O Token é o novo Like
Novos grandes negócios de tecnologia vão surgir em torno da certificação digital de todos os nossos consumos e interesses
CEO da Feel The Match
Publicado em 18 de abril de 2023 às 16h07.
Última atualização em 18 de abril de 2023 às 16h09.
Um dia, o Facebook nos apresentou o "Like", com aquele ícone da mãozinha de polegar levantado pra cima. Para quem cria conteúdo, de influencers às marcas, passando por veículos de informação, a promessa era de aquele botão mágico os conectaria com seus fãs e consumidores. Clicar naquele botão, afinal, significava sinalizar um interesse em saber sobre o universo daquele criador. Foi uma correria e o mercado começou a disputar quem tinha mais likes. Virou métrica de perfomance na publicidade e em atividades midiáticas. Os anos se passaram, o algoritmo entrou em ação e começamos a entender que a única coisa que a rede social estava fazendo era preparar o território para se tornar uma intermediária (das mais caras!) dessa relação dos criadores e marcas com os seus seguidores e consumidores.
Esta relação esgarçada das redes sociais serem donas e definidoras das relações entre os usuários, estabelecendo preços e condições fechadas a seu crivo de negócio, é um dos principais pontos de transformação quando se fala em avançar das chamadas Web2 para Web3. Nesta terceira fase da internet, uma ferramenta muito potente surgiu com a criação do que chamamos de "Token", na falta de nome melhor. Um token é um certificado de propriedade digital. Propriedade do que? De qualquer coisa que possa ser descrita num contrato, só que numa forma infinitamente mais simplificada e popular. Objetos, serviços, acessos, itens, imóveis, carros, uma intenção de compra, contratos financeiros... Todos podem ser certificados e validados digitalmente por um token. E é por isso que agora as marcas e criadores podem transformar em "token", entre outras coisas, a declaração de interesse de alguém. Ou seja, o antigo "Like". Com uma vantagem fundamental: enquanto o botão do "like" está preso dentro daquela plataforma, pertencendo à ela, o token é livre e seu dono é o usuário.
Em vez de uma marca, por exemplo, pagar ao Facebook para falar com o seu consumidor, que deu o like dentro da plataforma, ela agora paga direto ao usuário que tem aquele token. Paga como? Oferecendo serviços, promoções, vantagens por esse relacionamento. É uma quebra importante na relação do intermediário que conhecemos e, não tenha dúvidas, vai haver resistência. Isso não significa que não haverá intermediários. Eles vão existir e sua principal função será a de facilitador, não a de mídia apenas. É daí que surgirão os novos grandes serviços digitais, os novos unicórnios a dominar o SP500, as novas marcas mais amadas e responsáveis pela cultura popular dos próximos 15 anos.
Em 2021, tivemos a moda do que ficou conhecido como NFTs. Semanticamente, isso foi um mal terrível, confundiu geral. NFT é uma tecnologia, uma forma de autenticar objetos, serviços, contratos, etc, através de um Token único, exclusivo. NFT não é sinônimo de arte digital, vendida por milhões e que, em parte, se revelou uma bolha especulativa. Esqueça isso pra já! Uma certidão de imóvel pode ser um NFT. O ingresso de um show, o programa de fidelidade do restaurante da sua esquina, o seu contrato de aluguel... Ou até mesmo aquela passagem para uma viagem na estratosfera a bordo da nave Blue Origin, como o brasileiro Victor Hespanha comprou, garantido uma visitinha ao espaço sideral. Aquilo era um Token! A gente vai precisar ressignificar o termo para deixar pra trás as bolhas e olhar o quanto de coisa realmente útil pode ser gerada e aplicada na nossa vida cotidiana com os Tokens, pra lá dos modismos de ocasião. E tem muita coisa.
Os tokens, fungíveis ou não, são instrumentos para uma ressignifcação dos compromissos firmados entre os seres humanos, com mais transparência, respeito à privacidade e menos intermediários. Substituir o "Like" das redes sociais é só uma dessas revoluções que estão começando e que vão chegar rápido na sua vida, pois te dará benefícios reais e muitos outros já estão chegando também.
