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Restaurantes em Nova York colocam mesas até nas ruas — e por aqui?

Não estamos falando de mesas nas calçadas, algo já consagrado e bastante popular na Europa. Os nova-iorquinos estão colocando mesas nas ruas, no asfalto

Restaurantes: estima-se que um terço tenha ido à bancarrota em todo o Brasil desde o início da pandemia (Jonne Roriz/Getty Images)
Restaurantes: estima-se que um terço tenha ido à bancarrota em todo o Brasil desde o início da pandemia (Jonne Roriz/Getty Images)
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Money Report – Aluizio Falcão Filho

Publicado em 4 de agosto de 2020 às, 08h06.

Não estamos falando de mesas nas calçadas, algo já consagrado mundialmente e bastante popular na Europa. Os nova-iorquinos estão colocando mesas nas ruas, ou melhor, no asfalto. Os restaurantes estão construindo cercadinhos, uma espécie de parklet ampliado, próximos ao meio-fio. A tendência espalha-se a olhos vistos e já pode ser conferida no Brooklyn e em Manhattan. Por enquanto, é algo estrito aos estabelecimentos casuais (não se espera que o Le Bernardin, por exemplo, faça algo do gênero), mas mostra que as autoridades locais estão sintonizadas com os empreendedores do setor gastronômico e reconhecem plenamente sua importância para a economia da cidade e para o lazer de seus cidadãos.

Aqui em solo paulistano, a Prefeitura pensa em algo semelhante, estimulando restaurantes na região do Centro a oferecer mesas nas calçadas e nas vagas de estacionamento. Se der tudo certo, o bairro do Itaim Bibi será o próximo a receber essa repaginação dos estabelecimentos, gerando mais espaço para clientes. Mesmo que seja um refresco, esse tipo de medida não poderá ser adotada por todos os restauranteurs, já que as condições variam de imóvel para imóvel.

Apesar da boa vontade das autoridades municipais ao tentar criar mais mesas, ainda existe um impasse. As regras estabelecidas pelo governo estadual continuam a impedir que os restaurantes funcionem em um turno maior que quatro horas e, com isso, acabam criando certo tumulto por conta do fluxo concentrado de frequentadores em um período curto de tempo. No último final de semana, por exemplo, os restaurantes da capital tiveram uma ocupação bastante razoável.

Sábado foi um dia cheio nas zonas Sul e Oeste. E, no domingo, praticamente todos os estabelecimentos no bairro dos Jardins – e em vários outros – ficaram lotados e tiveram filas. Com a proximidade de pessoas, obviamente, amplia-se o risco de contaminação, até porque os clientes tiram as máscaras para consumir bebidas enquanto esperam a sua vez.

Caso o horário de funcionamento fosse espaçado, os consumidores teriam mais horas para visitar os estabelecimentos e, assim, reduziriam o tempo de espera (seguramente, porém, continuaria a existir um horário de pico e gente esperando por sua vez).

Este fenômeno observa-se com maior frequência nos shopping centers, que se transformaram nas únicas opções gastronômicas noturnas da cidade. No sábado, praticamente todos os restaurantes localizados em centros comerciais mostraram lotação máxima logo no início da noite.

Os donos de casas localizadas nos shopping vão pedir ao governo, hoje, a abertura em dois turnos de 3 horas: das 12:00 às 15:00 e das 18:00 às 21:00. No intervalo entre 15:00 e 18:00, porém, lojas e restaurantes fechariam suas portas, assim como as entradas de estacionamento e de pedestres (quem estiver dentro do shopping pode ficar o tempo todo que quiser ou sair do local).

Este pedido conta com a simpatia do prefeito Bruno Covas e boa parte de seus assessores. Onde está a resistência? No gabinete do governador João Doria.

Estima-se que um terço dos restaurantes tenha ido à bancarrota em todo o Brasil desde o início da pandemia, o que teria gerado, em termos nacionais, o desemprego de mais de um milhão de trabalhadores. Dirigentes dos sindicatos patronais, no entanto, acham que o quadro pode ainda piorar. Os mais pessimistas acreditam que, em setembro, o setor terá registrado a falência de metade dos estabelecimentos existentes no início de 2020.

De quinta-feira a domingo, estive em cinco endereços gastronômicos diferentes. Em todos, fui tratado de maneira especial (são locais em que o serviço sempre foi bom, mas agora está ainda melhor) e os pratos estavam excepcionais. Em três deles, falamos com os donos. Por debaixo da alegria em receber clientes antigos, era possível perceber uma certa angústia em relação ao futuro. Por isso, vamos lá: ajude a tornar menor a aflição desses empreendedores. Pegue o telefone ou use um aplicativo e reserve uma mesa agora mesmo. Você ainda não se sente seguro para sair de casa? Peça um delivery. Mas não os deixe de mãos abanando.