A modernização chinesa contribui para o avanço dos países em desenvolvimento
A República Popular da China acaba de celebrar seu 75º aniversário
Cônsul geral da China em São Paulo
Publicado em 10 de outubro de 2024 às 15h02.
Última atualização em 4 de novembro de 2024 às 14h56.
Nos últimos 75 anos, a China viveu grandes e profundas transformações, passando de um país agrícola e pobre para a segunda maior economia do mundo. Além disso, ela também trilhou um caminho de desenvolvimento da modernização chinesa que atraiu a atenção do mundo todo. O desenvolvimento da China baseia-se em suas próprias condições nacionais e em sua integração no sistema mundial. Não se trata de "avançar sozinho" ou de "o vencedor levar tudo". A modernização chinesa e do restante do Sul Global alcançam-se e apoiam-se mutuamente, trazendo oportunidades e proporcionando cinco grandes impulsos à ascensão dos países em desenvolvimento.
O primeiro é o impulso à industrialização. Não é de hoje que a industrialização dos países em desenvolvimento enfrenta desafios como a insuficiência de fundos, tecnologia e infraestrutura. A China contribui para viabilizar a industrialização dos países em desenvolvimento, impulsionando sua transformação industrial com capital, tecnologia, equipamento econômico, etc., e ajudando-os a integrar-se às cadeias globais de valor e a aumentar o valor agregado de seus produtos. As empresas e instituições financeiras chinesas realizam investimentos e cooperam de forma mutuamente benéfica com os países em desenvolvimento, com base no pleno respeito e de acordo com os princípios de mercado e normas internacionais. Ao final de 2023, o montante de investimento direto da China nos países envolvidos na Iniciativa Cinturão e Rota ultrapassava 300 bilhões de dólares. Até agora, o BAII já aprovou 284 projetos nas áreas de energia, transportes, comunicações, dentre outras, com um investimento total de 54,5 bilhões de dólares. A cooperação com a China melhorou o nível de conectividade nos países do restante do Sul Global, bem como abriu caminhos para seu desenvolvimento. Durante sua visita à China no ano passado, o presidente Lula expressou a esperança de que o gigante asiático se tornasse um motor para a reindustrialização do Brasil. À medida que o Brasil implementa o Novo PAC, cada vez mais setores, indústrias e governos locais atrairão investimentos da China. As empresas chinesas, por sua vez, também estão otimistas em relação às oportunidades do mercado brasileiro. Muitas das principais empresas chinesas introduziram tecnologias avançadas e novos conceitos de gestão no Brasil, o que certamente melhorará os níveis de produção e as capacidades de gestão empresarial no país.
O segundo é o impulso à exportação. A China está empenhada em expandir os canais para a importação de produtos de alta qualidade dos países em desenvolvimento, compartilhando as oportunidades do mercado chinês com o restante do mundo. A China possui o maior grupo de rendimento médio do mundo, além de ser também o mercado com maior potencial mundial. O país asiático tornou-se o maior mercado de exportação para 44 países e regiões. Apesar do ressurgimento do protecionismo comercial global, a China expandiu, proativa e unilateralmente, sua abertura de mercado. A China é o maior parceiro comercial do Brasil há 15 anos consecutivos. Em 2023, as exportações do Brasil para a China atingiram 104 bilhões de dólares, ultrapassando as exportações do Brasil para os EUA e a União Europeia juntas. A soja exportada para a China representa 73% do total das exportações do Brasil de soja. A Exposição Internacional de Importação da China ( CIIE, na sigla em inglês) já é realizada há seis anos consecutivos, com um volume acumulado de transações superior a 420 bilhões de dólares. Diversas empresas brasileiras participam da CIIE ininterruptamente desde sua primeira edição, de forma que a carne, o própolis, o café e outros produtos brasileiros tornaram-se famosos na China. Este ano, o número de empresas brasileiras de carne que obtiveram qualificações de exportação para a China aumentou para 144. Atualmente, ambos os países estão negociando para introduzir mais produtos brasileiros no mercado chinês, expandindo ainda mais seus canais de exportação.
