A hipocrisia do déficit republicano
Paul Waldman do The Washington Post publicou uma reclamação correta recentemente sobre os congressistas republicanos que posavam de falcões do déficit desde que um democrata estivesse na Casa Branca, mas que agora lidam bem com elevados aumentos da dívida com Donald Trump. Mas de verdade, alguém além dos ranzinzas fiscais está surpreso? A fraudulência e […]
Publicado em 18 de janeiro de 2017 às, 11h56.
Última atualização em 22 de junho de 2017 às, 18h23.
Paul Waldman do The Washington Post publicou uma reclamação correta recentemente sobre os congressistas republicanos que posavam de falcões do déficit desde que um democrata estivesse na Casa Branca, mas que agora lidam bem com elevados aumentos da dívida com Donald Trump. Mas de verdade, alguém além dos ranzinzas fiscais está surpreso? A fraudulência e cara de pau dos picaretas do déficit do Partido Republicano era óbvia desde sempre.
O que é verdadeiro é que a guinada do partido é especialmente digna de nota por causa do timing macroeconômico. Os déficits eram o mal supremo quando a economia estava deprimida, a política monetária era obstruída pelo limite inferior zero e nós realmente precisávamos de expansão fiscal. Agora os déficits estão bons precisamente no momento em que a economia parece bastante perto do emprego pleno, o Federal Reserve está começando a elevar as taxas de juros e os argumentos para a expansão fiscal, embora não estejam totalmente ausentes, são razoavelmente sutis.
Os republicanos vão pagar um preço por sua hipocrisia? Provavelmente não. Meu palpite é que os centristas profissionais vão mobilizar o centro, como sempre o fizeram, e afirmar que os dois partidos políticos têm culpa, enquanto a imprensa vai continuar a canonizar o porta-voz da Casa Paul Ryan, que aparente ser Muito Sério no momento em que abandona instantaneamente seus supostos princípios.
Enquanto isso, eu e outros keynesianos recebemos correspondências nos acusando de sermos os hipócritas da história: “Vocês defendiam os déficits quando o Obama estava lá; agora eles são ruins!”
Mas é como eu acabo de dizer, a situação mudou.
Ninguém sabe com precisão quão perto a economia americana está do emprego pleno. Entretanto, alguns indicadores inquestionáveis de rigidez do mercado de trabalho mostram claramente uma economia muito mais semelhante a si própria no período pré-crise do que à de poucos anos atrás. Segundo os dados do governo, os salários finalmente estão aumentando em um ritmo razoável, e as taxas de desistência estão mais ou menos normais, o que sugere que empregos estão relativamente fáceis de se conseguir.
Eu ficaria muito mais confortável com o estado das coisas se nós tivéssemos emprego mais ou menos pleno além de uma taxa de juros que estivesse muito distante do limite inferior zero, para que o Fed tivesse uma margem de manobra evidente para cortar juros quando a próxima recessão vier. O fato de nós não termos isso é por que eu ainda considero apropriado um estímulo fiscal modesto, assim como tolerância monetária até que a inflação esteja alta. Mas isso não é nada parecido à situação de 2010.
Quando a situação macroeconômica muda, eu mudo minhas recomendações de políticas. O que você faz?