A solidão é uma pandemia oculta; entenda
Estamos a um clique de distância das pessoas que amamos quando não é possível estar junto presencialmente em razão da pandemia que vivemos
Daniel Salles
Publicado em 15 de outubro de 2020 às 14h21.
Seres humanos nasceram com a necessidade fundamental de pertencer e fazer parte de algo. Repito: necessidade fundamental. Não um desejo superficial. Precisamos nos sentir conectados emocionalmente e fisicamente a outras pessoas. Precisamos amar e ser amados. Precisamos de um contato constante e real para que essa necessidade seja sanada. E quem diria que no século em que a tecnologia e comunicações estão tão avançadas, sendo possível falar de forma instantânea com pessoas de qualquer parte do mundo, nos sentiríamos tão sós.
Estamos a um clique de distância das pessoas que amamos quando não é possível estar junto presencialmente, caso da pandemia que vivemos, mas mesmo assim, ter todos os recursos não tem sido suficiente para preencher certo vazio existencial que existe dentro de todos nós.
Zygmunt Bauman disse que “Vivemos tempos líquidos. Nada é feito para durar”, frase que pode ser utilizada em muitos contextos, mas que se aplica perfeitamente ao nosso mundo da efemeridade das mídias sociais e excesso de conexão.
Estamos menos próximos da convivência com as pessoas e apenas acompanhando fotos e stories de um recorte da realidade que nos é mostrado. Recorte esse que muitas vezes faz com que a vida dos outros pareça maravilhosa se comparada com a nossa. Mas isso não é real.
Um estudo realizado pela Universidade de Pittsburgh, com a participação de quase dois mil adultos entre 19 e 32 anos que usam redes sociais como Snapchat, Vine, Twitter, Facebook e Instagram, aponta que os indivíduos que mais se sentem isolados socialmente são aqueles que gastam mais tempo navegando pelas plataformas. Uma solidão que não pode ser preenchida nas mídias sociais que mostram as “vidas perfeitas”. Nenhuma vida é perfeita e esse mito da perfeição leva a sérios distúrbios emocionais.
Se sentir deprimido e solitário é uma questão de saúde muito importante. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a depressão é a doença que mais cresce no mundo, com 322 milhões de pessoas, o que representa 4,4% da população mundial. Em 2018, o Reino Unido criou o Ministério da Solidão para lidar com o problema que afeta mais de 9 milhões de britânicos. A primeira-ministra à época, Theresa May, descreveu a solidão como "a triste realidade da vida moderna". O artigo “The growing problem of loneliness”, de John T. Cacioppo e Stephanie Cacioppo, aponta que uma em quatro pessoas se sente solitária, e que a solidão causa malefícios como irritabilidade e depressão que podem aumentar em 26% o risco de uma morte prematura.
Nossas relações afetivas também estão mudando. Segundo o IBGE o número de divórcios no Brasil chegou a crescer 75% em cinco anos. Em 2011 foram cancelados quase 140 mil casamentos, sendo que em 2006 esse número não chegava a 80 mil. Um relatório do Urban Institute, de Washington, prevê que grande parte da Geração Y, nascida entre os anos 1980 e 2000, chegará solteira aos 40 anos. Já outro estudo realizado pelo Pew Research Center, aponta ser provável que 25% dos jovens americanos nunca se casem. No Brasil, a idade média para o casamento passou de 23 anos para as mulheres e 27 anos para os homens, na década de 1970, para 30 anos para elas e 33 anos para eles, em 2014, segundo o IBGE.
Muitos fatores podem ser relacionados a essa postergação de casar e ter filhos, como a dedicação à carreira, a falta de recursos financeiros ou mesmo a simples escolha de não querer formar uma família. Ter um cônjuge não é a peça fundamental para a felicidade, e podemos muito bem ser felizes com nós mesmos e com um círculo de amigos e familiares. Ser feliz totalmente sozinho é possível? Talvez, mas nós somos seres sociáveis e fazer conexões e trocas é mais que importante. É peça fundamental para nossa saúde emocional e física.
Então como lidar com essa pandemia oculta da solidão? E com a solidão em um mundo hiperconectado? Talvez ainda não tenhamos essa resposta, mas um caminho possível é o de buscar interações reais, que inclusive podem usar as mídias sociais como ferramenta. Não devemos nos fechar em nossas conchas, pelo contrário. Se abra para o mundo, mostre quem você é. Faça conexões reais e profundas. Essas conexões só acontecem quando você é você e não uma versão “perfeita” que você usa de máscara para esconder suas imperfeições. Somos perfeitamente imperfeitos. Aceite isso. Abrace isso.
Cuide da sua saúde emocional e se permita conhecer novas pessoas. Não tenha pressa de encontrar novos relacionamentos, mas saia o quanto antes daqueles que te fazem mal. Já temos a tecnologia e um universo virtual. Precisamos de pessoas, realidade e empatia. E lembre-se, você não está só. Estamos todos juntas e juntos nessa jornada.
