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Roger (Ultraje) não almeja ser multimilionário: &

No início dos anos 80 a cena do rock nacional foi (literalmente) invadida por uma nova banda: Ultraje a Rigor. Com um perfil completamente revolucionário e irreverente, letras inteligentes e politicamente incorretas, a banda foi um estouro!  E é hoje uma das maiores referências do rock made in Brazil. Quem não se lembra dos hits: Nós Vamos Invadir sua Praia, Rebelde sem Causa, Inútil, Mim Quer Tocar, Pelado, Marylou, Eu […] Leia mais

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Mundo do dinheiro

Publicado em 14 de julho de 2014 às, 16h49.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 08h24.

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Manuela Scarpa/Foto Rio News

No início dos anos 80 a cena do rock nacional foi (literalmente) invadida por uma nova banda: Ultraje a Rigor. Com um perfil completamente revolucionário e irreverente, letras inteligentes e politicamente incorretas, a banda foi um estouro!  E é hoje uma das maiores referências do rock made in Brazil.

Quem não se lembra dos hits: Nós Vamos Invadir sua Praia, Rebelde sem Causa, Inútil, Mim Quer Tocar, Pelado, Marylou, Eu me Amo, Sexo,  … ?!

1123_2Em 2012, o Ultraje a Rigor e a banda Raimundos lançaram o álbum O Embate do Século: Ultraje a Rigor vs. Raimundos. Antes de ser lançado oficialmente pela gravadora foi o mais vendido na iTunes Store.

Recentemente a banda passou a fazer parte de um late-night Talk Show (Agora é Tarde – Bandeirantes) com o comediante Danilo Gentili. O programa foi um sucesso absoluto e atualmente estão de casa e programa novo (The Noite – SBT).

Confira abaixo meu bate-papo com Roger Moreira (57), idealizador, compositor, vocalista e guitarrista da banda. São TANTAS as histórias de artistas / atletas / herdeiros que dilapidam suas fortunas – por pura falta de educação financeira – que eu quis trazer esse case de sucesso.

Dá para “viver” de Rock no Brasil?

Sim, quando se é bem sucedido, sim! Eu vivo exclusivamente do rock há trinta e tantos anos. No início, a ideia nem era fazer sucesso. A proposta original do Ultraje era tocar na noite, era algo mais idealista (pela música), sabe? Deu super certo e o sucesso aconteceu! O rock me deu visibilidade e me abriu portas para outras oportunidades (comerciais, peças publicitárias, venda de músicas e até mesmo a participação no programa The Noite com Danilo Gentili). Eu não tenho nenhuma outra ocupação ou fonte de renda.

E o ensaio que você fez para G Magazine … você pousou nu por vaidade ou por grana?

Recebi uma proposta deles para pousar nu. Respondi que faria as fotos se me pagassem uma determinada quantia. Eles aceitaram, então, eu topei! Eu – verdadeiramente – não tinha nenhum preconceito ou impedimento de posar. Fiz pela grana, pela farra, foi legal. Não me arrependo.

É verdade que você tem um QI acima da média?

Eu fiz um teste de QI aos 17 anos quando estava no último ano do Colegial, junto com um teste vocacional. Eu na verdade já sabia o que eu queria fazer – que era música – mas, meu pai considerava que isso não era uma opção. Então, fiz esse teste, o resultado apontou que meu QI era alto e tal, mas, não dei muita atenção. Daí, já cursando o terceiro ano da faculdade de arquitetura (no Mackenzie), não estava me adaptando muito bem, fiz o teste novamente e deu de novo a mesma coisa. Depois, em 2000 eu li uma matéria na Folha sobre a Mensa e decidi repetir o teste – por curiosidade. Acabei entrando para a Mensa Internacional, e na mesma época a Mensa Brasil estava começando e precisavam de divulgação, e foi assim que o meu QI (alto) ficou “conhecido”.

Você mencionou teste vocacional e tudo mais … você costuma planejar as coisas? Ou as coisas vão acontecendo meio que aleatoriamente?

Eu planejo tudo direitinho. A partir do momento que eu traço um plano eu corro atrás. Quando adolescente eu tinha planos de ir morar nos Estados Unidos, por exemplo. Comecei a dar aulas de inglês com 16 anos para juntar a grana e em 2 anos consegui concretizar o sonho. Com a banda foi a mesma coisa, eu tinha mapeado os passos que eu pretendia dar, e enfim, de maneira geral é tudo muito bem planejado.

A banda fez sucesso muito rápido, né! Você também planejou isso?

