Até quando viveremos nesse hospício político?
Ministro Luís Roberto Barroso ganhou holofotes por conta de uma declaração feita em palestra à União Nacional dos Estudantes
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Publicado em 13 de julho de 2023 às 18h30.
O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, ganhou novamente holofotes por conta de uma declaração infeliz. Ele disse, em uma palestra à União Nacional dos Estudantes, o seguinte: “Nós derrotamos o bolsonarismo”. Depois, uma nota oficial do STF explicava a frase fora do tom. Segundo o texto, o ministro quis dizer que o “voto popular” foi responsável para acabar com mazelas como a ditadura, a tortura e o bolsonarismo.
Barroso tem 65 anos e é juiz do Supremo há dez. Não é exatamente um noviço em termos de comunicação. Portanto, das duas, uma. Ou ele não tem condições de falar sob improviso ou disse o que disse e preferiu inventar uma desculpa esfarrapada diante das repercussões negativas. Nenhuma das alternativas é boa para ele.
Um ministro do Supremo deve primar pela imparcialidade – especialmente em suas declarações públicas. Um juiz deve se abster de demonstrar posições político-partidárias ou mencionar personagens que seguramente passarão por seu crivo de magistrado.
Barroso sabia o que estava falando quando usou a terceira pessoa do plural para dizer que derrotara o bolsonarismo. Mais uma vez, ele abriu uma discussão inútil e colocou sob suspeição a sua condição de juiz – um debate acalorado e turbinado por bolsonaristas que consideram Barroso e os demais ministros do STF totalmente parciais ao julgar questões que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Estamos avançando em direção a agosto e só recentemente os eleitores de Bolsonaro pararam de falar em manipulação de urnas eletrônicas. Uma demonstração explícita de parcialidade por parte de Barroso, no entanto, reabre essa discussão e atiça o fogo da polarização política.
O ministro do Supremo falou sob vaias e foi neste contexto que se exaltou, colocando-se como um dos algozes do ex-presidente. Só que a nota oficial do STF dá uma explicação para os apupos: “As vaias —que fazem parte da democracia— vieram de um pequeno grupo ligado ao Partido Comunista Brasileiro, que faz oposição à atual gestão da UNE”.
O mundo está realmente de ponta-cabeça.
Estudantes comunistas vaiaram uma fala na qual alguém exaltava a derrota daquele que é um dos maiores combatentes ao esquerdismo do Brasil. Muitos seguidores de Bolsonaro enxergam seguidores do comunismo em tudo quanto é lugar. Bolsonaro fala tanto na ideologia criada por Karl Marx que o Brasil é um dos países que mais pesquisa sobre o tema no Google. Em 2022, por exemplo, a pergunta que mais cresceu na plataforma foi “o que é comunismo?”.
Nunca houve tanta polarização no país. E um dos grandes argumentos do bolsonarismo contra o PT é justamente a comparação que se faz entre o petismo e o comunismo. E, mesmo assim, jovens comunistas vaiaram Barroso quando ele criticou o movimento encabeçado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
De quando em quando, a política brasileira brinda seus cidadãos com verdadeiros shows de horrores. O que aconteceu ontem é, sem dúvida, um deles. De um lado, um magistrado que não consegue controlar a própria língua e perde credibilidade ao se mostrar (mesmo que sem intenção, vá lá) parcial; de outro, estudantes de esquerda que nem ouvem aquilo que vaiam.
Até quando vamos viver neste hospício político?
O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, ganhou novamente holofotes por conta de uma declaração infeliz. Ele disse, em uma palestra à União Nacional dos Estudantes, o seguinte: “Nós derrotamos o bolsonarismo”. Depois, uma nota oficial do STF explicava a frase fora do tom. Segundo o texto, o ministro quis dizer que o “voto popular” foi responsável para acabar com mazelas como a ditadura, a tortura e o bolsonarismo.
Barroso tem 65 anos e é juiz do Supremo há dez. Não é exatamente um noviço em termos de comunicação. Portanto, das duas, uma. Ou ele não tem condições de falar sob improviso ou disse o que disse e preferiu inventar uma desculpa esfarrapada diante das repercussões negativas. Nenhuma das alternativas é boa para ele.
Um ministro do Supremo deve primar pela imparcialidade – especialmente em suas declarações públicas. Um juiz deve se abster de demonstrar posições político-partidárias ou mencionar personagens que seguramente passarão por seu crivo de magistrado.
Barroso sabia o que estava falando quando usou a terceira pessoa do plural para dizer que derrotara o bolsonarismo. Mais uma vez, ele abriu uma discussão inútil e colocou sob suspeição a sua condição de juiz – um debate acalorado e turbinado por bolsonaristas que consideram Barroso e os demais ministros do STF totalmente parciais ao julgar questões que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Estamos avançando em direção a agosto e só recentemente os eleitores de Bolsonaro pararam de falar em manipulação de urnas eletrônicas. Uma demonstração explícita de parcialidade por parte de Barroso, no entanto, reabre essa discussão e atiça o fogo da polarização política.
O ministro do Supremo falou sob vaias e foi neste contexto que se exaltou, colocando-se como um dos algozes do ex-presidente. Só que a nota oficial do STF dá uma explicação para os apupos: “As vaias —que fazem parte da democracia— vieram de um pequeno grupo ligado ao Partido Comunista Brasileiro, que faz oposição à atual gestão da UNE”.
O mundo está realmente de ponta-cabeça.
Estudantes comunistas vaiaram uma fala na qual alguém exaltava a derrota daquele que é um dos maiores combatentes ao esquerdismo do Brasil. Muitos seguidores de Bolsonaro enxergam seguidores do comunismo em tudo quanto é lugar. Bolsonaro fala tanto na ideologia criada por Karl Marx que o Brasil é um dos países que mais pesquisa sobre o tema no Google. Em 2022, por exemplo, a pergunta que mais cresceu na plataforma foi “o que é comunismo?”.
Nunca houve tanta polarização no país. E um dos grandes argumentos do bolsonarismo contra o PT é justamente a comparação que se faz entre o petismo e o comunismo. E, mesmo assim, jovens comunistas vaiaram Barroso quando ele criticou o movimento encabeçado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
De quando em quando, a política brasileira brinda seus cidadãos com verdadeiros shows de horrores. O que aconteceu ontem é, sem dúvida, um deles. De um lado, um magistrado que não consegue controlar a própria língua e perde credibilidade ao se mostrar (mesmo que sem intenção, vá lá) parcial; de outro, estudantes de esquerda que nem ouvem aquilo que vaiam.
Até quando vamos viver neste hospício político?