Matando a saúde, sem um substituto em vista
Talvez você esteja surpreso com o pânico evidente tomando conta agora dos republicanos, que enfim – graças ao diretor do FBI James Comey e o presidente russo Vladimir Putin – estão em posição de fazer o que eles sempre desejaram: matar a Lei da Saúde Acessível. Como pode eles não terem preparado um programa de […]
Da Redação
Publicado em 20 de janeiro de 2017 às 10h00.
Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h19.
Talvez você esteja surpreso com o pânico evidente tomando conta agora dos republicanos, que enfim – graças ao diretor do FBI James Comey e o presidente russo Vladimir Putin – estão em posição de fazer o que eles sempre desejaram: matar a Lei da Saúde Acessível.
Como pode eles não terem preparado um programa de saúde substituto?
Isso é, talvez você esteja surpreso se tiver passado toda a era Obama sem prestar atenção a temas significativos da política – o que é uma ótima descrição de como agiram os republicanos.
Desde o início, aqueles de nós que pensaram sobre isso concluíram que algo como uma cobertura universal de saúde só poderia ser implementada de uma de duas maneiras possíveis: por meio de um sistema de pagador único, o que não seria politicamente possível, ou por um tripé com regras, atribuições e subsídios.
Eis o que eu escrevi sobre isso há sete anos em um post no blog: “Parta da premissa de que nós não queremos negar a nossos compatriotas cobertura para doenças preexistentes – o que é uma posição bastante popular, tanto que até mesmo conservadores a defendem, ou no mínimo fingem fazê-lo.
“Sendo assim, por que não apenas decretar qualificação universal – ou proibir discriminação com base no histórico médico?
“Bem, a resposta, apoiada por muita experiência do mundo real, é que isso leva a uma espiral negativa de seleção de morte: as pessoas ricas escolhem ficar sem plano até que fiquem doentes, o que gera um grupo de risco pobre, o que gera prêmios de seguro elevados, o que gera ainda mais pessoas saudáveis desistindo dos planos.
“Assim, você tem de fundamentar a qualificação universal com uma obrigação individual: as pessoas precisam contratar um plano médico mesmo que elas não achem que precisam de um hoje.
“Mas e se elas não puderem pagar por um plano?
“Bem, você precisaria ter subsídios que cobrissem parte dos prêmios para os americanos de baixa renda.
“Em resumo, no fim você tem a lei da saúde que está prestes a ser implementada. Não há quase nada de arbitrário na estrutura: Uma vez que a escolha foi confiar nas seguradores privadas em lugar de um sistema de pagador único – e veja, o pagador único não ia acontecer -, teria de ser mais ou menos o que nós estamos vendo. Não tinha a ver com ideologia ou ganância, mas sim com fazer a coisa dar certo.”
É impressionante até que ponto os conservadores fizeram vista grossa a essa lógica, e que alguns – talvez até a maioria deles – ainda estejam em negação. Mas esse é um dos argumentos de política mais robustos que eu já vi; e quer dizer que você não pode mexer na estrutura básica sem jogar dezenas de milhões de pessoas para fora da cobertura. Você não consegue sequer reduzir muito o gasto – o Obamacare já é de certa forma subfinanciado como está hoje.
O Partido Republicano vai decidir ir em frente mesmo assim e arriscar abrir os olhos dos eleitores da classe trabalhadora para o modo como eles foram embromados? Eu não faço ideia.
Talvez você esteja surpreso com o pânico evidente tomando conta agora dos republicanos, que enfim – graças ao diretor do FBI James Comey e o presidente russo Vladimir Putin – estão em posição de fazer o que eles sempre desejaram: matar a Lei da Saúde Acessível.
Como pode eles não terem preparado um programa de saúde substituto?
Isso é, talvez você esteja surpreso se tiver passado toda a era Obama sem prestar atenção a temas significativos da política – o que é uma ótima descrição de como agiram os republicanos.
Desde o início, aqueles de nós que pensaram sobre isso concluíram que algo como uma cobertura universal de saúde só poderia ser implementada de uma de duas maneiras possíveis: por meio de um sistema de pagador único, o que não seria politicamente possível, ou por um tripé com regras, atribuições e subsídios.
Eis o que eu escrevi sobre isso há sete anos em um post no blog: “Parta da premissa de que nós não queremos negar a nossos compatriotas cobertura para doenças preexistentes – o que é uma posição bastante popular, tanto que até mesmo conservadores a defendem, ou no mínimo fingem fazê-lo.
“Sendo assim, por que não apenas decretar qualificação universal – ou proibir discriminação com base no histórico médico?
“Bem, a resposta, apoiada por muita experiência do mundo real, é que isso leva a uma espiral negativa de seleção de morte: as pessoas ricas escolhem ficar sem plano até que fiquem doentes, o que gera um grupo de risco pobre, o que gera prêmios de seguro elevados, o que gera ainda mais pessoas saudáveis desistindo dos planos.
“Assim, você tem de fundamentar a qualificação universal com uma obrigação individual: as pessoas precisam contratar um plano médico mesmo que elas não achem que precisam de um hoje.
“Mas e se elas não puderem pagar por um plano?
“Bem, você precisaria ter subsídios que cobrissem parte dos prêmios para os americanos de baixa renda.
“Em resumo, no fim você tem a lei da saúde que está prestes a ser implementada. Não há quase nada de arbitrário na estrutura: Uma vez que a escolha foi confiar nas seguradores privadas em lugar de um sistema de pagador único – e veja, o pagador único não ia acontecer -, teria de ser mais ou menos o que nós estamos vendo. Não tinha a ver com ideologia ou ganância, mas sim com fazer a coisa dar certo.”
É impressionante até que ponto os conservadores fizeram vista grossa a essa lógica, e que alguns – talvez até a maioria deles – ainda estejam em negação. Mas esse é um dos argumentos de política mais robustos que eu já vi; e quer dizer que você não pode mexer na estrutura básica sem jogar dezenas de milhões de pessoas para fora da cobertura. Você não consegue sequer reduzir muito o gasto – o Obamacare já é de certa forma subfinanciado como está hoje.
O Partido Republicano vai decidir ir em frente mesmo assim e arriscar abrir os olhos dos eleitores da classe trabalhadora para o modo como eles foram embromados? Eu não faço ideia.