Veja, é uma questão de saber enxergar as oportunidades e tirar proveito delas quando aparecem. Estar pronto! Como aconteceu recentemente no caso do programa com o Danilo; eu já era fã do formato (late-night talk show), que ainda não existia aqui no Brasil, repare que é bem diferente do programa do Jô, por exemplo. E quando surgiu a proposta, muitos fãs da banda pensaram que estaríamos dando um passo para trás na carreira, “ah, puxa, eles agora vão se rebaixar, viraram banda de apoio”. Só que, EU não via a coisa dessa maneira e abracei a oportunidade e hoje em dia estamos numa posição que muitos gostariam de estar. Foi a mesma coisa com o Ultraje, no começo a gente tinha uma banda que tocava em barzinhos fazendo covers, de repente eu comecei a compor e quando me dei conta estávamos dentro do “movimento”, fazendo a coisa certa na hora certa”. A partir daí fomos reajustando o planejamento de tempos em tempos, e assim foi. Quando o sucesso estoura, sempre vem um monte de gente querendo pegar carona, né?! Começamos a receber propostas de produtos licenciados (brinquedinho, figurinha, história em quadrinhos, etc). Na época achamos que não era adequado, que iria de certa forma “vulgarizar” o que a gente fazia. A Ivete Sangalo, por exemplo, meio que pode vender qualquer coisa. O público do rock é um pouco arredio, tem a coisa do idealismo, e não é tudo que cabe, entende? E eu também tenho um perfil mais seletivo. E com base nisso tomei várias decisões – acertadas ou não. Acredito que a grande lição – em relação a planejamento – foi que, bem mais difícil que estourar, é conseguir se manter na carreira/mercado como o Ultraje se mantém há 33 anos!

Você comentou sobre os “produtos licenciados”, que sabidamente é uma indústria altamente rentável. Conte um pouquinho sobre a Cerveja Oficial do Ultraje a Rigor – Ultraje Bohemian Pilsner, Ultraje Pale Ale e Ultraje Weiss.

Nós não fomos pioneiros. Acho que a banda independente Velhas Virgens, foi a primeira – no Brasil – a lançar uma cerveja com o nome da banda (Indie RockinBeer, Whitie RockinBeer, Brownie Rockin’Beer). O tipo de música que eles fazem é muito calcado nessa coisa de bebida, esbórnia, inclusive, acho que a cerveja deles foi criada pelo Tuca Paiva, baixista da banda e produtor de cervejas caseiras desde 2009. No nosso caso, uma Cervejaria nos procurou com a proposta de parceria. Nós pensamos o produto juntos! O rótulo, os sabores, … e foi como eu te falei, notamos uma tendência de mercado e aproveitamos a oportunidade. Não é algo que nos rende uma fortuna – nem era nossa intenção mudar de ramo e começar a ganhar dinheiro com cerveja – para nós (banda) representa visibilidade e é mais uma maneira de estarmos em contato com o nosso público. Logo após assinarmos o contrato, várias outras Cervejarias nos procuraram, era um momento de expansão do mercado das cervejas artesanais / com sabores, que estava começando no Brasil. Até então, o que a gente tomava aqui era “água” (risos). Como eu morei fora e conhecia outras cervejas, eu achei a proposta bacana, achei que estava em linha com o nosso trabalho.

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Ao longo desses 33 anos de carreira você deve ter acumulado um patrimônio considerável. Alguns colegas seus (do show business) gostam de investir em startups, restaurantes, bares e tal. Onde e como você investe o seu dinheiro?

Eu não gosto de investir em nada disso porque tem que cuidar (risos). E eu tenho outros objetivos na vida! Por outro lado, eu sempre fui comedido com dinheiro. Não sou nenhum especialista em investimentos, mas, nunca gastei mais do que ganhei, nunca esbanjei com besteiras, sempre me preocupei em ter uma reserva para emergências. Tenho um perfil bem conservador! Não tenho (nunca tive) intenção de ser multimilionário, porque acho que dá muito trabalho (risos). Sócios, investidores, andar com segurança a tiracolo … não foi a vida que projetei para mim, sou músico, né?! É uma coisa mais relax e tal. Não tenho o menor interesse em ter barco, avião … gosto de conforto, mas, não faço muita questão de luxo. Hoje tenho uma fonte de renda que advém de investimentos, se um dia me faltar trabalho posso me sustentar. Até porque estamos vivendo mais (tempo), estou com 57 anos e minha filhinha tem 1 ano e 6 meses. Sempre me preocupei com a minha segurança financeira, em construir essa base sólida, porque um dia o “futuro” chega e temos que estar prevenidos. Também tenho ganhos com “diretos autorais” sobre as músicas que componho, minha editora fiscaliza onde as músicas estão tocando, negocia o uso e controla/administra tudo isso para mim.

E quem administra o teu dinheiro?

Eu tinha uma gerente do banco que me dava dicas de investimentos, eu não gosto muito de mexer com isso, sabe? A medida do possível eu deixo o pagamento das minhas contas em débito automático para evitar de esquecer ou perder o prazo quando estou viajando, eu realmente não curto muito essa parte burocrática. Eu gosto de diversificar, “não colocar todos os ovos na mesma cesta”. Mas, prefiro investimentos seguros, de longo prazo como, por exemplo, previdência privada, Fundos, produtos que se encaixem no perfil mais conservador possível. Não invisto em ações. Cheguei a comprar terrenos/imóveis, mas, eu tenho uma característica muito curiosa … eu me apego e daí não quero vender (risos).

Agradeço ao Roger pela simpatia, honestidade e transparência nas respostas. (E pelas músicas que embalaram a minha geração!)

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Cláudia Augelli

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