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Por que precisamos de modelos econômicos

Estou tentando analisar o relatório que Chris Sims apresentou no fim do mês passado na conferência do Federal Reserve em Jackson Hole, Wyoming, sobre a dominância fiscal da política monetária, e estou tendo uma certa dificuldade. O Sr. Sims, que é economista em Princeton, sugere que na verdade se trata de uma questão simples, obscurecida […]

TRABALHADORES NO WORLD TRADE CENTER: os déficits têm de ser encarados como algo a ser financiado pela inflação futura, não por futuros impostos ou cortes de gastos / George Etheredge/The New York Times
TRABALHADORES NO WORLD TRADE CENTER: os déficits têm de ser encarados como algo a ser financiado pela inflação futura, não por futuros impostos ou cortes de gastos / George Etheredge/The New York Times
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Paul Krugman

Publicado em 12 de setembro de 2016 às, 11h10.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às, 18h48.

Estou tentando analisar o relatório que Chris Sims apresentou no fim do mês passado na conferência do Federal Reserve em Jackson Hole, Wyoming, sobre a dominância fiscal da política monetária, e estou tendo uma certa dificuldade.

O Sr. Sims, que é economista em Princeton, sugere que na verdade se trata de uma questão simples, obscurecida pelas complexidades dos modelos econômicos formais. Mas eu receio que ele inadvertidamente tenha nos dado uma demonstração de como os modelos formais podem efetivamente ser úteis para checar argumentos verbais que parecem plausíveis mas não se sustentam. Este, por sinal, é um problema que eu encontrei um bocado quando conversei com defensores do “caminhão de dinheiro” (i.é, estímulo monetário agressivo), que é meio que para onde está indo o Sr. Sims.

Só para esclarecer, eu sou totalmente favorável à expansão fiscal em qualquer situação. Eu até mesmo estou relutante em questionar os argumentos em defesa do caminhão de dinheiro, com receito de que meu ceticismo intelectual sirva de munição para aqueles que ainda estão possuídos por instintos austeros. Mas creio que eu vou precisar me pronunciar aqui, apesar disso.

Eis o Sr. Sims falando aqui sobre política fiscal: “A expansão fiscal pode substituir as políticas monetárias ineficazes no limite inferior zero, mas expansão fiscal não é a mesma coisa que financiamento do déficit. Ela requer déficits voltados à – e condicionados pela – geração de inflação. Os déficits têm de ser encarados como algo a ser financiado pela inflação futura, não por futuros impostos ou cortes de gastos.”

Creio que ele está dizendo que a expansão fiscal só funciona se levar a um aumento na inflação esperada. Ou talvez não – a verdade é que eu não tenho certeza, o que é um problema com argumentos que são pura e excessivamente verbais. Mas com certeza é algo que eu já ouvi das pessoas-caminhão, que alertam que algo como a equivalência ricardiana vai minar a expansão fiscal a menos que seja financiada por dinheiro.

Porém, isto é uma incompreensão da equivalência ricardiana em dois aspectos. Primeiro, como eu repetidamente tenho tentado explicar, um aumento temporário nas compras governamentais de bens e serviços não vai ser amortizado pelas expectativas de impostos futuros, mesmo se estiver valendo a equivalência ricardiana plena.

Segundo, menos relevante ao Sr. Sims mas bastante relevante para outras pessoas-caminhão, um déficit no fim das contas financiado pela inflação é um fardo tão grande nas famílias quanto um financiado no fim das contas por impostos comuns, até porque a inflação é um tipo de imposto sobre quem tem dinheiro. De um ponto de vista ricardiano, não há diferença.

Logo, eu estou tentando entender exatamente o que o Sr. Sims está dizendo. Qual é o modelo dele? O pequeno modelo de armadilha da liquidez que eu bolei lá atrás, em 1998, é voltado para o futuro e incorpora implicitamente a limitação orçamentária do governo, mas não se assemelha à história do Sr. Sims.

O que exatamente ele está fazendo de diferente? Estou confuso – e espero que não seja porque eu sou estúpido.

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