Não culpem a macroeconomia
Debater o estado da economia parece uma preocupação distintamente secundária neste momento, especialmente se for para discutir com pessoas com quem eu concordo na maioria dos temas. Mas um recente artigo distribuído do economista Robert Skidelsky errou feio em algo grande, e eu creio que faça diferença em como abordamos a bagunça geral em que […]
Da Redação
Publicado em 13 de janeiro de 2017 às 16h15.
Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h27.
Debater o estado da economia parece uma preocupação distintamente secundária neste momento, especialmente se for para discutir com pessoas com quem eu concordo na maioria dos temas. Mas um recente artigo distribuído do economista Robert Skidelsky errou feio em algo grande, e eu creio que faça diferença em como abordamos a bagunça geral em que nos econtramos.
O Sr. Skideslky argumenta, muito corretamente, que os economistas se tornaram introspectivos demais. Eles estudam modelos, e esquecem (ou nunca souberam) que esses são apenas rascunhos de mapas do território, e que os economistas sempre têm de considerar a hipótese de que seus mapas estejam completamente errados – o que significa que o treino técnico precisa ser complementado com a história, psicologia e simples observação do mundo real.
Contudo, os principais exemplos de desvios econômicos apresentados pelo sr. Skideslky são, bem, terríveis: “Os legisladores não sabem o que fazer”, escreve ele. “Eles puxam as alavancas de costume (e as incomuns) e nada acontece. A flexibilização quantitativa deveria trazer a inflação ‘de volta à meta’. Não trouxe. A contração fiscal deveria restaurar a confiança. Não restaurou.”
“Deveria” segundo quem? Não de acordo com a macroeconomia básica!
Nós tínhamos um modelo macroeconômico mais ou menos padrão para quando as taxas de juros estão próximas de zero. Esse modelo determinava, e ainda o faz, que (a) a política monetária é ineficaz nessas condições e (b) os multiplicadores fiscais são positivos e variados – em particular, o aperto fiscal é fortemente contracionário. E essas previsões se confirmaram. A grande expansão monetária não elevou a inflação: a austeridade extrema esteve fortemente correlacionada com as crises econômicas graves.
Em outras palavras, a política teve exatamente os efeitos que “deveria” ter.
Claro, os legisladores escolheram não acreditar nisso. Eles decidiram acreditar que a política monetária poderia dar conta do serviço sem o apoio fiscal, porque por diversas razões eles se recusaram a usar a política fiscal para a promoção de empregos. Eles escolheram acreditar na fada da confiança para justificar ataques ao estado de bem-estar social, porque era o que eles queriam fazer. E sim, alguns economistas deram cobertura a eles.
Mas isso é uma história muito diferente de dizer que a economia fracassou em dar uma orientação útil. Pelo contrário, ela ofereceu recomendações extremamente úteis, que os legisladores, por razões políticas, ignoraram.
Debater o estado da economia parece uma preocupação distintamente secundária neste momento, especialmente se for para discutir com pessoas com quem eu concordo na maioria dos temas. Mas um recente artigo distribuído do economista Robert Skidelsky errou feio em algo grande, e eu creio que faça diferença em como abordamos a bagunça geral em que nos econtramos.
O Sr. Skideslky argumenta, muito corretamente, que os economistas se tornaram introspectivos demais. Eles estudam modelos, e esquecem (ou nunca souberam) que esses são apenas rascunhos de mapas do território, e que os economistas sempre têm de considerar a hipótese de que seus mapas estejam completamente errados – o que significa que o treino técnico precisa ser complementado com a história, psicologia e simples observação do mundo real.
Contudo, os principais exemplos de desvios econômicos apresentados pelo sr. Skideslky são, bem, terríveis: “Os legisladores não sabem o que fazer”, escreve ele. “Eles puxam as alavancas de costume (e as incomuns) e nada acontece. A flexibilização quantitativa deveria trazer a inflação ‘de volta à meta’. Não trouxe. A contração fiscal deveria restaurar a confiança. Não restaurou.”
“Deveria” segundo quem? Não de acordo com a macroeconomia básica!
Nós tínhamos um modelo macroeconômico mais ou menos padrão para quando as taxas de juros estão próximas de zero. Esse modelo determinava, e ainda o faz, que (a) a política monetária é ineficaz nessas condições e (b) os multiplicadores fiscais são positivos e variados – em particular, o aperto fiscal é fortemente contracionário. E essas previsões se confirmaram. A grande expansão monetária não elevou a inflação: a austeridade extrema esteve fortemente correlacionada com as crises econômicas graves.
Em outras palavras, a política teve exatamente os efeitos que “deveria” ter.
Claro, os legisladores escolheram não acreditar nisso. Eles decidiram acreditar que a política monetária poderia dar conta do serviço sem o apoio fiscal, porque por diversas razões eles se recusaram a usar a política fiscal para a promoção de empregos. Eles escolheram acreditar na fada da confiança para justificar ataques ao estado de bem-estar social, porque era o que eles queriam fazer. E sim, alguns economistas deram cobertura a eles.
Mas isso é uma história muito diferente de dizer que a economia fracassou em dar uma orientação útil. Pelo contrário, ela ofereceu recomendações extremamente úteis, que os legisladores, por razões políticas, ignoraram.