Velejar é preciso
"O navegador é um empreendedor na essência. Uma figura corajosa, que renuncia a convivência em sociedade por meses para desbravar os oceanos"
Publicado em 12 de setembro de 2022 às, 16h13.
A navegação tem chamado minha atenção por sua relevância e mudanças profundas para o conhecimento humano. As embarcações portuguesas deram início a uma série de desdobramentos, além de serem pioneiras na era das Grandes Navegações.
Recentemente, assisti à excelente série, Sem Limites - A História de Fernão de Magalhães, com Rodrigo Santoro. A produção conta a aventura do navegador português no século XVI, pouco tempo depois do desembarque de Pedro Alvares Cabral no Brasil.
Coincidentemente, conheci a arquiteta naval Tâmara Klink, primeira brasileira a cruzar o Oceano Atlântico em um veleiro, e que, aos 25 anos, já se prepara para uma segunda travessia sozinha, que se estenderá por 10 meses, a temperaturas negativas das águas do Ártico.
O navegador é um empreendedor na essência. Uma figura corajosa, que renuncia a convivência em sociedade por meses para desbravar os oceanos. Ele arrisca a própria vida por um sonho, um projeto e uma expedição. Não existe maior comprometimento que esse. Portanto, é muito importante não se deixar abater pelo medo ou projeção dos outros. A arte de se relacionar deve começar em nós mesmos, de maneira introspectiva, entendendo nossas limitações e motivações para que possamos encarar o mundo lá fora. Afinal, tempestades serão inúmeras e os riscos incalculáveis, mas como diz o ditado, “mares calmos não fazem bons marinheiros”. A receita para o sucesso é semelhante ao processo de expedição de um navegador, que exige muito preparo e disciplina.
Assim, na verdade, é a nossa vida, pois o mar é enorme e nós, navegadores, estamos de passagem, com a missão de aprender e desfrutar dessa travessia.