O Brasil dos Pequenos Negócios
Para solucionar o problema do crédito, já conhecido de quem empreende, o Sebrae se juntou ao programa Acredita, do presidente Lula e do vice Geraldo Alckmi
Publicado em 19 de dezembro de 2024 às, 06h01.
Ainda não tinha amanhecido quando as rosquinhas com canela estavam saindo do forno industrial. O aroma convidativo pedia um café para acompanhar, mas seu Antônio e dona Francisca só queriam finalizar o pedido com a mesma qualidade que garantiu ao casal conquistar o mercado e ter sua marca reconhecida como referência no setor de panificação. O ano de 2024 foi digno de comemoração para a empresa. A dupla montou o negócio, mas não tinha capital de giro.
Depois de buscar financiamento nos bancos e ter o pedido negado, encontrou o apoio do Sebrae, por meio do Acredita. Em menos de 15 dias, conseguiu crédito para comprar maquinário e outras providências. Junto com o dinheiro, veio uma capacitação, cursos de gestão, orientações e o planejamento. Esse relato reflete os avanços de 2024.
Para solucionar o problema do crédito, já conhecido de quem empreende, o Sebrae se juntou ao programa Acredita, do presidente Lula e do vice Geraldo Alckmin, e deu início a uma série de mutirões que percorre o país de Norte a Sul. O Distrito Federal foi a primeira parada do movimento. Somente este ano, pouco mais de 38 mil operações de crédito foram contratadas com garantia do Fampe (Fundo de Aval do Sebrae), viabilizando R$ 2,3 bilhões em crédito, no período de janeiro a outubro, R$ 1 bilhão a mais do que o mesmo período do ano anterior, correspondendo a um aumento de 76%.
Como seu Antônio e dona Francisca, empreender o próprio negócio gerou resultados significativos no país. Das quase 4 milhões de empresas abertas no Brasil este ano, 96% foram do porte de microempreendedor individual e de micro e pequena empresa. O Sebrae saiu às ruas para gerar orientação, atendimento e consultorias na gestão dos negócios. Ocupou praças e avenidas Brasil afora e, durante a Semana do MEI, obteve um atendimento recorde de 1,136 milhão em todo o país, um aumento de 33%, em relação ao ano passado.
O desafio do Sebrae é hercúleo – 60% dos brasileiros querem empreender, por isso, a Instituição precisa chegar cada vez mais longe. O ano de 2024 vai fechar com 56 milhões de atendimentos, desses, 30% são presenciais, ou seja, é assistido, especializado, com consultorias e cursos. No digital, o Sebrae inovou ofertando um leque de soluções on-line que facilitam o dia a dia da gestão do negócio, como a nota fiscal, que pode ser emitida gratuitamente, além de orientações sobre gestão financeira. Todo um ferramental voltado à gestão e ao apoio ao pequeno negócio. A capilaridade do Sebrae chega hoje a 4.631 unidades ativas no sistema de atendimento, uma cobertura em quase todo o país.
Não poderia ser de outra maneira, pois 95% das empresas brasileiras são de pequenos negócios, uma realidade que não é muito diferente do resto do mundo, pois esse porte de empresa predomina. Por isso, consolidamos em Baku, no Azerbaijão, durante a COP 29, que não há transição verde sem os pequenos negócios. Os instrumentos para controlar a mudança climática são o grande motor do crescimento mundial nos próximos anos e os pequenos negócios têm um papel fundamental no aproveitamento dessas oportunidades para as economias dos países do Sul Global.
Com esse entendimento da sustentabilidade, a economia circular foi contemplada e o Sebrae promove a inclusão socioeconômica de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis. O projeto já está rodando nos estados de Santa Catarina, Maranhão e Pará. Os estados do Rio de Janeiro, Rondônia, Rio Grande do Norte, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Amazonas e do Mato Grosso estão com seus planejamentos aprovados e começam a rodar no próximo ano.
Somente nesse segmento, o Sebrae vai atender mais de 4,6 mil catadores e 211 cooperativas. Por isso também, o Sebrae foi reconhecido este ano como a marca mais Socialmente Responsável entre empresas e instituições brasileiras em 2024, segundo ranking elaborado pela Design Bridge and Partners e publicado pelo jornal Valor Econômico, além de configurar pelo terceiro ano seguido entre as 10 marcas mais fortes do país no ranking geral.
Seja de mãos dadas com as grandes empresas, por meio do programa Conexões Corporativas, seja de olho na internacionalização, os pequenos negócios estão conquistando espaço nas temáticas que hoje representam o tripé da evolução do mundo: sustentabilidade, inovação e inclusão. Para o mercado externo, a previsão é de R$ 175 milhões de investimento em 3 anos de convênio com a ApexBrasil, com expectativa de negócios na ordem de R$ 3 bilhões para que os pequenos negócios ganhem o mundo. Já no Conexões, até o momento, essa experiência alcançou a marca de 780 iniciativas implementadas, contou com 541 parceiros de médio e grande porte, desenvolveu presencialmente mais de 141 mil pequenos negócios, em todo país.
O cabedal de atuação do Sebrae é proporcional à sua capilaridade. É reconhecido como a maior plataforma de startups do país; lançou o Inova Biomas (para os seis biomas brasileiros); atua fortemente no Turismo, já que 97,4% das empresas desse setor são de pequenos negócios; tem na Agricultura Familiar um dos seus públicos prioritários; e sem dúvida, o empreendedorismo é uma poderosa ferramenta para a inclusão, em especial para as mulheres. No Poder Público, essas empresas também conquistam mais espaço. As vendas dos pequenos negócios para o governo foram no valor de 42.7 bilhões em 2024. O que representa 36% do total de compras governamentais, 11% a mais comparado com 2023 passado.
Os pequenos negócios são imprescindíveis e contribuíram para diminuir a taxa de desemprego, a menor dos últimos 12 anos. No acumulado de 2024, o Brasil já gerou 2,117 milhões de novas vagas, sendo 656.391 pelas médias e grandes empresas, e 1,366 milhão pelas pequenas empresas, o que representa 63,1%, das vagas formais de empregos. O Brasil é dos pequenos negócios, são os campeões imprescindíveis do país, uma paixão brasileira.
*Décio Lima é presidente do Sebrae