Seres humanos nasceram com a necessidade fundamental de pertencer e fazer parte de algo. Repito: necessidade fundamental. Não um desejo superficial. Precisamos nos sentir conectados emocionalmente e fisicamente a outras pessoas. Precisamos amar e ser amados. Precisamos de um contato constante e real para que essa necessidade seja sanada. E quem diria que no século em que a tecnologia e comunicações estão tão avançadas, sendo possível falar de forma instantânea com pessoas de qualquer parte do mundo, nos sentiríamos tão sós.
Estamos a um clique de distância das pessoas que amamos quando não é possível estar junto presencialmente, caso da pandemia que vivemos, mas mesmo assim, ter todos os recursos não tem sido suficiente para preencher certo vazio existencial que existe dentro de todos nós.
Zygmunt Bauman disse que “Vivemos tempos líquidos. Nada é feito para durar”, frase que pode ser utilizada em muitos contextos, mas que se aplica perfeitamente ao nosso mundo da efemeridade das mídias sociais e excesso de conexão.
Estamos menos próximos da convivência com as pessoas e apenas acompanhando fotos e stories de um recorte da realidade que nos é mostrado. Recorte esse que muitas vezes faz com que a vida dos outros pareça maravilhosa se comparada com a nossa. Mas isso não é real.
Um estudo realizado pela Universidade de Pittsburgh, com a participação de quase dois mil adultos entre 19 e 32 anos que usam redes sociais como Snapchat, Vine, Twitter, Facebook e Instagram, aponta que os indivíduos que mais se sentem isolados socialmente são aqueles que gastam mais tempo navegando pelas plataformas. Uma solidão que não pode ser preenchida nas mídias sociais que mostram as “vidas perfeitas”. Nenhuma vida é perfeita e esse mito da perfeição leva a sérios distúrbios emocionais.
Se sentir deprimido e solitário é uma questão de saúde muito importante. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a depressão é a doença que mais cresce no mundo, com 322 milhões de pessoas, o que representa 4,4% da população mundial. Em 2018, o Reino Unido criou o Ministério da Solidão para lidar com o problema que afeta mais de 9 milhões de britânicos. A primeira-ministra à época, Theresa May, descreveu a solidão como "a triste realidade da vida moderna". O artigo “The growing problem of loneliness”, de John T. Cacioppo e Stephanie Cacioppo, aponta que uma em quatro pessoas se sente solitária, e que a solidão causa malefícios como irritabilidade e depressão que podem aumentar em 26% o risco de uma morte prematura.
Nossas relações afetivas também estão mudando. Segundo o IBGE o número de divórcios no Brasil chegou a crescer 75% em cinco anos. Em 2011 foram cancelados quase 140 mil casamentos, sendo que em 2006 esse número não chegava a 80 mil. Um relatório do Urban Institute, de Washington, prevê que grande parte da Geração Y, nascida entre os anos 1980 e 2000, chegará solteira aos 40 anos. Já outro estudo realizado pelo Pew Research Center, aponta ser provável que 25% dos jovens americanos nunca se casem. No Brasil, a idade média para o casamento passou de 23 anos para as mulheres e 27 anos para os homens, na década de 1970, para 30 anos para elas e 33 anos para eles, em 2014, segundo o IBGE.
Muitos fatores podem ser relacionados a essa postergação de casar e ter filhos, como a dedicação à carreira, a falta de recursos financeiros ou mesmo a simples escolha de não querer formar uma família. Ter um cônjuge não é a peça fundamental para a felicidade, e podemos muito bem ser felizes com nós mesmos e com um círculo de amigos e familiares. Ser feliz totalmente sozinho é possível? Talvez, mas nós somos seres sociáveis e fazer conexões e trocas é mais que importante. É peça fundamental para nossa saúde emocional e física.
Então como lidar com essa pandemia oculta da solidão? E com a solidão em um mundo hiperconectado? Talvez ainda não tenhamos essa resposta, mas um caminho possível é o de buscar interações reais, que inclusive podem usar as mídias sociais como ferramenta. Não devemos nos fechar em nossas conchas, pelo contrário. Se abra para o mundo, mostre quem você é. Faça conexões reais e profundas. Essas conexões só acontecem quando você é você e não uma versão “perfeita” que você usa de máscara para esconder suas imperfeições. Somos perfeitamente imperfeitos. Aceite isso. Abrace isso.
Cuide da sua saúde emocional e se permita conhecer novas pessoas. Não tenha pressa de encontrar novos relacionamentos, mas saia o quanto antes daqueles que te fazem mal. Já temos a tecnologia e um universo virtual. Precisamos de pessoas, realidade e empatia. E lembre-se, você não está só. Estamos todos juntas e juntos nessa jornada.