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A complacência continuada do Federal Reserve

O Federal Reserve está mesmo repetindo seu grande erro da era pré-crise ao descartar preocupações sobre sua capacidade de resposta a recessões? Jared Bernstein, do The Washington Post, pensa assim, e eu também. Como o Sr. Bernstein observa em um artigo recente, a linha de raciocínio atual parece ser traduzida em um artigo do economista […]

FEDERAL RESERVE: banco está repetindo seu grande erro da era pré-crise ao descartar preocupações sobre sua capacidade de resposta a recessões / Bloomberg / Getty Images (foto/Getty Images)
FEDERAL RESERVE: banco está repetindo seu grande erro da era pré-crise ao descartar preocupações sobre sua capacidade de resposta a recessões / Bloomberg / Getty Images (foto/Getty Images)
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Paul Krugman

Publicado em 6 de setembro de 2016 às, 10h48.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às, 17h54.

O Federal Reserve está mesmo repetindo seu grande erro da era pré-crise ao descartar preocupações sobre sua capacidade de resposta a recessões? Jared Bernstein, do The Washington Post, pensa assim, e eu também.

Como o Sr. Bernstein observa em um artigo recente, a linha de raciocínio atual parece ser traduzida em um artigo do economista David Reifschneider, cujo argumento é que, quando a próxima recessão chegar, a taxa de fundos do Fed terá retornado a um nível que ainda deixa margem suficiente para cortes. Este argumento é apresentado com cuidado e de modo sistemático.

Mas, como diz o Sr. Bernstein, se o argumento estiver errado em qualquer uma de várias maneiras possíveis — por exemplo, se a taxa de juros natural estiver muito mais baixa hoje do que no passado —, isso pode ser péssimo.

E eu não consigo deixar de lembrar um documento escrito em 1999 pelo Sr. Reifschneider e seu colega economista John Williams sobre metas de inflação e o risco de bater o limite inferior zero. Eles concluíram que uma meta de 2% deveria ser o bastante para minimizar essa preocupação — o limite zero provavelmente seria vinculativo somente em 5% dos casos, e episódios de limite inferior zero durariam, em média, apenas quatro trimestres.

Mas, na verdade, nós acabamos de sair de um episódio de limite inferior zero de oito anos — 32 trimestres —, o que representa mais de um quarto do tempo que se passou desde o início da Grande Moderação.

Basicamente, esta leitura otimista ficou a um abismo de distância da realidade.

Esse engano não deveria fazer o Fed parar agora?

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© 2016 The New York Times