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Michel Temer, panelas e economia

No primeiro domingo após o afastamento da presidente Dilma Rousseff, voltamos a ouvir panelas simultaneamente ao pronunciamento de um governante brasileiro. Foi durante a entrevista no Fantástico do presidente em exercício Michel Temer. Mas, afinal, por que a população já está insatisfeita com um governo que mal começou? A resposta é simples para quem se […]

MICHEL TEMER: seu governo começa com o mesmo descrédito que levou Dilma a sofrer o impeachment / Marcello Casal Jr. / Agência Brasil (Marcello Casal Jr./Agência Brasil)
MICHEL TEMER: seu governo começa com o mesmo descrédito que levou Dilma a sofrer o impeachment / Marcello Casal Jr. / Agência Brasil (Marcello Casal Jr./Agência Brasil)
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Opinião

Publicado em 16 de maio de 2016 às, 11h49.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às, 18h08.

No primeiro domingo após o afastamento da presidente Dilma Rousseff, voltamos a ouvir panelas simultaneamente ao pronunciamento de um governante brasileiro. Foi durante a entrevista no Fantástico do presidente em exercício Michel Temer. Mas, afinal, por que a população já está insatisfeita com um governo que mal começou? A resposta é simples para quem se propõe a deixar o radicalismo ideológico de lado, e a enxergar o real pensamento do cidadão que responde às pesquisas de opinião. O pano de fundo da insatisfação popular com o governo (qualquer governo) vai muito além do anti-petismo presente em parte considerável do eleitorado brasileiro, e tem duas vertentes: a política e a econômica.

Na vertente política, temos uma total crise de liderança oriunda da evidente desconexão entre governantes e governados. Esse movimento começou a ganhar forma nas passeatas de 2013, quando a população cobrou como ‘nunca antes na história desse país’ uma melhor qualidade dos serviços públicos. Sem entender o que ocorria, prefeitos recém-eleitos, governadores e a presidência da república viram sua popularidade despencar. Com uma força surpreendente, os cidadãos começaram a compreender que serviços públicos nada mais são do que a contrapartida dos impostos, e que, portanto, devem ter sua qualidade exigida pelo povo da mesma forma que se exige qualidade na compra de qualquer produto ou serviço. De lá para cá nenhuma liderança conseguiu se conectar com o cidadão comum.

O governo Temer começa com o mesmo descrédito popular e ausência de representatividade que levou à interrupção do Governo Dilma. Datafolha e Ibope mostraram em suas últimas pesquisas o óbvio: mais do que tirar a presidente, a população queria mudança. Não é à toa que o número de pessoas favoráveis ao impeachment de Dilma era praticamente o mesmo dos que queriam o impedimento de Temer, e que quase dois terços dos brasileiros defendiam novas eleições presidenciais. A foto da posse do novo ministério de Temer acabou por reforçar uma percepção de que pouca coisa mudou. Ausência tão sentida quanto a falta de mulheres foi a falta de novos rostos na Esplanada dos Ministérios.

Não dá para entender a vertente econômica sem lembrar que a população atribui a corrupção no governo à responsabilidade sobre a crise. Dilma caiu pela economia, 85% dos brasileiros afirmam que seu governo poderia ter evitado a atual situação econômica. Para entender isso não é necessário acreditar em pesquisas, afinal, você acredita que se a economia estivesse crescendo e o desemprego diminuindo o impeachment teria sido aprovado?

Ao mesmo tempo em que o novo ministro da Economia, Henrique Meirelles, empresta para o novo governo a credibilidade de quem já tirou o país da crise, seus colegas de ministérios investigados pela Lava-Jato fazem com que a percepção da corrupção como causa raiz da crise econômica permaneça. As panelas de domingo à noite deixam claro que o ‘colchão de boa vontade’ da população com o novo governo será curto, e que Michel Temer tem a difícil tarefa de rapidamente promover mudanças que tragam impacto na economia real e, ao mesmo, tempo mostrar que sua gestão trará para a capital federal um novo jeito de fazer política.

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