Um visão geral das eleições de 2018
O Brasil vai precisar de alguma ajuda da sorte para eleger um governo que complete a transição da era Lula-petismo para algo minimamente razoável
Da Redação
Publicado em 8 de dezembro de 2017 às 19h06.
Última atualização em 8 de dezembro de 2017 às 19h53.
Com a consolidação das expectativas sobre a economia em 2018, principalmente a partir da divulgação pelo IBGE dos números do PIB no terceiro trimestre deste ano, o desafio dos analistas agora será o de construir um cenário realista para a eleição presidencial de 2018. A definição do perfil ideológico do próximo presidente será condição necessária para projetarmos o comportamento da economia para os próximos anos, pois a recuperação cíclica que estamos vivendo terá folego curto sem uma ancoragem estrutural de longo prazo.
Entro, portanto, em um terreno fora de minha especialização profissional e a reflexão inicial que faço hoje está centrada em minha experiência pessoal no acompanhamento das questões eleitorais do passado. Afinal, vivenciei a partir do mercado financeiro , sete eleições presidências em que os resultados exerceram influência direta sobre nossa economia nos anos que se seguiram. Embarco, assim, numa lembrança rápida do perfil de cada um desses processos eleitorais para, depois, analisar o contexto do pleito de 2018, as questões ainda em aberto (e que podem mudar a qualquer momento), e as conclusões possíveis no momento.
1. Perfil das eleições presidenciais no regime democrático
– Eleição 1989
O conflito era ideológico entre esquerda e direita, em um cenário econômico de crise grave;
– Eleição 1994
Domínio do sucesso do Plano Real e da estabilização da inflação
– Eleição 1998
Ainda o domínio da estabilidade da economia
– Eleição 2002
Economia em deterioração e cansaço do PSDB; o aparecimento do Lulinha Paz e Amor deslocando a questão do risco PT do centro das expectativas
– Eleição 2006
Economia em clara melhora versus rejeição Lula no Sudeste
– Eleição 2010
Pura economia (euforia de consumo)
– Eleição 2014
Economia já apresentando problemas e o início do desgaste do PT, mas ainda sob influência da euforia dos anos Lula, principalmente no Nordeste e em Minas Gerais
2. Condições de contorno
Um primeiro olhar para as eleições do próximo ano precisa levar em conta as condições de contorno em que elas serão realizadas. Listo abaixo as que penso serem as mais importantes a partir da definição dos candidatos oficiais registrados no Tribunal Superior Eleitoral.
– Predominância do assunto corrupção no sistema político brasileiro na definição do voto de pelo menos dois terços dos eleitores;
– Lula, mesmo sob ataque de novas condenações continua capturando de forma estável pelo menos 35 % das intenções de votos e deve manter este número até o primeiro turno;
– Isto sendo verdade, será muito difícil o aparecimento de outros candidatos competitivos na esquerda;
– Em função de sua rejeição elevada dificilmente Lula sairia vencedor no segundo turno;
– A influência dos grandes partidos nas eleições deve reduzir-se, mas até que ponto?
– Escassez de financiamento das campanhas e a importância do horário eleitoral gratuito no conhecimento dos candidatos e de seus programas;
– A falta ainda de uma clara liderança ao centro;
– Redes sociais: que impacto terão na escolha pelo eleitor não compromissado com Lula?
– Economia se recuperando com taxas crescentes, podendo chegar a 4% ao ano no terceiro trimestre de 2018;
3. Os próximos meses
Até a definição do quadro oficial dos candidatos a partir dos registros no TSE (a escolha do partido tem que ser feita até abril, e o registro de candidatura até agosto) algumas dúvidas que existem hoje vão marcar o noticiário político. A principais me parecem ser:
– Que nomes continuarão no jogo? Hoje temos: Alckmin, Lula, Bolsonaro, Doria, Meirelles, Ciro Gomes, Marina, Joaquim Barbosa, Álvaro Dias, Amoedo, Rabello de Castro.
– Como o aparecimento de uma candidatura única de centro desidrata Jair Bolsonaro?
– O caminho judiciário resolverá a questão Lula a tempo?
– O Centro consegue gerar uma convergência? Vetores Lula e Bolsonaro podem ajudar pois assustam os líderes de partido e lideranças econômicas na busca de um candidato de centro.
– Existe o risco de surgir um novo outsider?
– Como será resolvido o conflito ética/ bolso nas camadas econômicas de renda e educação mais altas?
– O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, vai conseguir bons resultados nas pesquisas de janeiro a março e, com isso, conseguir atrair o DEM e o PMDB?
