascensão de Trump, o Partido Republicano contemporâneo é “ideologicamente extremo” e desinteressado por “fatos, evidências e ciência”. Por exemplo, as principais figuras do partido frequentemente descartam o aquecimento global como um fraude cometida por uma conspiração global ampla.

Ou então, considerem os pontos de vista de Stephen Moore, que Trump está tentando botar na diretoria do Federal Reserve.

O que vocês precisam saber sobre Moore, além da inaptidão dele para entender os fatos corretamente, é que, ao contrário de Herman Cain, o outro escolhido de Trump para o Fed, ele é praticamente parte do establishment de direita. Ele foi colunista de editoriais do The Wall Street Journal, é ex-economista-chefe da Heritage Foundation e presença garantida em conferências como a FreedomFest. Dado este histórico, talvez não seja surpresa o fato de ele acreditar com todas as forças em doutrinas econômicas fracassadas, em particular na insistência de que cortes de impostos para os ricos têm efeitos econômicos mágicos.

O que está vindo à tona só agora, porém, é a extensão do extremismo político de Moore. Muitas das declarações dele – como a de que “o capitalismo é muito mais importante do que a democracia” – soam como uma paródia que um liberal faria do conservadorismo. Mas não é uma caricatura; O Sr. Moore nos mostra o que a direita de fato pensa.

Eu já mencionei que uma esmagadora maioria dos americanos acredita que os ricos pagam muito pouco em impostos. Moore, por outro lado, quer eliminar a taxação de renda e substituí-la por impostos sobre vendas, transferindo o fardo tributário dos ricos para a classe média de maneira dramática. Fora isso, ele chamou a 16ª Emenda, que criou o imposto de renda federal, de “o ato mais maligno já aprovado em 100 anos”.

Ele também quer privatizar a Previdência Social, um programa que é amplamente popular e a base da garantia de aposentadoria dos trabalhadores americanos. Por Moore, a Previdência seria convertida em um sistema oferecido pelas empresas a seus funcionários. Ele também se opõe ferozmente ao Medicaid, que atende 65 milhões de americanos.

Finalmente, Moore vem propondo, antecipadamente, um expurgo na instituição onde o Trump quer que ele entre, pedindo a demissão de “centenas” de economistas “inúteis” do Federal Reserve. Presume-se que esses sejam os economistas que consideraram taxas baixas de juros e expansão monetária ferramentas valiosas para combater a Grande Recessão, na mesma época em que Moore previa que essas políticas causariam uma disparada da inflação. Adivinhem quem estava certo.

Ou seja, mesmo que você escolha a dedo os democratas de esquerda para perseguir, um olhar sobre as reais posições deles revelam que elas não são nada extremas. Ao mesmo tempo, os pilares do establishment de direita mantêm posições profundamente contrárias tanto às evidências quanto à opinião pública. Os republicanos são os reais extremistas.

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Todas as principais políticas econômicas de Donald Trump vêm falhando significativamente, politicamente ou as duas coisas. Seu maior feito legislativo, o corte de impostos de 2017, permanece impopular. Os ataques dele ao Obamacare só fizeram o apoio público ao programa aumentar. Sua campanha de medo cimentou a oposição da maioria ao muro proposto por ele na fronteira dos EUA com o México.

Mesmo assim, ainda que o Partido Republicano atual não consiga fazer políticas econômicas, ele comanda uma poderosa máquina de propaganda. E essa máquina hoje está dedicada a uma estratégia de pintar os democratas como extremistas. Pode funcionar, mas não deveria, porque os extremistas não são os democratas, mas sim os republicanos.

O ataque aos democratas em larga escala tem se baseado em demonizar duas novas integrantes do Congresso, as deputadas Ilhan Omar e Alexandria Ocasio-Cortez.  Omar é muçulmana, e os suspeitos de sempre vêm se aproveitando disso, usando uma fala dela fora de contexto para retratá-la, de um modo completamente falso, como simpática aos terroristas. A.O.C., que se define como uma democrata socialista – na verdade ela é apenas uma social-democrata – tem sido alvo de uma cobertura obcecada por parte da direita. Durante seis semanas, a Fox New e a Fox Business a mencionaram mais de 3 mil vezes, invariavelmente retratando-a como ignorante, radical ou as duas coisas.