O terceiro é o impulso verde. A China tem expandido ativamente a cooperação com os países em desenvolvimento nas áreas de energia verde, infraestrutura verde e finanças verdes, além de também construído extensas plataformas de intercâmbio e cooperação verdes, para ajudá-los a alcançar o desenvolvimento verde. A China assinou, até agora, 52 acordos de cooperação Sul-Sul sobre mudanças climáticas, com 42 outros países em desenvolvimento, e lançou mais de 80 projetos de mitigação e adaptação às mudanças climáticas. Um relatório do Ipea mostra que, de 2019 a 2022, a capacidade instalada de geração de energia fotovoltaica investida por empresas chinesas na América Latina quadruplicou para 1,4 GW, bem como a capacidade instalada de usinas eólicas dobrou para 3,2 GW. A China atribui grande importância ao desenvolvimento de novas fontes de energias de baixo carbono, tendo realizado múltiplos investimentos nos setores de energia eólica e solar no Brasil. Estatísticas brasileiras mostram que as empresas chinesas hoje respondem por cerca de um quinto da capacidade de geração de energia solar e eólica do Brasil.
O quarto é o impulso à inovação. Ao mesmo tempo que aprimora suas próprias capacidades de inovação, a China também defende e pratica o conceito de cooperação científica e tecnológica internacional. Tal cooperação é, por natureza, aberta, justa, equitativa e não discriminatória, além de promovida por meio da pesquisa conjunta, transferência de tecnologia e intercâmbios científicos e culturais. Assim, com estas e outras medidas de cooperação, a China promove o desenvolvimento científico e tecnológico dos países em desenvolvimento e constrói junto a eles parcerias inovadoras. Desde 2013, a China já assinou acordos intergovernamentais de cooperação científica e tecnológica com mais de 80 países-membros da Iniciativa Cinturão e Rota. Além disso, no âmbito desta mesma Iniciativa, também construiu mais de 50 laboratórios conjuntos de agricultura, cuidados médicos, informação, nova energia, pesquisa básica, dentre outras áreas. Também somam-se a isso mais de 70 parques industriais no exterior, 9 centros transnacionais de transferência de tecnologia, 10 centros de cooperação científica e educacional no exterior, além do treinamento de mais de 16.000 profissionais técnicos e administrativos. A BYD investiu mais de 3 bilhões de reais no Brasil para construir uma base de produção abrangente de carros elétricos em larga escala, com uma produção anual de 150.000 veículos elétricos. Além disso, ela também investiu 6 milhões de reais na construção do Centro Brasileiro de P&D de Energia Elétrica da BYD em Campinas, sendo este o maior laboratório industrial de P&D de tecnologia fotovoltaica da América Latina.
O quinto é o impulso às pessoas. A China é responsável por promover a Iniciativa Global de Desenvolvimento, fazendo contribuições importantes para os países em desenvolvimento em áreas como emprego, redução da pobreza e desenvolvimento de capacidades. O emprego é o meio de subsistência mais básico. Nos últimos três anos, a China gerou 1,1 milhão de empregos na África. Os projetos de cooperação da China na América Latina proporcionaram a criação de quase um milhão de empregos locais. Desde a fundação da Iniciativa Cinturão e Rota, mais de 40 milhões de pessoas saíram da pobreza. A CRRC oficialmente assinou um contrato com o Governo do Estado de São Paulo para ajudar o Brasil a construir uma moderna ferrovia intermunicipal, que não apenas atenderá às necessidades urgentes de transporte da população das cidades vizinhas, mas também gerará dezenas de milhares de empregos. A Feira de Recrutamento de Empresas Chinesas já foi realizada seis vezes. Apenas a sexta edição da Feira, em 2024, proporcionou mais de 300 empregos em São Paulo e atraiu mais de 1.500 candidatos, sendo muito bem recebida pela sociedade brasileira.
Atualmente, o protecionismo comercial está aumentando, de forma que alguns países estão erguendo barreiras, praticando decoupling, provocando perturbações nas cadeias industriais e de abastecimento, em uma clara tentativa de obstruir o caminho de modernização industrial dos países em desenvolvimento. Como os maiores países em desenvolvimento respectivamente dos hemisférios leste e oeste e membros importantes do Sul Global, China e Brasil assumem uma missão comum de revitalizar o desenvolvimento e melhorar a subsistência da população mundial. Ambos também têm responsabilidades importantes na manutenção da estabilidade das cadeias industriais e de abastecimento globais. Por ocasião do 50º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas China-Brasil, os dois países reforçaram ainda mais a sinergia de suas estratégias e sua cooperação industrial, bem como promoveram conjuntamente a formação de uma comunidade com futuro compartilhado, a qual ampliará ainda mais as perspectivas de um futuro melhor para o desenvolvimento e ascensão do Sul Global.