*Bruno Maia é CEO da Feel The Match, gestora e desenvolvedora de propriedades intelectuais ligadas ao esporte e entretenimento.
Um dia, o Facebook nos apresentou o "Like", com aquele ícone da mãozinha de polegar levantado pra cima. Para quem cria conteúdo, de influencers às marcas, passando por veículos de informação, a promessa era de aquele botão mágico os conectaria com seus fãs e consumidores. Clicar naquele botão, afinal, significava sinalizar um interesse em saber sobre o universo daquele criador. Foi uma correria e o mercado começou a disputar quem tinha mais likes. Virou métrica de perfomance na publicidade e em atividades midiáticas. Os anos se passaram, o algoritmo entrou em ação e começamos a entender que a única coisa que a rede social estava fazendo era preparar o território para se tornar uma intermediária (das mais caras!) dessa relação dos criadores e marcas com os seus seguidores e consumidores.
Esta relação esgarçada das redes sociais serem donas e definidoras das relações entre os usuários, estabelecendo preços e condições fechadas a seu crivo de negócio, é um dos principais pontos de transformação quando se fala em avançar das chamadas Web2 para Web3. Nesta terceira fase da internet, uma ferramenta muito potente surgiu com a criação do que chamamos de "Token", na falta de nome melhor. Um token é um certificado de propriedade digital. Propriedade do que? De qualquer coisa que possa ser descrita num contrato, só que numa forma infinitamente mais simplificada e popular. Objetos, serviços, acessos, itens, imóveis, carros, uma intenção de compra, contratos financeiros... Todos podem ser certificados e validados digitalmente por um token. E é por isso que agora as marcas e criadores podem transformar em "token", entre outras coisas, a declaração de interesse de alguém. Ou seja, o antigo "Like". Com uma vantagem fundamental: enquanto o botão do "like" está preso dentro daquela plataforma, pertencendo à ela, o token é livre e seu dono é o usuário.
Em vez de uma marca, por exemplo, pagar ao Facebook para falar com o seu consumidor, que deu o like dentro da plataforma, ela agora paga direto ao usuário que tem aquele token. Paga como? Oferecendo serviços, promoções, vantagens por esse relacionamento. É uma quebra importante na relação do intermediário que conhecemos e, não tenha dúvidas, vai haver resistência. Isso não significa que não haverá intermediários. Eles vão existir e sua principal função será a de facilitador, não a de mídia apenas. É daí que surgirão os novos grandes serviços digitais, os novos unicórnios a dominar o SP500, as novas marcas mais amadas e responsáveis pela cultura popular dos próximos 15 anos.
Em 2021, tivemos a moda do que ficou conhecido como NFTs. Semanticamente, isso foi um mal terrível, confundiu geral. NFT é uma tecnologia, uma forma de autenticar objetos, serviços, contratos, etc, através de um Token único, exclusivo. NFT não é sinônimo de arte digital, vendida por milhões e que, em parte, se revelou uma bolha especulativa. Esqueça isso pra já! Uma certidão de imóvel pode ser um NFT. O ingresso de um show, o programa de fidelidade do restaurante da sua esquina, o seu contrato de aluguel... Ou até mesmo aquela passagem para uma viagem na estratosfera a bordo da nave Blue Origin, como o brasileiro Victor Hespanha comprou, garantido uma visitinha ao espaço sideral. Aquilo era um Token! A gente vai precisar ressignificar o termo para deixar pra trás as bolhas e olhar o quanto de coisa realmente útil pode ser gerada e aplicada na nossa vida cotidiana com os Tokens, pra lá dos modismos de ocasião. E tem muita coisa.
Os tokens, fungíveis ou não, são instrumentos para uma ressignifcação dos compromissos firmados entre os seres humanos, com mais transparência, respeito à privacidade e menos intermediários. Substituir o "Like" das redes sociais é só uma dessas revoluções que estão começando e que vão chegar rápido na sua vida, pois te dará benefícios reais e muitos outros já estão chegando também.
*Bruno Maia é CEO da Feel The Match, gestora e desenvolvedora de propriedades intelectuais ligadas ao esporte e entretenimento.