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Precisa-se de Designer de Biomimética e Técnicos em Turbinas Eólicas

A Nova Economia pode gerar 18 milhões de novos empregos. Quais são as ocupações mais demandadas para que esta revolução saia do papel?

Turbinas eólicas em uma fazenda no Reino Unido: com energias renováveis e bioeconomia, o futuro pode ser mais sustentável (Maria Wachala/Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 2 de setembro de 2021 às 12h33.

Luciana Antonini Ribeiro

O futuro parece pertencer a uma nova classe de profissionais dedicada a trazer soluções reais desustentabilidade para o cotidiano. Profissões inusitadas como designer de biomimética, cientista alimentar, analista de ciclo de vida, minerador de aterros, entre outras, são as que podem representar grande demanda em um futuro não tão longínquo.

Documento da OIT (Organização Internacional do Trabalho) intitulado Climate Change and Jobs - Mudanças Climáticas e o Trabalho refere que a transição para a Economia de Baixo Carbono irá, assim como a transição tecnológica, eliminar ou substituir postos de trabalho. Simultaneamente, criará também novas ocupações. A organização estima o surgimento de 18 milhões de empregos verdes até 2030, sendo que 6 milhões virão diretamente da Economia Circular. Mas sabemos muito bem que não basta surgirem empregos – precisamos de pessoas qualificadas para ocupar estas posições para que de fato um novo ciclo virtuoso de país possa florescer. E aqui o potencial é imenso.

Vejamos o tema da Economia Circular. Hoje as empresas, de forma geral, estão sendo cobradas pelo regulador, investidores e consumidores a apresentar soluções para o reuso de seus produtos e adoção da reciclagem. A economia dita linear, na qual se compra, usa e descarta o produto ou embalagem não é mais aceitável. Tornou-se urgente garantir, pelo design do produto ou da cadeia, que não haja mais desperdício.

Em relatório recente intitulado Effects of the Circular Economy on Jobs, o International Institute for Sustainable Development (IISD) traz um ranking do que se estima serem as profissões e setores com maior procura até 2030, considerando um cenário de aumento na reciclagem anual de 5%, em substituição à extração direta de novos materiais. E compara essas ocupações emergentes com outras atividades em declínio.

O Relatório aponta, por exemplo, que a indústria de produção de energia a partir de carvão deverá sofrer uma das maiores reduções no número de vagas, em torno de 0,9%.  Mesmo índice associado ao setor de extração de petróleo bruto. Por outro lado, o setor dedicado ao reprocessamento de chumbo secundário (oriundo de baterias, tubos e chapas) deve gerar o maior número de vagas do próximo ciclo produtivo. O crescimento será de 15% nos próximos dez anos. Aliás, os setores de reprocessamento de metais, no geral, devem seguir esse crescimento.

O crescimento da economia circular se dá porque está mais do que claro que o caminho é de utilizar cada vez menos matéria-prima virgem e focar em inovação para reaproveitar o que já está em uso e retornar o material ao processo produtivo. É uma mudança de visão nas empresas, essencial para a economia verde. Mas, para que esta visão se transforme em vida real, serão necessários profissionais capazes de implementar as mudanças de processo e mesmo de estratégia das empresas. E o tema da economia circular é apenas um dos campos vinculados à economia verde – que envolve inovação nos mais diversos setores, da transição energética à construção de cidades inteligentes, a novos modelos de produção agrícola.

Para cada desafio, precisaremos de pessoas com “habilidades verdes”, as chamadas Green Skills. Definidas como “conhecimento, habilidades, valores e atitudes necessárias para desenvolver e apoiar uma sociedade sustentável e eficiente em recursos” (Cedefop – Centro Europeu para o Desenvolvimento do Treinamento Vocacional).

Algumas dessas habilidades são consideradas gerais, porque se aplicam a construir processos ambientalmente responsáveis em diferentes setores. Alguns exemplos são a quantificação e monitoramento de recursos (de água, energia e resíduos); a quantificação do uso de materiais e seus impactos; gestão de risco e a própria avaliação de impacto dos negócios. E obviamente a qualificação para a transição verde precisa contemplar ainda as habilidades específicas por setor ou empresa, e também os aspectos cognitivos, interpessoais, de autoliderança e digitais.