*Yu Peng é cônsul geral da China em São Paulo
Nos últimos 75 anos, a China viveu grandes e profundas transformações, passando de um país agrícola e pobre para a segunda maior economia do mundo. Além disso, ela também trilhou um caminho de desenvolvimento da modernização chinesa que atraiu a atenção do mundo todo. O desenvolvimento da China baseia-se em suas próprias condições nacionais e em sua integração no sistema mundial. Não se trata de "avançar sozinho" ou de "o vencedor levar tudo". A modernização chinesa e do restante do Sul Global alcançam-se e apoiam-se mutuamente, trazendo oportunidades e proporcionando cinco grandes impulsos à ascensão dos países em desenvolvimento.
O primeiro é o impulso à industrialização. Não é de hoje que a industrialização dos países em desenvolvimento enfrenta desafios como a insuficiência de fundos, tecnologia e infraestrutura. A China contribui para viabilizar a industrialização dos países em desenvolvimento, impulsionando sua transformação industrial com capital, tecnologia, equipamento econômico, etc., e ajudando-os a integrar-se às cadeias globais de valor e a aumentar o valor agregado de seus produtos. As empresas e instituições financeiras chinesas realizam investimentos e cooperam de forma mutuamente benéfica com os países em desenvolvimento, com base no pleno respeito e de acordo com os princípios de mercado e normas internacionais. Ao final de 2023, o montante de investimento direto da China nos países envolvidos na Iniciativa Cinturão e Rota ultrapassava 300 bilhões de dólares. Até agora, o BAII já aprovou 284 projetos nas áreas de energia, transportes, comunicações, dentre outras, com um investimento total de 54,5 bilhões de dólares. A cooperação com a China melhorou o nível de conectividade nos países do restante do Sul Global, bem como abriu caminhos para seu desenvolvimento. Durante sua visita à China no ano passado, o presidente Lula expressou a esperança de que o gigante asiático se tornasse um motor para a reindustrialização do Brasil. À medida que o Brasil implementa o Novo PAC, cada vez mais setores, indústrias e governos locais atrairão investimentos da China. As empresas chinesas, por sua vez, também estão otimistas em relação às oportunidades do mercado brasileiro. Muitas das principais empresas chinesas introduziram tecnologias avançadas e novos conceitos de gestão no Brasil, o que certamente melhorará os níveis de produção e as capacidades de gestão empresarial no país.
O segundo é o impulso à exportação. A China está empenhada em expandir os canais para a importação de produtos de alta qualidade dos países em desenvolvimento, compartilhando as oportunidades do mercado chinês com o restante do mundo. A China possui o maior grupo de rendimento médio do mundo, além de ser também o mercado com maior potencial mundial. O país asiático tornou-se o maior mercado de exportação para 44 países e regiões. Apesar do ressurgimento do protecionismo comercial global, a China expandiu, proativa e unilateralmente, sua abertura de mercado. A China é o maior parceiro comercial do Brasil há 15 anos consecutivos. Em 2023, as exportações do Brasil para a China atingiram 104 bilhões de dólares, ultrapassando as exportações do Brasil para os EUA e a União Europeia juntas. A soja exportada para a China representa 73% do total das exportações do Brasil de soja. A Exposição Internacional de Importação da China ( CIIE, na sigla em inglês) já é realizada há seis anos consecutivos, com um volume acumulado de transações superior a 420 bilhões de dólares. Diversas empresas brasileiras participam da CIIE ininterruptamente desde sua primeira edição, de forma que a carne, o própolis, o café e outros produtos brasileiros tornaram-se famosos na China. Este ano, o número de empresas brasileiras de carne que obtiveram qualificações de exportação para a China aumentou para 144. Atualmente, ambos os países estão negociando para introduzir mais produtos brasileiros no mercado chinês, expandindo ainda mais seus canais de exportação.
