Nossos nomes para 2018
Será que Lula se candidata? A resposta a essa pergunta definirá se teremos uma eleição polarizada e extremamente virulenta (em caso positivo) ou uma eleição pulverizada e com alguma chance de debate produtivo (em caso negativo). Para Lula, o pior cenário possível é se candidatar e perder nas urnas. Será a desmoralização total de seu […]
Da Redação
Publicado em 14 de setembro de 2017 às 08h48.
Será que Lula se candidata? A resposta a essa pergunta definirá se teremos uma eleição polarizada e extremamente virulenta (em caso positivo) ou uma eleição pulverizada e com alguma chance de debate produtivo (em caso negativo).
Para Lula, o pior cenário possível é se candidatar e perder nas urnas. Será a desmoralização total de seu projeto e do mito de Filho do Brasil que ele construiu. À derrota se seguirão os processos que pesam sobre sua cabeça, a condenação é provável, e será o enterro definitivo de qualquer pretensão política que ainda reste.
A caravana pelo Nordeste, apesar de todo o esforço de sua equipe de marketing (incluo aí o jornalismo aliado), foi um balde de água fria. A adesão popular espontânea – não de militantes e movimentos – foi muito mais baixa que o esperado. Não existe grande amor pelo Lula nem no Nordeste, ainda que a intenção de voto – talvez por uma memória positiva, talvez por simples recall – ainda pese a seu favor. Se ele achar que há chance alta de perder, escolherá ficar de fora. E lá vêm os processos. Algo da mitologia política será mantido (um homem magnânimo que escolheu passar a tocha a alguém mais jovem), mas sua carreira política provavelmente acaba aí.
Outro lado negativo (para o PT) desse cenário é que a chance de vencer a presidência em 2018 cai muito. Haddad é hoje cotado como o plano B do PT, mas é um político paulistano, com pouco carisma, com dificuldade de conversar com o Brasil mais amplo e com um histórico de derrota avassaladora em sua cidade para João Dória, que provavelmente estará na corrida presidencial.
Ser impedido de concorrer pela Justiça já é um cenário melhor para Lula, pois possibilita jogar a carta do mártir e fazer muito barulho. Se o impedimento se der com a campanha já começada, então, será muito melhor para ele. Seus aliados trabalharão a tese estapafúrdia de que uma eleição sem Lula não é válida, não é verdadeiramente democrática. A pressão sobre o Judiciário (para inventar alguma gambiarra jurídica que o permita voltar) será muito forte. No frigir dos ovos, contudo, acredito que a Justiça prevalecerá. A esquerda não está com essa bola toda em termos de apoio popular para impor uma mudança no curso da instituição que, hoje, é a mais poderosa do Brasil.
Por fim, evidentemente, o melhor cenário para Lula é concorrer e vencer. E aí sim há altas chances de se impor sobre a Justiça, fazer os processos desaparecerem, e governar em guerra constante com todo tipo de oposição, venha de onde vier. Não chegará a ter o poder de um Chavez, mas fará um belo estrago em nossas instituições.
Por enquanto, o cenário mais provável é Lula ser impedido pela Justiça antes da campanha começar. A esquerda perderá essa eleição. Resta saber quem é a alternativa vencedora.
Ao que tudo indica, teremos muitos nomes de centro-direita nestas eleições. São eles João Dionísio Amoedo (NOVO), Paulo Rabello de Castro (PSC), Henrique Meirelles (PSD), João Dória (DEM?) e Geraldo Alckmin (PSDB). Desses, quem vota em um desses provavelmente pode votar em qualquer outro da lista.
Essa pulverização é perigosa, pois enquanto a esquerda tem a garantia de mandar alguém (seja o candidato do PT ou Ciro Gomes), todos eles podem morrer na praia se não conseguirem esvaziar a candidatura de Jair Bolsonaro, na extrema direita, que tem mais de 20% das intenções de voto hoje. Pode ser o caminho dele para o segundo turno. E o voto em Bolsonaro é mais difícil de tirar.