Talvez o elemento mais relevante desta transição verde seja garantir, ao fim e ao cabo, a possibilidade de que empresas e pessoas se adaptem. Nesta linha, a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), em seu relatório sobre Greener Skills and Jobs, refere a necessidade que trabalhadores possam migrar de setores afetados diretamente pelo desemprego para indústrias que se movam em direção à economia verde. O ESG não trata apenas do tema ambiental – fala também do tema social. E, portanto, a transição para uma economia de baixo carbono deve proteger não apenas o meio ambiente, mas também as pessoas. Felizmente, aos poucos países trazem esta questão como central e contemplam nas políticas ambientais o desenvolvimento de habilidades para a transição verde. Mas o caminho ainda é longo.  A OIT, em relatório intitulado Greening with Jobs, com base nas respostas de 27 países, mostra que ainda há grande dissonância entre as novas habilidades demandadas e as hoje oferecidas. E o risco se repete de termos, mais uma vez, vagas disponíveis sem pessoas habilitadas a exercê-las.

Qual conselho você daria a um jovem que começa a explorar onde trabalhar nos próximos anos? No clássico “A primeira noite de um homem”, de 1967, o recém-formado Ben, personagem de Dustin Hoffman, ouve o conselho de um amigo dos seus pais, na festa de formatura: “Há um grande futuro em plásticos”. Quase 55 anos depois, talvez a resposta seja diferente. Provavelmente, há um grande futuro em plásticos, mas na sua reciclagem e reuso. Há um futuro em desenhar linhas de circulação de pedestres e carros para as cidades inteligentes. E um futuro em serviços de turbinas eólicas – pesquisas apontam que haverá um crescimento de quase 60% de profissionais demandados neste setor até 2029 nos Estados Unidos. O relatório mais recente do IPCC (The Intergovernmental Panel on Climate Change) traz claramente por que é urgente focarmos na transição para uma economia de baixo carbono, ao expor a conexão direta entre a queima de combustíveis fósseis às enchentes, incêndios e ondas de calor no verão de 2021, no Hemisfério Norte. Se quisermos seguir como planeta, vamos precisar urgentemente acelerar essa transição. E vamos precisar de pessoas para trabalhar.

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Luciana Antonini Ribeiro

O futuro parece pertencer a uma nova classe de profissionais dedicada a trazer soluções reais desustentabilidade para o cotidiano. Profissões inusitadas como designer de biomimética, cientista alimentar, analista de ciclo de vida, minerador de aterros, entre outras, são as que podem representar grande demanda em um futuro não tão longínquo.

Documento da OIT (Organização Internacional do Trabalho) intitulado Climate Change and Jobs - Mudanças Climáticas e o Trabalho refere que a transição para a Economia de Baixo Carbono irá, assim como a transição tecnológica, eliminar ou substituir postos de trabalho. Simultaneamente, criará também novas ocupações. A organização estima o surgimento de 18 milhões de empregos verdes até 2030, sendo que 6 milhões virão diretamente da Economia Circular. Mas sabemos muito bem que não basta surgirem empregos – precisamos de pessoas qualificadas para ocupar estas posições para que de fato um novo ciclo virtuoso de país possa florescer. E aqui o potencial é imenso.

Vejamos o tema da Economia Circular. Hoje as empresas, de forma geral, estão sendo cobradas pelo regulador, investidores e consumidores a apresentar soluções para o reuso de seus produtos e adoção da reciclagem. A economia dita linear, na qual se compra, usa e descarta o produto ou embalagem não é mais aceitável. Tornou-se urgente garantir, pelo design do produto ou da cadeia, que não haja mais desperdício.

Em relatório recente intitulado Effects of the Circular Economy on Jobs, o International Institute for Sustainable Development (IISD) traz um ranking do que se estima serem as profissões e setores com maior procura até 2030, considerando um cenário de aumento na reciclagem anual de 5%, em substituição à extração direta de novos materiais. E compara essas ocupações emergentes com outras atividades em declínio.

