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Perder é inevitável. Ficar no chão, não

Fracassos podem ser um peso ou um impulso, e a escolha está nas suas mãos

 (Prasit Photo/Getty Images)

(Prasit Photo/Getty Images)

Martha Leonardis
Martha Leonardis

Sócia do BTG Pactual

Publicado em 12 de março de 2025 às 14h15.

Perder machuca. É uma sensação amarga, muitas vezes difícil de processar, especialmente quando envolve grandes expectativas, seja as nossas e as dos outros.

Um exemplo disso é a Fernanda Torres. Ela foi indicada ao Oscar, o Brasil inteiro sentiu aquele frio na barriga junto com ela, a expectativa era enorme, não só dela, mas de um país inteiro que torcia para ver sua vitória. Mas, na hora H, o prêmio foi para outra.

Foi uma derrota? No papel, sim. Mas na realidade, Fernanda entrou para uma lista seleta de artistas reconhecidos pela Academia, marcou seu nome na história e inspirou gerações.

Ainda assim, a perda pesa, porque perder não é só sobre o que deixamos de ganhar, mas sobre tudo o que projetamos naquela conquista.

E a gente projeta muito. No trabalho, nos relacionamentos, nos sonhos que alimentamos por anos.

Quem nunca investiu tudo em algo, seja tempo, energia, dedicação e viu tudo desmoronar?

O contrato que escapa por pouco. A promoção que não vem. O projeto que parecia promissor e desmorona. Um amor que não deu certo.

E então vem aquela pergunta: o que fazer depois disso? Como não deixar a frustração virar um buraco sem saída?

A verdade é que a perda sempre coloca você diante de três caminhos:

O poço: onde a gente se afunda na autocrítica, na culpa e na imobilidade. O peso do fracasso é tanto que paralisa. Ficamos remoendo o que deu errado, nos culpando, tentando entender onde falhamos. Só que, muitas vezes, ficamos presos nisso por tempo demais.

O plateau: um estado de inércia, onde seguimos em frente, mas sem energia, sem aprendizado, apenas esperando que o tempo cure. Você não se afunda, mas também não cresce. É aquela sensação de estar no piloto automático, sem motivação para tentar de novo.

A alavanca: quando decidimos transformar a perda em lição e usá-la como trampolim para o próximo passo. Aqui, a dor vira impulso, o erro vira aprendizado e o tombo vira força.

Grandes líderes, empreendedores e inovadores sabem que o verdadeiro crescimento raramente vem das vitórias fáceis. Ele nasce nas quedas, nos erros, nas frustrações que, quando bem processadas, viram combustível para algo maior.

Mas o que separa os que avançam dos que ficam para trás?

Não é sorte, não é talento, não é só esforço. É a forma como lidam com as perdas.

Os que se levantam mais fortes entendem que toda derrota carrega uma lição. Eles analisam, ajustam a rota e seguem em frente, ainda mais preparados. Sabem que perder faz parte do jogo, mas permanecer no chão é opcional.

E sabe o mais curioso? Quando você olha para trás, muitas das suas maiores perdas podem ter sido exatamente o que você precisava para chegar aonde está hoje.

Aquela oportunidade que não deu certo abriu espaço para algo muito melhor. Aquela porta fechada te empurrou para um caminho que fez muito mais sentido.

A dor da perda nunca vai embora completamente, mas ela pode ser ressignificada. Pode ser o peso que te puxa para baixo ou o impulso que te joga para frente.

Então, e agora? O que você vai fazer com suas perdas?

Seja qual for a resposta, só existe um caminho para seguir em frente: não deixar que a perda defina você.

Aprenda, ajuste, se fortaleça e continue. Porque perder, todo mundo perde. Mas só alguns transformam isso em vitória.

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