A lógica da reforma na Saúde
Tem havido um caos absoluto na frente da reforma do sistema de saúde americano: O Amado Líder garante que dará cobertura para todo mundo; os republicanos explicam que ele não quis dizer isso literalmente; o Departamento Orçamentário do Congresso diz o óbvio, que revogar a Lei dos Serviços de Saúde Acessíveis causaria imensa dificuldade na […]
Da Redação
Publicado em 2 de fevereiro de 2017 às 10h47.
Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h05.
Tem havido um caos absoluto na frente da reforma do sistema de saúde americano: O Amado Líder garante que dará cobertura para todo mundo; os republicanos explicam que ele não quis dizer isso literalmente; o Departamento Orçamentário do Congresso diz o óbvio, que revogar a Lei dos Serviços de Saúde Acessíveis causaria imensa dificuldade na vida de dezenas de milhões de pessoas; os republicanos afirmam que isso é errado, porque eles estão cada vez mais perto de aparecer com uma alternativa um dia desses – você sabe, aquela que eles vêm prometendo há sete anos.
Eu escrevi sobre tudo isso muitas vezes. A lógica do Obamacare – o motivo pelo qual qualquer coisa que vise cobrir uma grande parcela da população que anteriormente não tinha plano de saúde deve ser ou um sistema de pagador único ou algo bastante parecido com a L.S.S.A. – é a coisa mais clara que eu já vi em décadas de discussão sobre políticas públicas. Mas eu não sei se eu alguma vez descrevi os princípios fundamentais que estão por trás da lei.
Então, aí vão: Fornecer serviço de saúde àqueles a quem ele foi negado em outras épocas é, necessariamente, uma questão de redistribuir dos sortudos pros azarados.
Deixada para funcionar sozinha, uma economia de mercado não vai cuidar dos doentes a menos que eles possam pagar por isso. O convênio pode ajudar até certo ponto, mas as operadoras de planos de saúde não têm interesse em dar cobertura a pessoas que elas suspeitam que vão ficar doentes. Ou seja, um mercado sem restrições significa que o serviço de saúde vai apenas para aqueles que são ricos o suficiente para pagar por ele ou saudáveis o bastante para não precisarem dele, ou ambos.
Se esse for um estado de coisas com o qual você se sinta confortável, que assim seja. Mas o público não compartilha da sua sensação. O acesso à saúde é um tema no qual a maioria das pessoas é naturalmente rawlsiana: Elas podem facilmente se ver no lugar daqueles que, mesmo sem ter culpa, passam por problemas médicos caros, e sentem que a sociedade deveria proteger pessoas como elas de amarguras assim.
A questão, contudo, é que garantir o serviço de saúde vem com um preço. Você pode dizer às operadoras de planos de saúde que elas não podem discriminar com base no histórico médico, mas isso só significa que elas vão cobrar prêmios mais altos dos clientes saudáveis – o que por sua vez vai gerar um incentivo para as pessoas sem plano médico até ou a menos que elas fiquem doentes, o que empurrará os prêmios ainda mais para cima. Ou seja, você tem de fiscalizar os indivíduos tanto quanto as seguradoras, exigindo de todo mundo que assinem – isto é, você tem de instituir um decreto. E uma vez que algumas pessoas não conseguem obedecer um determinação desta natureza, você precisa de subsídios, que devem ser tirados dos impostos.
Antes da aprovação e implementação da L.S.S.A., os republicanos dispensavam todos esses argumentos dizendo que a reforma da saúde nunca poderia dar certo nos Estados Unidos. E mesmo agora, eles estão ocupados contando mentiras sobre o seu colapso. Mas nada disso vai disfarçar a perda maciça de acesso aos serviços de saúde na esteira da revogação do Obamacare, com alguns dos eleitores mais fieis dos republicanos figurando entre os maiores prejudicados.