Dos nomes da centro-direita, João Dória inegavelmente larga na frente. É um excelente comunicador, já está em campanha, tem melhor aceitação no Nordeste do que Alckmin, já se firmou como um anti-Lula capaz de disputar os eleitores de Bolsonaro e ainda derrotou Haddad, o provável candidato petista. Contudo, se sua fama de grande gestor se revelar oca e a pressa por queimar etapas e passar por cima de seus antigos aliados danificar sua reputação, pode esvaziar.
O outro nome forte da lista é Geraldo Alckmin, que fez no estado de SP basicamente aquilo que o Brasil precisa: reforma da previdência, ajuste fiscal, investimento privado, melhora na segurança pública. No entanto, fora de SP e Paraná, é difícil convencer o Brasil a votar nele. A memória da derrota na corrida presidencial de 2006 não ajuda. Ainda assim, já é conhecido em todo o país e, conforme a campanha se aproxima, deve crescer, apostando na imagem de seriedade e de resultados concretos para vencer nossa política sempre mais histriônica.
Henrique Meirelles tem o grande mérito de ser um político que fala com todos os lados e que é visto como alguém razoável e que sabe cuidar da economia. Difícil imaginar, contudo, que ele conquiste as massas. Como um nome de união do Brasil, seria interessante.
Paulo Rabello de Castro tem muito menos experiência política e projeção na mídia. Há um quê de vaidade em sua candidatura. Ele até se queimou junto aos liberais, que eram seu nicho original, depois de declarações no BNDES (do qual é presidente) contrárias à TLP – provavelmente já tendo em vista a campanha.
Por fim, João Dionísio é um nome sério que se lançará na política, mas deve servir mais como um palco de divulgação do projeto do NOVO do que como um candidato viável nas urnas. Sem alianças, sem uso do fundo partidário e com tempo de TV diminuto, tem poucas chances.
Acredito que o vencedor sairá dessas opções, embora ainda seja cedo demais para chutar um nome. Se nenhum deles conseguir se firmar como voto útil e ainda tirar uma parcela relevante dos votos de Bolsonaro, já podemos nos preparar para o segundo turno mais desgastante da história do Brasil. Depois dele, quem viver, verá.
Será que Lula se candidata? A resposta a essa pergunta definirá se teremos uma eleição polarizada e extremamente virulenta (em caso positivo) ou uma eleição pulverizada e com alguma chance de debate produtivo (em caso negativo).
Para Lula, o pior cenário possível é se candidatar e perder nas urnas. Será a desmoralização total de seu projeto e do mito de Filho do Brasil que ele construiu. À derrota se seguirão os processos que pesam sobre sua cabeça, a condenação é provável, e será o enterro definitivo de qualquer pretensão política que ainda reste.
A caravana pelo Nordeste, apesar de todo o esforço de sua equipe de marketing (incluo aí o jornalismo aliado), foi um balde de água fria. A adesão popular espontânea – não de militantes e movimentos – foi muito mais baixa que o esperado. Não existe grande amor pelo Lula nem no Nordeste, ainda que a intenção de voto – talvez por uma memória positiva, talvez por simples recall – ainda pese a seu favor. Se ele achar que há chance alta de perder, escolherá ficar de fora. E lá vêm os processos. Algo da mitologia política será mantido (um homem magnânimo que escolheu passar a tocha a alguém mais jovem), mas sua carreira política provavelmente acaba aí.
Outro lado negativo (para o PT) desse cenário é que a chance de vencer a presidência em 2018 cai muito. Haddad é hoje cotado como o plano B do PT, mas é um político paulistano, com pouco carisma, com dificuldade de conversar com o Brasil mais amplo e com um histórico de derrota avassaladora em sua cidade para João Dória, que provavelmente estará na corrida presidencial.
