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Todo mundo traiu todo mundo no caso Moro

Aparentemente, o passado entre Moro e Bolsonaro tinha sido esquecido em função de um mal maior: evitar a vitória do inimigo em comum

Palavras do Ministro de Estado da Segurança Pública, Sérgio Moro. (Marcos Corrêa/PR/Flickr)
DR

Da Redação

Publicado em 8 de dezembro de 2022 às 20h30.

O ex-governador Leonel Brizola foi um político muito criticado por sua gestão no Rio de Janeiro. Mas, apesar disso, era um grande observador da cena política brasileira. É dele uma frase que ilustra muito bem o que está acontecendo com o senador eleito Sergio Moro: “A política ama a traição, mas odeia o traidor”.

Ontem, o PL — ao qual o presidente Jair Bolsonaro está filiado — entrou na Justiça contra o ex-ministro, com o intuito de cassar o seu mandato pelo Paraná (Moro foi eleito com 33% dos votos; Paulo Martins, do PL, teve 29%) e provocar uma nova eleição. Ou seja, o partido promoveu uma traição e mostrou guardar rancores contra o ex-juiz, que teria traído o governo ao deixar a administração atual com pesadas críticas (exatamente como na máxima de Brizola).

Moro compareceu a um dos debates presidenciais a convite do comitê eleitoral de Bolsonaro, que viu como uma boa ideia desfilar o ex-ministro em frente a Luiz Inácio Lula da Silva. A ideia era desestabilizar emocionalmente o petista, já que Moro tinha sido o responsável pelos 540 dias de prisão enfrentados por Lula.

Aparentemente, o passado entre Moro e Bolsonaro tinha sido esquecido em função de um mal maior: evitar a vitória do inimigo em comum. Mas os caciques do PL mostraram que ainda existe raiva contra Moro e resolveram trair o ex-oponente que tinha virado aliado.

Moro, para variar, colocou o PT no meio. “Soube pela imprensa que Fernando Giacobo, presidente do PL/PR, e Paulo Martins, segundo colocado nas eleições paranaenses, ingressaram com ação buscando cassar meu mandato de Senador. Anote esses nomes. Maus perdedores que resolveram trabalhar para o PT e para os corruptos”, escreveu em sua conta no Twitter.

A eleição de Moro, realmente, está enfrentando problemas na Justiça Eleitoral, pois suas contas ainda não foram aprovadas. Mas ninguém tinha contestado seu mandato no Judiciário. O senador afirma estar tranquilo: “Da minha parte, nada temo, pois sei da lisura das minhas eleições. Agora impressiona que há pessoas que podem ser tão baixas. O que não conseguem nas urnas, tentam no tapetão”.

Vamos supor que o PL continue em sua tentativa de barrar Moro no Senado e seja mal-sucedido

Neste caso, o ex-ministro terá pouca mobilidade no Congresso. Imaginava-se que ele se aboletaria no grupo oposicionista, apoiando os bolsonaristas dentro do PL. Mas, com essa puxada de tapete, parece difícil uma composição com a sigla. Por outro lado, é impossível vê-lo ao lado da bancada governista, já que Moro é um dos maiores símbolos do antipetismo no país.

Assim, o senador paranaense ficará em um limbo político: estará na oposição, sem estar aliado ao principal partido oposicionista. Como o paladino da Lava-Jato conseguirá manter seu protagonismo na Câmara Alta sem um grande grupo político para dar apoio durante uma administração tocada pelo PT?

A resposta a essa pergunta passa pelo presidente Jair Bolsonaro, que deverá se encontrar com Moro ainda nessa semana.

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O ex-governador Leonel Brizola foi um político muito criticado por sua gestão no Rio de Janeiro. Mas, apesar disso, era um grande observador da cena política brasileira. É dele uma frase que ilustra muito bem o que está acontecendo com o senador eleito Sergio Moro: “A política ama a traição, mas odeia o traidor”.

Ontem, o PL — ao qual o presidente Jair Bolsonaro está filiado — entrou na Justiça contra o ex-ministro, com o intuito de cassar o seu mandato pelo Paraná (Moro foi eleito com 33% dos votos; Paulo Martins, do PL, teve 29%) e provocar uma nova eleição. Ou seja, o partido promoveu uma traição e mostrou guardar rancores contra o ex-juiz, que teria traído o governo ao deixar a administração atual com pesadas críticas (exatamente como na máxima de Brizola).

Moro compareceu a um dos debates presidenciais a convite do comitê eleitoral de Bolsonaro, que viu como uma boa ideia desfilar o ex-ministro em frente a Luiz Inácio Lula da Silva. A ideia era desestabilizar emocionalmente o petista, já que Moro tinha sido o responsável pelos 540 dias de prisão enfrentados por Lula.

Aparentemente, o passado entre Moro e Bolsonaro tinha sido esquecido em função de um mal maior: evitar a vitória do inimigo em comum. Mas os caciques do PL mostraram que ainda existe raiva contra Moro e resolveram trair o ex-oponente que tinha virado aliado.

Moro, para variar, colocou o PT no meio. “Soube pela imprensa que Fernando Giacobo, presidente do PL/PR, e Paulo Martins, segundo colocado nas eleições paranaenses, ingressaram com ação buscando cassar meu mandato de Senador. Anote esses nomes. Maus perdedores que resolveram trabalhar para o PT e para os corruptos”, escreveu em sua conta no Twitter.

A eleição de Moro, realmente, está enfrentando problemas na Justiça Eleitoral, pois suas contas ainda não foram aprovadas. Mas ninguém tinha contestado seu mandato no Judiciário. O senador afirma estar tranquilo: “Da minha parte, nada temo, pois sei da lisura das minhas eleições. Agora impressiona que há pessoas que podem ser tão baixas. O que não conseguem nas urnas, tentam no tapetão”.

Vamos supor que o PL continue em sua tentativa de barrar Moro no Senado e seja mal-sucedido

Neste caso, o ex-ministro terá pouca mobilidade no Congresso. Imaginava-se que ele se aboletaria no grupo oposicionista, apoiando os bolsonaristas dentro do PL. Mas, com essa puxada de tapete, parece difícil uma composição com a sigla. Por outro lado, é impossível vê-lo ao lado da bancada governista, já que Moro é um dos maiores símbolos do antipetismo no país.

Assim, o senador paranaense ficará em um limbo político: estará na oposição, sem estar aliado ao principal partido oposicionista. Como o paladino da Lava-Jato conseguirá manter seu protagonismo na Câmara Alta sem um grande grupo político para dar apoio durante uma administração tocada pelo PT?

A resposta a essa pergunta passa pelo presidente Jair Bolsonaro, que deverá se encontrar com Moro ainda nessa semana.

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