O Relatório aponta, por exemplo, que a indústria de produção de energia a partir de carvão deverá sofrer uma das maiores reduções no número de vagas, em torno de 0,9%.  Mesmo índice associado ao setor de extração de petróleo bruto. Por outro lado, o setor dedicado ao reprocessamento de chumbo secundário (oriundo de baterias, tubos e chapas) deve gerar o maior número de vagas do próximo ciclo produtivo. O crescimento será de 15% nos próximos dez anos. Aliás, os setores de reprocessamento de metais, no geral, devem seguir esse crescimento.

O crescimento da economia circular se dá porque está mais do que claro que o caminho é de utilizar cada vez menos matéria-prima virgem e focar em inovação para reaproveitar o que já está em uso e retornar o material ao processo produtivo. É uma mudança de visão nas empresas, essencial para a economia verde. Mas, para que esta visão se transforme em vida real, serão necessários profissionais capazes de implementar as mudanças de processo e mesmo de estratégia das empresas. E o tema da economia circular é apenas um dos campos vinculados à economia verde – que envolve inovação nos mais diversos setores, da transição energética à construção de cidades inteligentes, a novos modelos de produção agrícola.

Para cada desafio, precisaremos de pessoas com “habilidades verdes”, as chamadas Green Skills. Definidas como “conhecimento, habilidades, valores e atitudes necessárias para desenvolver e apoiar uma sociedade sustentável e eficiente em recursos” (Cedefop – Centro Europeu para o Desenvolvimento do Treinamento Vocacional).

Algumas dessas habilidades são consideradas gerais, porque se aplicam a construir processos ambientalmente responsáveis em diferentes setores. Alguns exemplos são a quantificação e monitoramento de recursos (de água, energia e resíduos); a quantificação do uso de materiais e seus impactos; gestão de risco e a própria avaliação de impacto dos negócios. E obviamente a qualificação para a transição verde precisa contemplar ainda as habilidades específicas por setor ou empresa, e também os aspectos cognitivos, interpessoais, de autoliderança e digitais.

Talvez o elemento mais relevante desta transição verde seja garantir, ao fim e ao cabo, a possibilidade de que empresas e pessoas se adaptem. Nesta linha, a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), em seu relatório sobre Greener Skills and Jobs, refere a necessidade que trabalhadores possam migrar de setores afetados diretamente pelo desemprego para indústrias que se movam em direção à economia verde. O ESG não trata apenas do tema ambiental – fala também do tema social. E, portanto, a transição para uma economia de baixo carbono deve proteger não apenas o meio ambiente, mas também as pessoas. Felizmente, aos poucos países trazem esta questão como central e contemplam nas políticas ambientais o desenvolvimento de habilidades para a transição verde. Mas o caminho ainda é longo.  A OIT, em relatório intitulado Greening with Jobs, com base nas respostas de 27 países, mostra que ainda há grande dissonância entre as novas habilidades demandadas e as hoje oferecidas. E o risco se repete de termos, mais uma vez, vagas disponíveis sem pessoas habilitadas a exercê-las.

Qual conselho você daria a um jovem que começa a explorar onde trabalhar nos próximos anos? No clássico “A primeira noite de um homem”, de 1967, o recém-formado Ben, personagem de Dustin Hoffman, ouve o conselho de um amigo dos seus pais, na festa de formatura: “Há um grande futuro em plásticos”. Quase 55 anos depois, talvez a resposta seja diferente. Provavelmente, há um grande futuro em plásticos, mas na sua reciclagem e reuso. Há um futuro em desenhar linhas de circulação de pedestres e carros para as cidades inteligentes. E um futuro em serviços de turbinas eólicas – pesquisas apontam que haverá um crescimento de quase 60% de profissionais demandados neste setor até 2029 nos Estados Unidos. O relatório mais recente do IPCC (The Intergovernmental Panel on Climate Change) traz claramente por que é urgente focarmos na transição para uma economia de baixo carbono, ao expor a conexão direta entre a queima de combustíveis fósseis às enchentes, incêndios e ondas de calor no verão de 2021, no Hemisfério Norte. Se quisermos seguir como planeta, vamos precisar urgentemente acelerar essa transição. E vamos precisar de pessoas para trabalhar.

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