Ser impedido de concorrer pela Justiça já é um cenário melhor para Lula, pois possibilita jogar a carta do mártir e fazer muito barulho. Se o impedimento se der com a campanha já começada, então, será muito melhor para ele. Seus aliados trabalharão a tese estapafúrdia de que uma eleição sem Lula não é válida, não é verdadeiramente democrática. A pressão sobre o Judiciário (para inventar alguma gambiarra jurídica que o permita voltar) será muito forte. No frigir dos ovos, contudo, acredito que a Justiça prevalecerá. A esquerda não está com essa bola toda em termos de apoio popular para impor uma mudança no curso da instituição que, hoje, é a mais poderosa do Brasil.
Por fim, evidentemente, o melhor cenário para Lula é concorrer e vencer. E aí sim há altas chances de se impor sobre a Justiça, fazer os processos desaparecerem, e governar em guerra constante com todo tipo de oposição, venha de onde vier. Não chegará a ter o poder de um Chavez, mas fará um belo estrago em nossas instituições.
Por enquanto, o cenário mais provável é Lula ser impedido pela Justiça antes da campanha começar. A esquerda perderá essa eleição. Resta saber quem é a alternativa vencedora.
Ao que tudo indica, teremos muitos nomes de centro-direita nestas eleições. São eles João Dionísio Amoedo (NOVO), Paulo Rabello de Castro (PSC), Henrique Meirelles (PSD), João Dória (DEM?) e Geraldo Alckmin (PSDB). Desses, quem vota em um desses provavelmente pode votar em qualquer outro da lista.
Essa pulverização é perigosa, pois enquanto a esquerda tem a garantia de mandar alguém (seja o candidato do PT ou Ciro Gomes), todos eles podem morrer na praia se não conseguirem esvaziar a candidatura de Jair Bolsonaro, na extrema direita, que tem mais de 20% das intenções de voto hoje. Pode ser o caminho dele para o segundo turno. E o voto em Bolsonaro é mais difícil de tirar.
Dos nomes da centro-direita, João Dória inegavelmente larga na frente. É um excelente comunicador, já está em campanha, tem melhor aceitação no Nordeste do que Alckmin, já se firmou como um anti-Lula capaz de disputar os eleitores de Bolsonaro e ainda derrotou Haddad, o provável candidato petista. Contudo, se sua fama de grande gestor se revelar oca e a pressa por queimar etapas e passar por cima de seus antigos aliados danificar sua reputação, pode esvaziar.
O outro nome forte da lista é Geraldo Alckmin, que fez no estado de SP basicamente aquilo que o Brasil precisa: reforma da previdência, ajuste fiscal, investimento privado, melhora na segurança pública. No entanto, fora de SP e Paraná, é difícil convencer o Brasil a votar nele. A memória da derrota na corrida presidencial de 2006 não ajuda. Ainda assim, já é conhecido em todo o país e, conforme a campanha se aproxima, deve crescer, apostando na imagem de seriedade e de resultados concretos para vencer nossa política sempre mais histriônica.
Henrique Meirelles tem o grande mérito de ser um político que fala com todos os lados e que é visto como alguém razoável e que sabe cuidar da economia. Difícil imaginar, contudo, que ele conquiste as massas. Como um nome de união do Brasil, seria interessante.
Paulo Rabello de Castro tem muito menos experiência política e projeção na mídia. Há um quê de vaidade em sua candidatura. Ele até se queimou junto aos liberais, que eram seu nicho original, depois de declarações no BNDES (do qual é presidente) contrárias à TLP – provavelmente já tendo em vista a campanha.
Por fim, João Dionísio é um nome sério que se lançará na política, mas deve servir mais como um palco de divulgação do projeto do NOVO do que como um candidato viável nas urnas. Sem alianças, sem uso do fundo partidário e com tempo de TV diminuto, tem poucas chances.
Acredito que o vencedor sairá dessas opções, embora ainda seja cedo demais para chutar um nome. Se nenhum deles conseguir se firmar como voto útil e ainda tirar uma parcela relevante dos votos de Bolsonaro, já podemos nos preparar para o segundo turno mais desgastante da história do Brasil. Depois dele, quem viver, verá.