EUA, este país desconhecido
Depois desta eleição, o que nós descobrimos é que gente como eu, e provavelmente como a maioria dos leitores do The New York Times, não entendeu realmente o país em que vivemos. Nós imaginávamos que nossos compatriotas, no fim, não votariam em um candidato tão flagrantemente desqualificado para um cargo elevado, tão temperamentalmente insensato, tão […]
Publicado em 14 de novembro de 2016 às, 12h49.
Última atualização em 22 de junho de 2017 às, 18h31.
Depois desta eleição, o que nós descobrimos é que gente como eu, e provavelmente como a maioria dos leitores do The New York Times, não entendeu realmente o país em que vivemos. Nós imaginávamos que nossos compatriotas, no fim, não votariam em um candidato tão flagrantemente desqualificado para um cargo elevado, tão temperamentalmente insensato, tão assustador ainda que ridículo.
Nós achávamos que o país, embora longe de ter transcendido o preconceito racial e a misoginia, tinha se tornado amplamente mais aberto e tolerante ao longo do tempo.
Nós achávamos que a grande maioria dos americanos valorizava normas democráticas e o Estado de direito.
Nós estávamos errados. Acontece que há um grande número de pessoas – gente branca, morando principalmente em áreas rurais – que não compartilha de modo algum com nossa ideia de América. Para estes, tem tudo a ver com sangue e território, com patriarquia tradicional e hierarquia racial. E apareceram muitas outras pessoas que podem não compartilhar desses valores antidemocráticos, mas que de qualquer jeito estavam dispostas a votar em qualquer um que levasse o rótulo de republicano.
Não sei como seguimos em frente a partir daqui. Seria a América um estado e sociedade falida? Parece realmente possível.
Imagino que tenhamos de nos levantar e encontrar um jeito de seguir em frente, mas esta foi uma noite de revelações terríveis, e não creio que seja egoísta sentir um desespero profundo.