Trump: esse governo não vai dar certo

Passada uma semana da posse, está claro que Trump vai tentar fazer tudo o que prometeu. A hipótese de que moderaria sua fala e convergiria para o centro naufragou. A questão agora é saber se vai conseguir entregar o que anuncia. Ele tem muitos obstáculos e, por isso, não acredito no sucesso de seu governo.

Vejamos os mais relevantes:

1) Seu programa é inconsistente. O protecionismo eleva a inflação, não estimula a produtividade e não gera muitos empregos. Está mais do que demonstrado que o avanço tecnológico é responsável pela maior parte dos postos de trabalho perdidos (basta comparar uma linha de montagem de automóveis em 1980 com o mar de robôs nas fábricas atuais).

2) A redução de impostos e o aumento dos gastos, embora possam estimular a economia no curto prazo, vão acabar elevando o déficit e a taxa de juro. Vale lembrar que a relação dívida/PIB dos Estados Unidos está acima de 100%.

3) O programa de infraestrutura, na melhor das hipóteses, vai demorar a acontecer. No curto prazo, o maior projeto é o muro na fronteira com o México, algo que não produzirá nada relevante do ponto de vista econômico depois de construído.

4) A questão da imigração vai afetar o mercado de trabalho, que já está apertado. Em geral, os não documentados realizam trabalhos modestos, de baixos salários e com pouco glamour. O custo unitário do trabalho vai continuar subindo.

5) A incerteza, inclusive jurídica, e a truculência das ações vão retardar o investimento privado. Como declarou o prêmio Nobel de Economia Edmund Phelps, ameaçar empresas é fascismo e não funciona.

6) O crescimento da produtividade vem sendo medíocre e assim deverá continuar.

7) As exportações serão prejudicadas, haja vista a valorização do dólar e os aumentos de custos de importações e de trabalho. Retaliações ao protecionismo americano acentuarão o problema. Aliás, Trump age como se só existissem os Estados Unidos no mundo e como se ninguém fosse se reposicionar contra sua política agressiva.

8) O governo vai enfrentar uma oposição muito ativa, quer de regiões (Califórnia, Nova York), quer da imprensa e de redes sociais, quer de grupos específicos (mulheres, ambientalistas e outros). Apenas para ilustrar, existem hoje mais interesses na energia limpa do que na velha indústria do carvão, que Trump defende.

9) Como acentuou Gideon Rachman, colunista do Financial Times, o uso continuado da mentira destrói a confiança do mundo inteiro no governo americano, e isso tem consequências.

10) No cenário global, além do susto, há a percepção de que Trump não tem uma estratégia coerente. O risco de choques econômicos, políticos e sobre a paz é evidente. E isso não é bom para o mundo e muito menos para os Estados Unidos.

11) A equipe de governo é totalmente inexperiente na gestão pública. Dado que Trump sempre atacou a burocracia de Washington, temos a receita de conflitos dentro da administração e é altamente provável que muitos projetos simplesmente não aconteçam, independentemente do número de ordens executivas emitidas.

Finalmente, o governo não terá automaticamente maioria legislativa. Trump também não se dá muito bem com vários líderes do Congresso e apenas a mediação do vice-presidente não será suficiente.

Esse governo não vai dar certo.

Passada uma semana da posse, está claro que Trump vai tentar fazer tudo o que prometeu. A hipótese de que moderaria sua fala e convergiria para o centro naufragou. A questão agora é saber se vai conseguir entregar o que anuncia. Ele tem muitos obstáculos e, por isso, não acredito no sucesso de seu governo.

Vejamos os mais relevantes:

1) Seu programa é inconsistente. O protecionismo eleva a inflação, não estimula a produtividade e não gera muitos empregos. Está mais do que demonstrado que o avanço tecnológico é responsável pela maior parte dos postos de trabalho perdidos (basta comparar uma linha de montagem de automóveis em 1980 com o mar de robôs nas fábricas atuais).

2) A redução de impostos e o aumento dos gastos, embora possam estimular a economia no curto prazo, vão acabar elevando o déficit e a taxa de juro. Vale lembrar que a relação dívida/PIB dos Estados Unidos está acima de 100%.

3) O programa de infraestrutura, na melhor das hipóteses, vai demorar a acontecer. No curto prazo, o maior projeto é o muro na fronteira com o México, algo que não produzirá nada relevante do ponto de vista econômico depois de construído.

4) A questão da imigração vai afetar o mercado de trabalho, que já está apertado. Em geral, os não documentados realizam trabalhos modestos, de baixos salários e com pouco glamour. O custo unitário do trabalho vai continuar subindo.

5) A incerteza, inclusive jurídica, e a truculência das ações vão retardar o investimento privado. Como declarou o prêmio Nobel de Economia Edmund Phelps, ameaçar empresas é fascismo e não funciona.

6) O crescimento da produtividade vem sendo medíocre e assim deverá continuar.

7) As exportações serão prejudicadas, haja vista a valorização do dólar e os aumentos de custos de importações e de trabalho. Retaliações ao protecionismo americano acentuarão o problema. Aliás, Trump age como se só existissem os Estados Unidos no mundo e como se ninguém fosse se reposicionar contra sua política agressiva.

8) O governo vai enfrentar uma oposição muito ativa, quer de regiões (Califórnia, Nova York), quer da imprensa e de redes sociais, quer de grupos específicos (mulheres, ambientalistas e outros). Apenas para ilustrar, existem hoje mais interesses na energia limpa do que na velha indústria do carvão, que Trump defende.

9) Como acentuou Gideon Rachman, colunista do Financial Times, o uso continuado da mentira destrói a confiança do mundo inteiro no governo americano, e isso tem consequências.

10) No cenário global, além do susto, há a percepção de que Trump não tem uma estratégia coerente. O risco de choques econômicos, políticos e sobre a paz é evidente. E isso não é bom para o mundo e muito menos para os Estados Unidos.

11) A equipe de governo é totalmente inexperiente na gestão pública. Dado que Trump sempre atacou a burocracia de Washington, temos a receita de conflitos dentro da administração e é altamente provável que muitos projetos simplesmente não aconteçam, independentemente do número de ordens executivas emitidas.

Finalmente, o governo não terá automaticamente maioria legislativa. Trump também não se dá muito bem com vários líderes do Congresso e apenas a mediação do vice-presidente não será suficiente.

Esse governo não vai dar certo.