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O verdadeiro poder das mulheres: liderança, vulnerabilidade e a arte de se relacionar

O mundo evoluiu, lentamente, é verdade, e os homens ao redor desses líderes também tiveram que evoluir

Celebridades como Michelle Obama vêm falando sobre suas experiências e uma safra crescente de startups lideradas por mulheres está trabalhando para se livrar do tabu da menopausa (DNCC/Getty Images)

Celebridades como Michelle Obama vêm falando sobre suas experiências e uma safra crescente de startups lideradas por mulheres está trabalhando para se livrar do tabu da menopausa (DNCC/Getty Images)

Martha Leonardis
Martha Leonardis

CEO e founder NewCo, boutique de Networking internacional

Publicado em 3 de dezembro de 2025 às 21h53.

Ao longo da história, mulheres que ousaram ocupar posições de poder precisaram fazer mais do que liderar: precisaram provar, diariamente, que pertenciam a espaços que não foram criados para elas. Cada uma, à sua maneira, redefiniu não apenas o que é autoridade, mas o que é relacionamento humano dentro do poder.

Entre as que mais me inspiram, três nomes se destacam: Sandra Day O’Connor, Margaret Thatcher e Michelle Obama. Distantes no estilo, mas próximas no impacto, elas revelam o que significa exercer liderança num mundo que, por muito tempo, duvidou da capacidade feminina.

Sandra Day O’Connor, primeira mulher da Suprema Corte dos EUA, sempre fez questão de ressaltar que sua força vinha da consistência intelectual, não do gênero. “The power I exert on the court depends on the power of my arguments, not on my gender”, disse. Sua presença desarmou resistências e mostrou que a solidez técnica é uma forma poderosa de relacionamento, uma que conquista respeito sem pedir licença.

Margaret Thatcher seguiu caminho oposto: firme, frontal, inegavelmente contundente. Foi a líder que muitos homens temiam, mas não ignoravam. Sua famosa frase, “If you want something said, ask a man; if you want something done, ask a woman”, sintetiza a relação tensa, porém transformadora, entre uma mulher decidida e um ambiente político majoritariamente masculino. Por trás da Dama de Ferro, porém, havia vulnerabilidade. Uma que ela raramente expôs, mas que lhe cobrava preço alto.

Michelle Obama representa uma nova geração de poder: um poder que não exige dureza para existir. Sua liderança nasce da autenticidade e da capacidade de humanizar o debate público. “When they go low, we go high” tornou-se mais do que uma frase; virou um método de convivência, de enfrentamento e, principalmente, de influência. Michelle mostra que vulnerabilidade não diminui autoridade, ela a aprofunda.

Essas três trajetórias revelam algo essencial: a vulnerabilidade é, paradoxalmente, o verdadeiro poder. Não aquela que se confunde com fragilidade, mas a que nasce da consciência de si, da coragem de ocupar espaços inéditos e da habilidade de transformar incerteza em ponte com o outro.

O mundo evoluiu, lentamente, é verdade, e os homens ao redor desses líderes também tiveram que evoluir. Alguns resistiram, outros aprenderam, mas todos, de alguma forma, foram obrigados a ampliar seu entendimento de liderança. Porque o poder, quando exercido com humanidade, não intimida: inspira.

Sandra, Margaret e Michelle mostram que a arte de se relacionar não é uma habilidade periférica da liderança. É, na verdade, seu coração. E é nela que o poder feminino, com toda sua força e vulnerabilidade, encontra sua expressão mais transformadora.