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O efeito Ivete Sangalo nas vendas (e contra os juros altos)

Ivete é o sonho de todo profissional de marketing: simpática, espontânea e inteligente

Ivete Sangalo (C Flanigan/Getty Images)
Ivete Sangalo (C Flanigan/Getty Images)

Pode reparar: a atividade econômica dá mostras de imobilismo, com os negócios em queda. Quando isso ocorre, surge um remédio bastante utilizado em momentos de dificuldades: usar a imagem de Ivete Sangalo para alavancar as vendas. De março para cá, pelo menos seis campanhas foram lançadas com a cantora – e, nesta semana, a rede social TikTok lançou uma parceria com ela, que possui 2,3 milhões de seguidores na plataforma de vídeos curtos.

Ivete é o sonho de todo profissional de marketing: simpática, espontânea e inteligente. Além disso, é casada há 14 anos e tem três filhos, o que pode ter grande apelo para o público adulto. Por fim, ela tem 51 anos, mas possui um comportamento esfuziante e consegue ter fãs em todas as faixas etárias.

Trata-se da embaixadora de marca dos sonhos de qualquer anunciante. Se ela não existisse, talvez devesse ser inventada.

Não há exatamente dados públicos sobre o desempenho das campanhas protagonizadas por Ivete. Mas o fato de ela estar constantemente estrelando propagandas há décadas mostra o seu poder de fogo, que não diminui com o passar do tempo.

No Olimpo das personalidades com enorme potencial de vendas está também a modelo Gisele Bundchen, com um poder diferente daquele conquistado pela cantora baiana e com alcance internacional. Conforme foi amadurecendo, inclusive, Gisele conseguiu trocar o universo fashion por outros mercados que exploram a sua credibilidade – e não necessariamente apenas a sua beleza.

Juros

Embora os indicadores econômicos mostrem que há uma enorme probabilidade para a recuperação dos negócios (dólar em baixa, juros futuros em queda e bolsa de valores em alta), as vendas no comércio ainda não reagiram. Em um evento do Instituto de Desenvolvimento do Varejo, realizado na segunda-feira, representantes do setor cobraram (mais uma vez) a queda das taxas de juros ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto – e avisaram que as despesas financeiras nas companhias varejistas já se encontram em torno de 32 % ao ano (um índice que prejudica muito o dia a dia dos varejistas).

Campos Neto sabe que os juros são um problema para a economia brasileira, mas pondera que há ainda riscos no cenário inflacionário (apesar da esperada deflação para o mês de junho). Isso tem a ver com os núcleos de inflação. E o que é exatamente isso? Segundo o site do próprio BC, núcleo de inflação é uma análise “que procura captar a tendência dos preços, desconsiderando distúrbios resultantes de choques temporários”.

Ou seja, trata-se da percepção de comportamento dos preços expurgada de fatores isolados. “A gente ainda está com média de núcleos de 6,7%. A inflação no Brasil está bem menor que nos países avançados pela primeira vez na história. Isso significa que a gente tem um trabalho que foi feito que teve eficácia e que tem alguns itens na inflação mais voláteis que contribuíram positivamente”, alertou o presidente do Banco Central.

De fato, os índices de preços no Brasil estão menores do que os observados no Primeiro Mundo. Mas temos de lembrar que a inflação brasileira começou a crescer antes dos demais países. Isso levou a uma alta de juros, que conseguiu reduzir a espiral inflacionária com antecedência em relação ao exterior. Portanto, não há exatamente mérito em dizer que os preços no Brasil, agora, sobem menos do que nos Estados Unidos.

As taxas altas, no entanto, só devem começar a cair entre agosto e setembro. Até lá, o varejo continuará em dificuldades e vai precisar de muita criatividade para empinar suas vendas. Ou de mais embaixadoras de marca como Ivete Sangalo. Apertem os cintos. Até os juros caírem de verdade, vamos passar por uma turbulência considerável.