Certamente não é coincidência que os dois principais alvos sejam mulheres negras; em certo sentido, supostas preocupações sobre “extremismo” são só um disfarce para sexismo e nacionalismo branco. Ainda assim, vale destacar que, embora tanto Omar quanto A.O.C. estejam à esquerda do Partido Democrata, nenhuma delas está abrindo caminho para posições políticas que sejam extremas quando comparadas às visões de especialistas ou mesmo da opinião pública.

Considerem a célebre defesa de A.O.C. de uma taxação de 70% sobre as rendas muito altas. Economistas que conhecem alguma coisa de finanças públicas reconheceram na hora o percentual como algo saído de um artigo amplamente citado de Peter Diamond e Emmanuel Saez, duas das principais lideranças deste campo. Você não precisa concordar com a análise deles para admitir que, muito diferente de demonstrar ignorância, A.O.C. estava na verdade se baseando em pesquisas sólidas.

Nem mesmo o público considera a ideia ultrajante. Uma esmagadora maioria acredita que a população de alta renda paga muito poucos impostos, e as pesquisas mostram apoio amplo à proposta de A.O.C..

Virou extremismo ecoar os principais especialistas e refletir a opinião popular? Na verdade, o que a posição de A.O.C. na ala esquerda dos democratas nos diz é que o partido como um todo está, para dizer o mínimo, à direita do público geral nos principais temas de política econômica.

Os republicanos, por outro lado, é que realmente são extremistas. Como os pesquisadores do Congresso Thomas Mann e Norman Ornstein disseram em 2012, muito antes da ascensão de Trump, o Partido Republicano contemporâneo é “ideologicamente extremo” e desinteressado por “fatos, evidências e ciência”. Por exemplo, as principais figuras do partido frequentemente descartam o aquecimento global como um fraude cometida por uma conspiração global ampla.

Ou então, considerem os pontos de vista de Stephen Moore, que Trump está tentando botar na diretoria do Federal Reserve.

O que vocês precisam saber sobre Moore, além da inaptidão dele para entender os fatos corretamente, é que, ao contrário de Herman Cain, o outro escolhido de Trump para o Fed, ele é praticamente parte do establishment de direita. Ele foi colunista de editoriais do The Wall Street Journal, é ex-economista-chefe da Heritage Foundation e presença garantida em conferências como a FreedomFest. Dado este histórico, talvez não seja surpresa o fato de ele acreditar com todas as forças em doutrinas econômicas fracassadas, em particular na insistência de que cortes de impostos para os ricos têm efeitos econômicos mágicos.

O que está vindo à tona só agora, porém, é a extensão do extremismo político de Moore. Muitas das declarações dele – como a de que “o capitalismo é muito mais importante do que a democracia” – soam como uma paródia que um liberal faria do conservadorismo. Mas não é uma caricatura; O Sr. Moore nos mostra o que a direita de fato pensa.

Eu já mencionei que uma esmagadora maioria dos americanos acredita que os ricos pagam muito pouco em impostos. Moore, por outro lado, quer eliminar a taxação de renda e substituí-la por impostos sobre vendas, transferindo o fardo tributário dos ricos para a classe média de maneira dramática. Fora isso, ele chamou a 16ª Emenda, que criou o imposto de renda federal, de “o ato mais maligno já aprovado em 100 anos”.

Ele também quer privatizar a Previdência Social, um programa que é amplamente popular e a base da garantia de aposentadoria dos trabalhadores americanos. Por Moore, a Previdência seria convertida em um sistema oferecido pelas empresas a seus funcionários. Ele também se opõe ferozmente ao Medicaid, que atende 65 milhões de americanos.

Finalmente, Moore vem propondo, antecipadamente, um expurgo na instituição onde o Trump quer que ele entre, pedindo a demissão de “centenas” de economistas “inúteis” do Federal Reserve. Presume-se que esses sejam os economistas que consideraram taxas baixas de juros e expansão monetária ferramentas valiosas para combater a Grande Recessão, na mesma época em que Moore previa que essas políticas causariam uma disparada da inflação. Adivinhem quem estava certo.

Ou seja, mesmo que você escolha a dedo os democratas de esquerda para perseguir, um olhar sobre as reais posições deles revelam que elas não são nada extremas. Ao mesmo tempo, os pilares do establishment de direita mantêm posições profundamente contrárias tanto às evidências quanto à opinião pública. Os republicanos são os reais extremistas.

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