O terceiro é o impulso verde. A China tem expandido ativamente a cooperação com os países em desenvolvimento nas áreas de energia verde, infraestrutura verde e finanças verdes, além de também construído extensas plataformas de intercâmbio e cooperação verdes, para ajudá-los a alcançar o desenvolvimento verde. A China assinou, até agora, 52 acordos de cooperação Sul-Sul sobre mudanças climáticas, com 42 outros países em desenvolvimento, e lançou mais de 80 projetos de mitigação e adaptação às mudanças climáticas. Um relatório do Ipea mostra que, de 2019 a 2022, a capacidade instalada de geração de energia fotovoltaica investida por empresas chinesas na América Latina quadruplicou para 1,4 GW, bem como a capacidade instalada de usinas eólicas dobrou para 3,2 GW. A China atribui grande importância ao desenvolvimento de novas fontes de energias de baixo carbono, tendo realizado múltiplos investimentos nos setores de energia eólica e solar no Brasil. Estatísticas brasileiras mostram que as empresas chinesas hoje respondem por cerca de um quinto da capacidade de geração de energia solar e eólica do Brasil.
O quarto é o impulso à inovação. Ao mesmo tempo que aprimora suas próprias capacidades de inovação, a China também defende e pratica o conceito de cooperação científica e tecnológica internacional. Tal cooperação é, por natureza, aberta, justa, equitativa e não discriminatória, além de promovida por meio da pesquisa conjunta, transferência de tecnologia e intercâmbios científicos e culturais. Assim, com estas e outras medidas de cooperação, a China promove o desenvolvimento científico e tecnológico dos países em desenvolvimento e constrói junto a eles parcerias inovadoras. Desde 2013, a China já assinou acordos intergovernamentais de cooperação científica e tecnológica com mais de 80 países-membros da Iniciativa Cinturão e Rota. Além disso, no âmbito desta mesma Iniciativa, também construiu mais de 50 laboratórios conjuntos de agricultura, cuidados médicos, informação, nova energia, pesquisa básica, dentre outras áreas. Também somam-se a isso mais de 70 parques industriais no exterior, 9 centros transnacionais de transferência de tecnologia, 10 centros de cooperação científica e educacional no exterior, além do treinamento de mais de 16.000 profissionais técnicos e administrativos. A BYD investiu mais de 3 bilhões de reais no Brasil para construir uma base de produção abrangente de carros elétricos em larga escala, com uma produção anual de 150.000 veículos elétricos. Além disso, ela também investiu 6 milhões de reais na construção do Centro Brasileiro de P&D de Energia Elétrica da BYD em Campinas, sendo este o maior laboratório industrial de P&D de tecnologia fotovoltaica da América Latina.
O quinto é o impulso às pessoas. A China é responsável por promover a Iniciativa Global de Desenvolvimento, fazendo contribuições importantes para os países em desenvolvimento em áreas como emprego, redução da pobreza e desenvolvimento de capacidades. O emprego é o meio de subsistência mais básico. Nos últimos três anos, a China gerou 1,1 milhão de empregos na África. Os projetos de cooperação da China na América Latina proporcionaram a criação de quase um milhão de empregos locais. Desde a fundação da Iniciativa Cinturão e Rota, mais de 40 milhões de pessoas saíram da pobreza. A CRRC oficialmente assinou um contrato com o Governo do Estado de São Paulo para ajudar o Brasil a construir uma moderna ferrovia intermunicipal, que não apenas atenderá às necessidades urgentes de transporte da população das cidades vizinhas, mas também gerará dezenas de milhares de empregos. A Feira de Recrutamento de Empresas Chinesas já foi realizada seis vezes. Apenas a sexta edição da Feira, em 2024, proporcionou mais de 300 empregos em São Paulo e atraiu mais de 1.500 candidatos, sendo muito bem recebida pela sociedade brasileira.
Atualmente, o protecionismo comercial está aumentando, de forma que alguns países estão erguendo barreiras, praticando decoupling, provocando perturbações nas cadeias industriais e de abastecimento, em uma clara tentativa de obstruir o caminho de modernização industrial dos países em desenvolvimento. Como os maiores países em desenvolvimento respectivamente dos hemisférios leste e oeste e membros importantes do Sul Global, China e Brasil assumem uma missão comum de revitalizar o desenvolvimento e melhorar a subsistência da população mundial. Ambos também têm responsabilidades importantes na manutenção da estabilidade das cadeias industriais e de abastecimento globais. Por ocasião do 50º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas China-Brasil, os dois países reforçaram ainda mais a sinergia de suas estratégias e sua cooperação industrial, bem como promoveram conjuntamente a formação de uma comunidade com futuro compartilhado, a qual ampliará ainda mais as perspectivas de um futuro melhor para o desenvolvimento e ascensão do Sul Global.
*Yu Peng é cônsul geral da China em São Paulo