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A era dos excessos

A chamada era dos excessos é um fenômeno que ganhou amplitude com o advento da internet

(Divulgação/Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 30 de novembro de 2022 às 15h11.

Última atualização em 30 de novembro de 2022 às 15h18.

A cultura do consumo, que ganhou elevada projeção desde o início do capitalismo industrial, no século passado, modificou a maneira como nos relacionamos como indivíduos e na gestão dos nossos bens materiais. A chamada “era dos excessos” é um fenômeno que ganhou amplitude com o advento da internet e, principalmente, sites de compras online e redes sociais.

O filósofo Zygmunt Bauman retratou isso muito bem em sua obra Modernidade Líquida, mostrando como nossas relações se abalaram, de forma inigualável, com o fim da Modernidade Sólida, caracterizada pela importância, rigidez e solidificação dos relacionamentos. Em sua obra ele cita o termo “conexão” para descrever as relações atuais e como a humanidade está preocupada em acumular um número cada vez maior de conexões, sejam elas na forma de muitos amigos, parceiros ou colegas de trabalho.

As redes sociais são outro reflexo disso, quanto mais followers ou amigos uma pessoa tem, mais requisitada ela se torna. Com isso, criamos relações superficiais. Bauman caracteriza os relacionamentos da Modernidade Líquida, que vivemos agora, como uma busca por prazer a qualquer custo, mesmo se for preciso tornar o sujeito em objeto.

Nesse contexto, esse ano vivemos três grandes eventos, que mostram o impacto da mudança na forma como nos relacionamos em sociedade, na era dos excessos. A Black Friday é um exemplo e traz à tona a cultura do consumo e senso de urgência, em que as pessoas se sentem fortemente motivadas a consumir, com receio de perder uma grande oportunidade de compra. Esse efeito gera grande movimentação econômica, é evidente, porém coloca em questionamento se, de fato, estamos comprando por necessidade ou apenas por um movimento da sociedade.

Ainda em 2022, outros dois eventos me fizeram refletir sobre excessos e consumo, dessa vez, de informação e conteúdo. Me refiro às eleições no Brasil e à Copa do Mundo no Qatar. O que vimos, nesses dois casos, foi uma sociedade tomada pela emoção em excesso, potencializada pelas redes sociais. Os recordes de citações nas diversas mídias geraram discussões afloradas, que trouxeram impactos irreversíveis em algumas relações. Afinal, foi comum ouvir de alguns que tiveram discussões com familiares, amigos e, até mesmo, com colegas de trabalho.

Na minha série A Arte de Se Relacionar, tenho falado bastante sobre a qualidade das relações e como fortalecer vínculos. Aspectos primários como respeito, tolerância e equilíbrio ainda são ativos fundamentais para a construção de uma rede de relacionamentos sólida. Não se deixar levar pelo fanatismo e pela emoção, que são também fatores da personalidade humana e que precisam ser dosados para que possamos viver com mais leveza em uma sociedade que está, cada vez mais, em busca de equilíbrio para que não sejamos todos reféns dessa era de excessos.

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O filósofo Zygmunt Bauman retratou isso muito bem em sua obra Modernidade Líquida, mostrando como nossas relações se abalaram, de forma inigualável, com o fim da Modernidade Sólida, caracterizada pela importância, rigidez e solidificação dos relacionamentos. Em sua obra ele cita o termo “conexão” para descrever as relações atuais e como a humanidade está preocupada em acumular um número cada vez maior de conexões, sejam elas na forma de muitos amigos, parceiros ou colegas de trabalho.

As redes sociais são outro reflexo disso, quanto mais followers ou amigos uma pessoa tem, mais requisitada ela se torna. Com isso, criamos relações superficiais. Bauman caracteriza os relacionamentos da Modernidade Líquida, que vivemos agora, como uma busca por prazer a qualquer custo, mesmo se for preciso tornar o sujeito em objeto.

Nesse contexto, esse ano vivemos três grandes eventos, que mostram o impacto da mudança na forma como nos relacionamos em sociedade, na era dos excessos. A Black Friday é um exemplo e traz à tona a cultura do consumo e senso de urgência, em que as pessoas se sentem fortemente motivadas a consumir, com receio de perder uma grande oportunidade de compra. Esse efeito gera grande movimentação econômica, é evidente, porém coloca em questionamento se, de fato, estamos comprando por necessidade ou apenas por um movimento da sociedade.

Ainda em 2022, outros dois eventos me fizeram refletir sobre excessos e consumo, dessa vez, de informação e conteúdo. Me refiro às eleições no Brasil e à Copa do Mundo no Qatar. O que vimos, nesses dois casos, foi uma sociedade tomada pela emoção em excesso, potencializada pelas redes sociais. Os recordes de citações nas diversas mídias geraram discussões afloradas, que trouxeram impactos irreversíveis em algumas relações. Afinal, foi comum ouvir de alguns que tiveram discussões com familiares, amigos e, até mesmo, com colegas de trabalho.

Na minha série A Arte de Se Relacionar, tenho falado bastante sobre a qualidade das relações e como fortalecer vínculos. Aspectos primários como respeito, tolerância e equilíbrio ainda são ativos fundamentais para a construção de uma rede de relacionamentos sólida. Não se deixar levar pelo fanatismo e pela emoção, que são também fatores da personalidade humana e que precisam ser dosados para que possamos viver com mais leveza em uma sociedade que está, cada vez mais, em busca de equilíbrio para que não sejamos todos reféns dessa era de excessos.

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