Luz no fim do túnel?
Há mais de um ano que boa parte da opinião pública e quase a unanimidade do empresariado concordavam que o maior problema da economia brasileira estava do governo da presidente afastada Dilma Rousseff. Hoje, pouco mais de um mês após o presidente Temer assumir, parece ficar claro que o buraco é um pouco mais embaixo. […]
Publicado em 24 de junho de 2016 às, 13h04.
Última atualização em 22 de junho de 2017 às, 18h21.
Há mais de um ano que boa parte da opinião pública e quase a unanimidade do empresariado concordavam que o maior problema da economia brasileira estava do governo da presidente afastada Dilma Rousseff. Hoje, pouco mais de um mês após o presidente Temer assumir, parece ficar claro que o buraco é um pouco mais embaixo. Embora a equipe liderada por Henrique Meirelles tenha sido um grande acerto (acerto, aliás, muitas vezes proposto pelo ex-presidente Lula para sua sucessora e nunca acatado por ela) e o plano de concessões liderado por Moreira Franco possa significar uma sinalização aos investidores internacionais, o único sinal de melhora da economia que tivemos até aqui foi a – ainda insuficiente – inicial trajetória de queda da inflação, fruto da diminuição da demanda. A bolsa de valores continua tão volátil quanto o humor dos brasileiros.
A crise política parece não ter fim. Presidente do Senado investigado, Ministério da Cultura extinto e reaberto (e várias de suas sedes estaduais permanecem até hoje ocupadas), Alexandre Frota recebido pelo novo ministro da Educação, três ministros abatidos pela Lava-Jato. Fica claro que a crise de perspectiva e de liderança continua. Apenas 27,2% dos brasileiros acreditam que a situação do emprego vai melhorar, e apenas 19,8% acreditam em um aumento na sua renda pessoal nos próximos seis meses, segundo as últimas pesquisas da CNT/MDA. O mesmo levantamento mostra que a população não está vendo melhora no novo governo (apenas 20,1% enxergaram algo de bom) e tampouco quer a volta do governo anterior (62,4% dos eleitores acreditam que foi correto o processo de afastamento da presidente Dilma) e que hoje mais da metade da população – 50,3% – defende novas eleições. A credibilidade das instituições está no limbo e apenas o poder judiciário, a Polícia Federal e o Ministério Público contam com alguma simpatia da população. Cenário triste, já que nenhuma destas instituições conta com o voto popular. Da política para a crise de perspectiva. Da crise de perspectiva para a de representatividade. Junto com a economia nossa jovem democracia terá que se reinventar. Em nossas pesquisas pelo Brasil, algumas perguntas não param de se repetir:
Qual a diferença entre o novo e o antigo governo sobre o combate à corrupção?
Quem pagará a conta do ajuste fiscal?
Os programas sociais são gastos ou investimentos? E as bolsas nas universidades?
Teremos o reajuste no Bolsa família? O Mais Médicos vai continuar?
Infelizmente, por mais que eu faça parte do time dos que preferem enxergar o copo “meio cheio”, está difícil ver qualquer tipo de luz no túnel da crise econômica brasileira.