E lá se vai a disparidade
Parece história antiga agora, mas há cinco anos houve um notável consenso no governo de que o elevado desemprego nos Estados Unidos era estrutural, o resultado de uma disparidade entre as capacidades que os trabalhadores possuíam e as que a economia necessitava. O que tornou aquele consenso notável foi que todos os sinais apontavam para […]
Publicado em 16 de agosto de 2017 às, 11h42.
Parece história antiga agora, mas há cinco anos houve um notável consenso no governo de que o elevado desemprego nos Estados Unidos era estrutural, o resultado de uma disparidade entre as capacidades que os trabalhadores possuíam e as que a economia necessitava.
O que tornou aquele consenso notável foi que todos os sinais apontavam para a outra direção: Nenhum dos indícios de uma disparidade de capacidades, como salários altos para alguns grupos apesar do desemprego elevado, eram visíveis.
Enquanto isso, montes de outras evidências – como o fato de que o desemprego registrava sua queda mais rápida nos mesmos lugares e ocupações em que mais havia crescido – apontavam para uma história cíclica. Isto é, que a economia simplesmente estava sofrendo de uma demanda inadequada.
No entanto, o pensamento de grupo era tão forte que as análises nos jornais em geral apresentavam a história estrutural como se fosse a verdade sabida, sem sequer tomar conhecimento do caso contrário.
Pois aqui estamos nós, sem um aperfeiçoamento óbvio da força de trabalho, mas com os índices de desemprego atualmente abaixo dos níveis pré-crise (4,3% em julho), com o emprego dos adultos não muito mais abaixo de onde estava, e ainda sem uma pressão salarial. As pessoas ficaram irritadas quando eu chamei a história estrutural de lorota, mas era uma lorota, afinal.
Por que isso importa agora?
As pessoas que tinham certeza de que era algo estrutural ainda estão lá, opinando sobre a política econômica. E embora todos nós cometamos erros, existe algum sinal de que qualquer um deles chegou ao ponto de sequer admitir ter errado nesse episódio, e mais ainda, ter aprendido com a experiência?