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Nesta Black Friday, não compre o meu produto

O discurso diferenciado que elevou as vendas da Patagonia em 150%

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Oportunidades disfarçadas

Publicado em 27 de novembro de 2019 às, 11h33.

Na Black Friday de 2012 nos Estados Unidos, a grife de roupas Patagonia publicou um anúncio de página inteira no The New York Times dizendo “Não compre esta jaqueta” (o produto carro-chefe da companhia). O texto explicava: “Não compre o que não precisa. Pense duas vezes antes de comprar qualquer coisa”.

A Patagonia acertou em cheio naquele ambiente pós crise de 2008, em que o povo vinha da ressaca do consumo desenfreado. Com menos dinheiro no bolso, as pessoas pensavam muito mais antes de adquirir qualquer coisa e as compras por impulso despencaram.

A empresa, que defende publicamente a reciclagem, o reuso e o reaproveitamento das peças, tem imagem de fabricante de roupas duráveis.

A ousadia soa inacreditável neste Brasil às vésperas de comemorar a famosa data do varejo. Com a economia em marcha lenta, vemos lojas e marcas tentando “esticar” o evento: há no comércio Black Week, Black Month (só falta criarem Black Year…).

Agora uma provocação: se a abordagem “Black Friday com preços arrasadores” não atingir a meta esperada neste ano, não será o caso de repensar a estratégia para o ano que vem?

Com o discurso contra o consumismo (que já dura anos), a Patagonia obteve enorme visibilidade e impacto do boca-a-boca nas redes sociais. E o principal: vendeu como nunca. Entre 2007 e 2014 as vendas da empresa saltaram 150%.