As eleições municipais vão antecipar o cenário de 2026?
Negociações que antecedem a escolha do prefeito de São Paulo são muito importantes para construir o panorama que vai definir o futuro político do país
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Publicado em 7 de junho de 2023 às 14h32.
Dizem que as eleições para prefeito mostram tendências que se concretizam nos pleitos presidenciais que se realizam dois anos depois. Neste contexto, as negociações que antecedem a escolha do prefeito de São Paulo são muito importantes para construir o panorama que vai definir o futuro político do país. O que ocorreu nesta semana, assim, é significativo para observarmos o que pode acontecer em 2026.
Como o deputado federal Guilherme Boulos deve ser o candidato das esquerdas à prefeitura paulistana, esperava-se com ansiedade a definição de quem seria o seu principal adversário dentro do universo que reúne o centro e a direita. Dois nomes se destacavam neste cenário: o atual prefeito, Ricardo Nunes, e o deputado federal Ricardo Salles.
Salles, considerado um nome que teria receptividade apenas entre os eleitores de direita, tinha dificuldades de convencer seu próprio partido, o PL, de que teria chances de ganhar as eleições. E vinha sendo bombardeado sistematicamente pelo presidente da sigla, Valdemar da Costa Neto.
Nesta semana, Salles desistiu de sua candidatura e, irritado, disse: “O Centrão venceu e a direita perdeu”. O episódio mostra algumas facetas da política partidária.
Em primeiro lugar, o desinteresse de Costa Neto não quer dizer que haverá um apoio incondicional ao prefeito Nunes, embora exista um namoro neste sentido. O mandachuva do PL guarda em sua manda outro nome, o do senador Marcos Pontes, caso não exista entendimento com o atual alcaide.
Outro ponto importante que é preciso notar é que, mais uma vez, a habilidade política da direita deixou a desejar neste episódio. Salles e seus apoiadores pressionaram agressivamente os dirigentes do PL para obter o apoio à candidatura – O deputado, inclusive, chegou a ameaçar os caciques partidários de deixar a agremiação caso não fosse ungido candidato.
Em política, só pode pressionar quem tem um cacife inquestionável. Embora tenha sido o quarto deputado federal mais votado em São Paulo, Salles tinha pouca penetração nos bairros de maior população na cidade. Um exemplo? Ele foi muito bem votado no Itaim Bibi, região de classe média alta: em um universo de 45.000 habitantes, ele teve o apoio de 5.062 eleitores. Em Parelheiros, porém, teve apenas 700 votos entre 110.000 moradores.
Com esses números, dificilmente Salles conseguiria se viabilizar em um pleito que necessita densidade eleitoral na periferia – ou uma máquina que consiga sensibilizar o eleitorado de menores recursos, como é o caso de Ricardo Nunes.
A desistência de Salles pode indicar que os partidos vão evitar candidatos mais radicais para concorrer à presidência em 2026 – uma tendência que pode se consolidar de vez caso Jair Bolsonaro seja considerado inelegível no dia 22 de junho, quando se reunirá o Tribunal Superior Eleitoral ´para julgar a reunião que o ex-presidente teve com 40 embaixadores em julho de 2022 com o intuito de atacar o sistema eleitoral brasileiro.
Se Bolsonaro estiver oficialmente fora do páreo, as chances dos governadores Tarcísio Freitas, Romeu Zema e Ratinho Júnior sobrem consideravelmente. Deste trio, no entanto, Tarcísio ainda resiste à tentação de concorrer ao Planalto. Seu plano continua o mesmo: concorrer à reeleição.
Mas ele resistirá a um apelo de Bolsonaro, seu padrinho político, para tentar a presidência? Caso o ex-presidente se torne realmente inelegível, essa hipótese tem enormes chances de se concretizar.
Dizem que as eleições para prefeito mostram tendências que se concretizam nos pleitos presidenciais que se realizam dois anos depois. Neste contexto, as negociações que antecedem a escolha do prefeito de São Paulo são muito importantes para construir o panorama que vai definir o futuro político do país. O que ocorreu nesta semana, assim, é significativo para observarmos o que pode acontecer em 2026.
Como o deputado federal Guilherme Boulos deve ser o candidato das esquerdas à prefeitura paulistana, esperava-se com ansiedade a definição de quem seria o seu principal adversário dentro do universo que reúne o centro e a direita. Dois nomes se destacavam neste cenário: o atual prefeito, Ricardo Nunes, e o deputado federal Ricardo Salles.
Salles, considerado um nome que teria receptividade apenas entre os eleitores de direita, tinha dificuldades de convencer seu próprio partido, o PL, de que teria chances de ganhar as eleições. E vinha sendo bombardeado sistematicamente pelo presidente da sigla, Valdemar da Costa Neto.
Nesta semana, Salles desistiu de sua candidatura e, irritado, disse: “O Centrão venceu e a direita perdeu”. O episódio mostra algumas facetas da política partidária.
Em primeiro lugar, o desinteresse de Costa Neto não quer dizer que haverá um apoio incondicional ao prefeito Nunes, embora exista um namoro neste sentido. O mandachuva do PL guarda em sua manda outro nome, o do senador Marcos Pontes, caso não exista entendimento com o atual alcaide.
Outro ponto importante que é preciso notar é que, mais uma vez, a habilidade política da direita deixou a desejar neste episódio. Salles e seus apoiadores pressionaram agressivamente os dirigentes do PL para obter o apoio à candidatura – O deputado, inclusive, chegou a ameaçar os caciques partidários de deixar a agremiação caso não fosse ungido candidato.
Em política, só pode pressionar quem tem um cacife inquestionável. Embora tenha sido o quarto deputado federal mais votado em São Paulo, Salles tinha pouca penetração nos bairros de maior população na cidade. Um exemplo? Ele foi muito bem votado no Itaim Bibi, região de classe média alta: em um universo de 45.000 habitantes, ele teve o apoio de 5.062 eleitores. Em Parelheiros, porém, teve apenas 700 votos entre 110.000 moradores.
Com esses números, dificilmente Salles conseguiria se viabilizar em um pleito que necessita densidade eleitoral na periferia – ou uma máquina que consiga sensibilizar o eleitorado de menores recursos, como é o caso de Ricardo Nunes.
A desistência de Salles pode indicar que os partidos vão evitar candidatos mais radicais para concorrer à presidência em 2026 – uma tendência que pode se consolidar de vez caso Jair Bolsonaro seja considerado inelegível no dia 22 de junho, quando se reunirá o Tribunal Superior Eleitoral ´para julgar a reunião que o ex-presidente teve com 40 embaixadores em julho de 2022 com o intuito de atacar o sistema eleitoral brasileiro.
Se Bolsonaro estiver oficialmente fora do páreo, as chances dos governadores Tarcísio Freitas, Romeu Zema e Ratinho Júnior sobrem consideravelmente. Deste trio, no entanto, Tarcísio ainda resiste à tentação de concorrer ao Planalto. Seu plano continua o mesmo: concorrer à reeleição.
Mas ele resistirá a um apelo de Bolsonaro, seu padrinho político, para tentar a presidência? Caso o ex-presidente se torne realmente inelegível, essa hipótese tem enormes chances de se concretizar.