O que resta aos republicanos é o equivalente de um vudu na economia da saúde: Eles invocarão a magia do mercado para que ela forneça de algum modo cobertura médica tão barata que todo mundo vai ser capaz de pagar por ela, não importa qual seja sua renda ou condição médica. Isso é obviamente sem sentido; Acredito que até mesmo o porta-voz da Casa, Paul Ryan, sabe que está contando uma mentira deslavada. Mas isso é tudo o que eles têm.
Tem havido um caos absoluto na frente da reforma do sistema de saúde americano: O Amado Líder garante que dará cobertura para todo mundo; os republicanos explicam que ele não quis dizer isso literalmente; o Departamento Orçamentário do Congresso diz o óbvio, que revogar a Lei dos Serviços de Saúde Acessíveis causaria imensa dificuldade na vida de dezenas de milhões de pessoas; os republicanos afirmam que isso é errado, porque eles estão cada vez mais perto de aparecer com uma alternativa um dia desses – você sabe, aquela que eles vêm prometendo há sete anos.
Eu escrevi sobre tudo isso muitas vezes. A lógica do Obamacare – o motivo pelo qual qualquer coisa que vise cobrir uma grande parcela da população que anteriormente não tinha plano de saúde deve ser ou um sistema de pagador único ou algo bastante parecido com a L.S.S.A. – é a coisa mais clara que eu já vi em décadas de discussão sobre políticas públicas. Mas eu não sei se eu alguma vez descrevi os princípios fundamentais que estão por trás da lei.
Então, aí vão: Fornecer serviço de saúde àqueles a quem ele foi negado em outras épocas é, necessariamente, uma questão de redistribuir dos sortudos pros azarados.
Deixada para funcionar sozinha, uma economia de mercado não vai cuidar dos doentes a menos que eles possam pagar por isso. O convênio pode ajudar até certo ponto, mas as operadoras de planos de saúde não têm interesse em dar cobertura a pessoas que elas suspeitam que vão ficar doentes. Ou seja, um mercado sem restrições significa que o serviço de saúde vai apenas para aqueles que são ricos o suficiente para pagar por ele ou saudáveis o bastante para não precisarem dele, ou ambos.
Se esse for um estado de coisas com o qual você se sinta confortável, que assim seja. Mas o público não compartilha da sua sensação. O acesso à saúde é um tema no qual a maioria das pessoas é naturalmente rawlsiana: Elas podem facilmente se ver no lugar daqueles que, mesmo sem ter culpa, passam por problemas médicos caros, e sentem que a sociedade deveria proteger pessoas como elas de amarguras assim.
A questão, contudo, é que garantir o serviço de saúde vem com um preço. Você pode dizer às operadoras de planos de saúde que elas não podem discriminar com base no histórico médico, mas isso só significa que elas vão cobrar prêmios mais altos dos clientes saudáveis – o que por sua vez vai gerar um incentivo para as pessoas sem plano médico até ou a menos que elas fiquem doentes, o que empurrará os prêmios ainda mais para cima. Ou seja, você tem de fiscalizar os indivíduos tanto quanto as seguradoras, exigindo de todo mundo que assinem – isto é, você tem de instituir um decreto. E uma vez que algumas pessoas não conseguem obedecer um determinação desta natureza, você precisa de subsídios, que devem ser tirados dos impostos.
Antes da aprovação e implementação da L.S.S.A., os republicanos dispensavam todos esses argumentos dizendo que a reforma da saúde nunca poderia dar certo nos Estados Unidos. E mesmo agora, eles estão ocupados contando mentiras sobre o seu colapso. Mas nada disso vai disfarçar a perda maciça de acesso aos serviços de saúde na esteira da revogação do Obamacare, com alguns dos eleitores mais fieis dos republicanos figurando entre os maiores prejudicados.
O que resta aos republicanos é o equivalente de um vudu na economia da saúde: Eles invocarão a magia do mercado para que ela forneça de algum modo cobertura médica tão barata que todo mundo vai ser capaz de pagar por ela, não importa qual seja sua renda ou condição médica. Isso é obviamente sem sentido; Acredito que até mesmo o porta-voz da Casa, Paul Ryan, sabe que está contando uma mentira deslavada. Mas isso é tudo o que eles têm.