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A direita precisa encontrar as suas prioridades A, B e C

Será que os conservadores vão ficar reféns da candidatura de Jair Bolsonaro?

Bolsonaro está inelegível e a recente Operação Contragolpe, da Polícia Federal, diminuiu avassaladoramente as chances de uma anistia para o ex-presidente através do Congresso (Joe Raedle/Getty Images)
Bolsonaro está inelegível e a recente Operação Contragolpe, da Polícia Federal, diminuiu avassaladoramente as chances de uma anistia para o ex-presidente através do Congresso (Joe Raedle/Getty Images)

O presidente Jair Bolsonaro disse na semana passada que ele era a opção “A, B e C” da direita para as próximas eleições. Também afirmou que ele seria o único candidato com condições de derrotar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou qualquer nome da esquerda. Curiosamente, no Planalto, há uma torcida silenciosa para que o ex-presidente entre mesmo na disputa. Dessa forma, a polarização entraria em campo e aumentaria as chances esquerdistas, uma vez que a rejeição de Bolsonaro continuaria alta.

Em um mundo polarizado, no entanto, a política acaba reforçando seu aspecto pendular. Assim, o perdedor de ontem pode ser o vencedor de amanhã. A vitória de Donald Trump nos Estados Unidos mostra bem como uma parte da opinião pública pode mudar de lado e, com esse movimento, trocar as cores ideológicas dos mandatários.

Aqui no Brasil pode acontecer o mesmo que ocorreu nos EUA. Mas Bolsonaro está inelegível e a recente Operação Contragolpe, da Polícia Federal, diminuiu avassaladoramente as chances de uma anistia para o ex-presidente através do Congresso.

Mas Bolsonaro, ao julgar pelas suas recentes declarações, não quer admitir que está fora do jogo – ou, pelos menos, não faz isso em público para elevar seu cacife e se afastar da confusão golpista liderada pelo general Mário Fernandes. Ele ainda acredita em uma solução através do Tribunal Superior Eleitoral, que será presidido nas próximas eleições, por Kassio Nunes Marques. O juiz, indicado por Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal, votou em duas ocasiões para absolver o ex-presidente. À testa do TSE, Nunes Marques atuará em favor de quem o indicou para o cargo? A conferir.

Enquanto esse jogo de cena acontece, outras peças do tabuleiro vão se movimentando. O deputado Eduardo Bolsonaro, por exemplo, admitiu recentemente que poderia ser o plano B de seu pai (o senador Flavio e o vereador Carlos também discutem quem pode ser o substituto do pai dentro da família). Neste caso, um dos cenários cogitados seria o de Bolsonaro encabeçar uma chapa e ter o filho Eduardo como vice. A justiça eleitoral, então, anularia a candidatura do ex-presidente e deixaria o caminho livre para deputado.

Mas ainda temos quatro governadores que podem ser representantes da direita no pleito de 2026. Destes, Romeu Zema parece ter sofrido uma forte desidratação com escolhas erradas durante a eleição municipal em seu estado. Ratinho Júnior e Ronaldo Caiado continuam circulando pelo Brasil e participando de encontros com empresários para viabilizar seus nomes.

E Tarcísio de Freitas?

Ele, ultimamente, está se dedicando totalmente à situação da segurança pública em São Paulo, em especial ao excesso de violência demonstrado pela polícia local. Mas o governador paulista, por enquanto, ainda diz pensar em sua reeleição.

Para que fosse candidato à presidência, Tarcísio precisaria de dois apoios fundamentais: Gilberto Kassab e Valdemar Costa Neto. Valdemar ainda está com as fichas acumuladas em favor de Bolsonaro e, por ora, não discute outra opção. Kassab, por sua vez, não quer enfrentar o presidente Lula, de quem é aliado no âmbito federal, e tem aconselhado Tarcísio a ficar onde está. Sem PSD e PL ao seu lado, o governador prudentemente prefere esperar, até porque ele é bastante novo (49 anos, completos em junho).

Em política, porém, nada é linear ou previsível. Kassab e Valdemar podem estar reticentes à candidatura Tarcísio em dezembro de 2024. Nada impede, no entanto, que suas opiniões sejam completamente diferentes em fevereiro de 2026.

O jogo ainda está em evolução. Mas, para destravá-lo, é preciso saber o destino de um jogador: o ex-presidente Jair Bolsonaro.