Lições econômicas dos anos 70
Quanto eu não estou tentando fazer alguma coisa sobre o horror político se desdobrando nos Estados Unidos, estou revisando capítulos de livros e me preparando para várias palestras na Europa, inclusive uma que dei recentemente em Genebra sobre as lições macroeconômicas adquiridas com experiências recentes (assista-a aqui: bit.ly/2aMrDtR). E tenho me visto voltando a um […]
Publicado em 29 de setembro de 2016 às, 12h04.
Última atualização em 22 de junho de 2017 às, 18h27.
Quanto eu não estou tentando fazer alguma coisa sobre o horror político se desdobrando nos Estados Unidos, estou revisando capítulos de livros e me preparando para várias palestras na Europa, inclusive uma que dei recentemente em Genebra sobre as lições macroeconômicas adquiridas com experiências recentes (assista-a aqui: bit.ly/2aMrDtR). E tenho me visto voltando a um tema em que toquei algumas vezes ao longo dos anos: Me parece, muitas vezes, que tanto os economistas quanto os legisladores de políticas econômicas teriam feito um trabalho melhor de responder à crise financeira se tivessem usado uma caixa de ferramentas teóricas antiquada baseada em, digamos, aquilo que os keynesianos espertos acreditavam por volta de 1970.
Ultimamente eu tenho dado um rosto à minha teoria: Eu gosto de imaginar como nós teríamos respondido se estivéssemos seguindo conselhos de um personagem que eu vejo como uma espécie de “James Tobin imaginário”. Me peguei relendo alguns dos escritos do falecido economista daquele período, e eles foram uma revelação.
Permitam-me focar em particular no discurso presidencial de 1972 do Sr. Tobin, dirigido à Associação Econômica Americana, intitulado “Inflação e Desemprego”. Eu me lembro de como aquele pronunciamento foi recebido entre meus colegas alunos da graduação: Foi visto como o último recurso do Sr. Tobin – um ataque desesperado pela retaguarda no debate com Milton Friedman sobre o conceito de taxa natural. E todo mundo sabia que o Sr. Friedman venceu aquela discussão, o que foi confirmado pela estagflação.
Exceto pelo fato de que, se você ler o Sr. Tobin hoje, ele é quem parece estar com a razão. Ele argumenta que a Curva de Phillips de longo prazo provavelmente não é vertical com a inflação baixa, talvez por causa da rigidez nominal descendente combinada com o churn, de modo que alguns mercados de trabalho se encontram naquele limite mais baixo, enquanto outros não. E o Sr. Tobin oferece uma observação empírica perspicaz para justificar sua posição: a necessidade de evitar, como ele coloca, “a implicação, empiricamente questionável no conceito de taxa natural, de que taxas de desemprego apenas ligeiramente maiores que a taxa crítica desencadearão uma deflação acelerada. As Curvas de Phillips parecem estar bastante achatada quando as taxas de desemprego estão altas. Durante a grande contração de 1930-33, as taxas salariais demoraram a ceder mesmo diante de um desemprego em massa e de uma deflação substancial nos preços ao consumidor. Finalmente, em 1932 e 1933 as taxas de remuneração em dinheiro caíram de modo mais acentuado, em resposta ao desemprego prolongado, demissões, fechamentos, e às ameaças e temores de mais do mesmo.”
Sem dúvida, a volta do desemprego em massa depois de 2008 não fez muita coisa no sentido de quedas salariais, com exceção, finalmente, após anos de desemprego em níveis da Depressão, na Grécia.
Quando se fala sobre os temas que uma geração anterior entendeu melhor que muitos dos macroeconomistas modernos, eu geralmente foco na perspectiva da demanda. Mas do ponto de vista da oferta agregada, os antigos eram o que havia de melhor.