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Outubro 2018: a próxima estação do trem Brasil

Proponho ao leitor de EXAME refletir sobre o futuro usando uma metodologia que sigo há bastante tempo com um certo sucesso

ELEIÇÕES: olhos se voltam para a votação do ano que vem / Mario Tama | Getty Images
ELEIÇÕES: olhos se voltam para a votação do ano que vem / Mario Tama | Getty Images
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Luiz Carlos Mendonça de Barros

Publicado em 30 de outubro de 2017 às, 12h41.

Última atualização em 31 de outubro de 2017 às, 11h15.

Sempre proponho ao leitor de EXAME refletir sobre o futuro usando uma metodologia que sigo há bastante tempo com um certo sucesso. Para tal, deixe de lado a mídia tradicional e faça uma colagem própria dos eventos que ocorrem seguindo um cenário previamente escolhido como o mais provável. Nesta colagem fica de fora o que é chamado pelos teóricos das previsões econômicas e políticas de RUÍDOS. RUÍDOS são eventos que muitas vezes compõem as manchetes da mídia e que não importam para a avaliação do futuro que queremos acompanhar.

Dou um exemplo de ruídos que se transformaram em manchetes por vários dias. Citado como um elemento fundamental para projetar o futuro do governo Temer no Congresso, a menor diferença de votos na rejeição pela Câmara dos Deputados da segunda denúncia da PGR, na minha opinião foi apenas um ruído barulhento.

E por que afirmo isso? Porque, depois de uma campanha diária e por mais de dois meses no Jornal Nacional e nos telejornais da Globo News de desconstrução do governo Temer, uma diferença de seis votos entre uma denúncia e outra foi uma vitória, e não uma derrota. Até porque um bom número de deputados que haviam apoiado o governo simplesmente não apareceu para votar na semana passada, com medo da imprensa.

Por outro lado, as notícias e análises sobre a retomada da economia, que faz parte importante do meu arcabouço analítico sobre as eleições do próximo ano, se transformaram apenas em ruídos, principalmente na visão da citada Rede Globo. Outros analistas, apesar de mais atentos à mudança de ventos na economia, ainda assim defendem a tese – oposta à minha – de que a melhora da economia terá pouco efeito na escolha pela sociedade do novo presidente da República.

Neste ponto temos uma diferença estatística fundamental, pois estimo que o crescimento da economia vai acelerar e chegar a mais de 4% ao ano na vizinhança das eleições, cenário não previsto pela maioria dos analistas políticos que desqualificam a importância da economia nas eleições. Aqui temos uma questão fundamental para olhar para 2018 e certamente arrisco minha reputação ao construir meu cenário.

Tenho como premissa básica que a melhora da economia vai ajudar muito um candidato que, embora com o carimbo de um político tradicional, mostre como saímos do abismo criado pelos governos do PT e defenda a continuidade da gestão atual da economia. Para outros analistas, os efeitos da Lava Jato sobre o eleitor serão dominantes na eleição; e a descrença com o governo Temer e os políticos tradicionais vai eclipsar os sentimentos de maior bem-estar econômico da sociedade.

O que nos divide em relação aos efeitos da economia sobre o a maioria do eleitorado é certamente uma questão nova e que precisa ser testada na prática: o conflito entre o bem-estar econômico e a revolta moral da sociedade em função da corrupção sistêmica que tomou conta do sistema político. Confesso que sou mais cínico em relação a ela, principalmente no que se relaciona à classe média e aos habitantes das regiões que terão uma recuperação mais homogênea.

Mas meu banco de dados do passado – que me leva a ter esse entendimento – não está influenciado pelos escândalos de corrupção que vivemos há mais de dois anos – e, portanto, posso estar errado na minha avaliação.