Num país mais seguro, uma campanha de medo
Se você quiser se sentir bem sobre a situação dos Estados Unidos, uma ótima ideia é fazer como eu uma manhã dessas: correr no Riverside Park, na cidade de Nova York. Há gente de todas as idades e raças se exercitando, passeando de mãos dadas, brincando com seus cachorros, batendo bola e jogando frisbees. Há […]
Publicado em 2 de agosto de 2016 às, 12h28.
Última atualização em 22 de junho de 2017 às, 18h30.
Se você quiser se sentir bem sobre a situação dos Estados Unidos, uma ótima ideia é fazer como eu uma manhã dessas: correr no Riverside Park, na cidade de Nova York. Há gente de todas as idades e raças se exercitando, passeando de mãos dadas, brincando com seus cachorros, batendo bola e jogando frisbees. Há uns poucos moradores de rua, mas em geral o clima é agradável — nova-iorquinos tendem a ser apressados, mas não antipáticos – e, vá lá, bom.
Sim, aquela parte da cidade, o Upper West Side, é abastada. Ainda assim, tenho visto Nova York há décadas, e a cidade nunca esteve tão agradável e segura quanto é agora. E esta é a cidade grande, malvada!
O ponto é que a experiência de vida confirma o que as estatísticas dizem sobre os Estados Unidos: o crime nunca chegou a um nível tão baixo e a sociedade há gerações não está tão segura. O que, naturalmente, nos leva à artimanha de Donald Trump na recente Convenção Nacional Republicana, na qual aceitou a indicação do partido à disputa presidencial. Será que ele consegue causar temores como os sentidos em 1968 com relação a raça, crime e violência política em um país que não parece, não se sente e não é semelhante ao daquela época?
Eu queria ter certeza de que não consegue. Ao contrário do que eles próprios notam, muitos eleitores que simpatizam com republicanos aparentemente acreditam que a economia americana está terrível — que o ótimo mercado de trabalho que eles veem é apenas uma aberração local. Para eles, “crime” pode não significar realmente “crime” — pode ser só um código para “gente parda”.
Meu palpite é que esta tática não vai funcionar, até porque a aliança democrática é fundamentalmente maior do que a republicana, e porque o Sr. Trump será uma excelente isca de votos para os democratas. Mas um pouco de certeza seria muito bem-vindo.
© 2016 The New York Times