4. Conclusões
– Como nas eleições anteriores, ainda é cedo para afirmações categóricas
– O horário eleitoral gratuito em uma eleição sem recursos vai ser importante numa eleição sem recursos
– Lula congela a esquerda e evita o aparecimento de outros candidatos
– A agenda econômica está posta: resolver a questão fiscal
– O Brasil vai precisar de alguma ajuda da sorte para eleger um governo que complete a transição da era Lula-petismo para algo minimamente razoável
Com a consolidação das expectativas sobre a economia em 2018, principalmente a partir da divulgação pelo IBGE dos números do PIB no terceiro trimestre deste ano, o desafio dos analistas agora será o de construir um cenário realista para a eleição presidencial de 2018. A definição do perfil ideológico do próximo presidente será condição necessária para projetarmos o comportamento da economia para os próximos anos, pois a recuperação cíclica que estamos vivendo terá folego curto sem uma ancoragem estrutural de longo prazo.
Entro, portanto, em um terreno fora de minha especialização profissional e a reflexão inicial que faço hoje está centrada em minha experiência pessoal no acompanhamento das questões eleitorais do passado. Afinal, vivenciei a partir do mercado financeiro , sete eleições presidências em que os resultados exerceram influência direta sobre nossa economia nos anos que se seguiram. Embarco, assim, numa lembrança rápida do perfil de cada um desses processos eleitorais para, depois, analisar o contexto do pleito de 2018, as questões ainda em aberto (e que podem mudar a qualquer momento), e as conclusões possíveis no momento.
1. Perfil das eleições presidenciais no regime democrático
– Eleição 1989
O conflito era ideológico entre esquerda e direita, em um cenário econômico de crise grave;
– Eleição 1994
Domínio do sucesso do Plano Real e da estabilização da inflação
– Eleição 1998
Ainda o domínio da estabilidade da economia
– Eleição 2002
Economia em deterioração e cansaço do PSDB; o aparecimento do Lulinha Paz e Amor deslocando a questão do risco PT do centro das expectativas
– Eleição 2006
Economia em clara melhora versus rejeição Lula no Sudeste
– Eleição 2010
Pura economia (euforia de consumo)
– Eleição 2014
Economia já apresentando problemas e o início do desgaste do PT, mas ainda sob influência da euforia dos anos Lula, principalmente no Nordeste e em Minas Gerais
2. Condições de contorno
Um primeiro olhar para as eleições do próximo ano precisa levar em conta as condições de contorno em que elas serão realizadas. Listo abaixo as que penso serem as mais importantes a partir da definição dos candidatos oficiais registrados no Tribunal Superior Eleitoral.
– Predominância do assunto corrupção no sistema político brasileiro na definição do voto de pelo menos dois terços dos eleitores;
– Lula, mesmo sob ataque de novas condenações continua capturando de forma estável pelo menos 35 % das intenções de votos e deve manter este número até o primeiro turno;
– Isto sendo verdade, será muito difícil o aparecimento de outros candidatos competitivos na esquerda;
– Em função de sua rejeição elevada dificilmente Lula sairia vencedor no segundo turno;
– A influência dos grandes partidos nas eleições deve reduzir-se, mas até que ponto?
– Escassez de financiamento das campanhas e a importância do horário eleitoral gratuito no conhecimento dos candidatos e de seus programas;
– A falta ainda de uma clara liderança ao centro;
– Redes sociais: que impacto terão na escolha pelo eleitor não compromissado com Lula?
– Economia se recuperando com taxas crescentes, podendo chegar a 4% ao ano no terceiro trimestre de 2018;
3. Os próximos meses
Até a definição do quadro oficial dos candidatos a partir dos registros no TSE (a escolha do partido tem que ser feita até abril, e o registro de candidatura até agosto) algumas dúvidas que existem hoje vão marcar o noticiário político. A principais me parecem ser:
– Que nomes continuarão no jogo? Hoje temos: Alckmin, Lula, Bolsonaro, Doria, Meirelles, Ciro Gomes, Marina, Joaquim Barbosa, Álvaro Dias, Amoedo, Rabello de Castro.
– Como o aparecimento de uma candidatura única de centro desidrata Jair Bolsonaro?
– O caminho judiciário resolverá a questão Lula a tempo?
– O Centro consegue gerar uma convergência? Vetores Lula e Bolsonaro podem ajudar pois assustam os líderes de partido e lideranças econômicas na busca de um candidato de centro.
– Existe o risco de surgir um novo outsider?
– Como será resolvido o conflito ética/ bolso nas camadas econômicas de renda e educação mais altas?
– O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, vai conseguir bons resultados nas pesquisas de janeiro a março e, com isso, conseguir atrair o DEM e o PMDB?
4. Conclusões
– Como nas eleições anteriores, ainda é cedo para afirmações categóricas
– O horário eleitoral gratuito em uma eleição sem recursos vai ser importante numa eleição sem recursos
– Lula congela a esquerda e evita o aparecimento de outros candidatos
– A agenda econômica está posta: resolver a questão fiscal
– O Brasil vai precisar de alguma ajuda da sorte para eleger um governo que complete a transição da era Lula-petismo para algo minimamente razoável