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Longevidade, ônus e bonus

"I know it's only rock 'n' roll but I like it"

Genne Simmons, do Kiss. (Kevin Winter/Getty Images)
Genne Simmons, do Kiss. (Kevin Winter/Getty Images)
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Panorama Econômico

Publicado em 12 de julho de 2022 às, 13h53.

Por Bernardo Goldsztajn*

No último mês de abril, em minha primeira participação em aglomeração publica pós-covid, assisti literalmente um show - e que show! - da banda norte americana Kiss. Após o concerto, me vieram alguns questionamentos sobre equação para uma vida longínqua.

Genne Simmons tem 72 anos de idade, e dada sua performance nos palcos podemos ver que está em pleno vigor, realizando uma atividade que gera desgaste físico e mental - além do vislumbre que a vida de celebridades pode causar. Apesar disso, segue com seus sócios de banda há quase 50 anos.  Sobre a vida dele, à parte deste artigo recomendo pesquisa e leitura, pois vale a pena ressaltar a tamanha relevância de pessoa que l sempre foi regrada, graças a ensinamentos e valores familiares que certamente contribuíram para sua longevidade profissional. E estamos falando de business, como profissionais que colocam a língua de fora no dia a dia, não como Genne em suas performances, mas em nossa mania de reclamar e nos queixarmos por achar que estamos “velhos demais” para certas coisas.

E se você pensa que estamos falando apenas de jovens senhores roqueiros, siga as cifras: segundo sites especializados, o valor da marca Kiss é estimado em USD$ 300 milhões de dólares, com quase 3.000 produtos licenciados. Além disso, os principais integrantes da banda possuem patrimônios bem acima do que se considera um cliente Ultra-high Net Worth Individual nos Estados Unidos.

Medicina, tecnologia e qualidade de vida nos projetam a uma expectativa de vida maior que a de nossos antepassados. Assim, devemos também planejar nossas projeções financeiras para termos renda e recursos para esta fase de vida - seja via previdência privada, seja por qualquer carteira de investimentos financeiros ou imobilizados que possam gerar renda.

Os mais jovens possuem o maior ativo que se tem em mãos: o fator tempo. Porém, tendem a ter menos recursos acumulados. Portanto, a primeira lição é que não seremos jovens para sempre, e precisamos iniciar o período de acúmulo de recursos o mais breve possível. Não há uma data mínima para começar, mas também é importante não postergar este projeto, tomando cuidado com as ofertas de consumo imediato sem tanta necessidade:  uma das maiores inimigas do período de acúmulo. infelizmente pode ser necessário abrir mão de algo no presente para garantir uma poupança futura.

As pessoas de meia idade percorreram um bom caminho, mas considerando que a jornada deve ser mais longa, precisam alinhar a rota, as expectativas e projeções, e tomarem boas referências em que possam se espelhar para criar perspectivas de horizontes mais longínquos. Estes exemplos podem servir de combustível para quem estiver desmotivado e já pensando em jogar a toalha, e se aposentar sem ter recursos suficientes de renda para uma perspectiva de vida de longo prazo.

As pessoas em idade avançada servem de exemplo por não se acharem velho as demais em uma época na qual já temos a comprovação de que, quem se prepara para a melhor idade, tem mais qualidade de vida. E no empreendedorismo temos vários casos de sucesso à frente de negócios com gestão executada por empreendedores seniores. Sempre é tempo de se renovar, reinventar ou recomeçar caso seja necessário.

Como diriam os Stones:

I know, it’s only rock and roll, and I like it!

E como eu digo:

I know, it’s NOT Only rock and roll, and I like it!

*Bernardo Goldsztajn é Head de Wealth Management na Constância Investimentos. Com mais de 20 anos atuando no mercado financeiro, consultor de valores mobiliários pela CVM e formação com MBA pelo IBMEC. A área de Gestão de Patrimônio da Constância Investimentos é independente, com gestão de ativos domésticos e gestão internacional.